A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2)

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A profecia que mais claramente parecia revelar o tempo do segundo advento, era a de Daniel 8:14: "Até duas mil a trezentas tardes a manhãs; e o sàntuário será purificado." Seguindo sua regra de fazer as Escrituras o seu próprio intérprete, Miller descobriu que um dia na profecia simbólica representa um ano (Números 14:34; Ezequiel 4:6); viu que o período de 2.300 dias proféticos, ou anos literais, se estenderia muito além do final da dispensação judaica, donde o não poder êle referir-se ao santuário daquela dispensação. Miller aceitou a opinião geralmente acolhida, de que na era cristã a Terra é o santuário, e, portanto, compreendeu que a purificação do sántuário predita em Daniel 8:14 representa a purificação da Terra pelo fogo, à segunda vinda do Messias. Se, pois, se pudesse encontrar o exato ponto de partida para os 2.300 dias, concluiu que se poderia facilmente determinar a ocasião do segundo advento. Assim se revelaria o tempo daquela grande consumação, tempo em que as condições presentes, com "todo o seu orgulho e poder, pompa e vaidade, impiedade e opressão, viriam ao fim"; em que a maldição "se removeria da Terra, a morte seria destruída, dar-se-ia o galardão aos servos de Deus, os profetas e os santos, e aos que temem o Seu nome, e seriam destruídos os que devastam a Terra." - Bliss.

Com um novo e mais profundo fervor, Miller continuou o exame das profecias, dedicando dias e noites inteiras ao estudo do que agora lhe parecia de tão estupenda inaportância e absorvente interêsse. No capítulo oitavo de Daniel êle não pôde achar nenhum fio que guiasse ao ponto de partida dos 2.300 dias; o anjo Gabriel, conquanto tivesse recebido ordem de fazer com que Daniel compreendesse a visão, deu-lhe apenas uma explicação parcial. Quando a terrível perseguição a recair sôbre a igreja foi desvendada à visão do profeta, abandonou-o a fôrça física. Não pôde suportar mais, e o anjo o deixou por algum tempo. Daniel enfraqueceu a estêve enfêrmo alguns dias. "Espantei-me acêrca da visão," diz êle, "e não havia quem a entendesse."

Deus ordenou, contudo, a Seu mensageiro: "Dá a entender a êste a visão." A incumbência devia ser satisfeita. Em obediência a ela, o anjo, algum tempo depois, voltou a Daniel, dizendo: "Agora saí pare fazer-te entender o sentido;" "toma, pois, bem sentido na palavra, e entende a visão." Daniel 9:22 a 23. Havia, na visão do capítulo oito, um ponto importante que tinha sido deixado sem explicação, a saber, o que se refere ao tempo, ou seja, ao período dos 2.300 dias; portanto o anjo, reencetando a explicação, ocupa-se principalmente do assunto do tempo:

"Setenta semanas estão determinadas sôbre o teu povo e sôbra a tua santa cidade. ... Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Principe, sete semanas, e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias, e não será rnais. ... E Êle firmará um concêrto com muitos por uma semana: e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares." Daniel 9:24-27.

O anjo fôra enviado a Daniel com o expresso fim de lhe explicar o ponto que êle tinha deixado de compreender na visão do capítulo oito, a saber, a declaração relativa ao tempo: "Até duas mil a trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Depois de mandar Daniel tomar bem sentido na palavra e entender a visão, as primeiras declarações do anjo foram: "Setenta semanas estão determinadas sôbre o teu povo, a sôbre a tua santa cidade". A palavra aqui traduzida "determinadas" significa literalmente "separadas". Setenta semanas, representando 490 anos, declara o anjo estarem separadas, referindo-se especialmente aos judeus. Mas, separadas de quê? Como os 2.300 dias foram o único período de tempo mencionado no capítulo oito, devem ser o período de que as setenta semanas se separaram; estas devem ser, portanto, uma parte dos 2.300 dias, e os dois períodos devem começar juntamente. Declara o anjo datarem as setenta semanas da saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém. Se se pudesse encontrar a data desta ordem, estaria estabelecido o ponto de partida do grande período dos 2.300 dias.

No sétimo capítulo de Esdras acha-se o decreto. (Esdras 7: 12-26). Em sua forma completa foi promulgado por Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 antes de Cristo. Mas em Esdras 6:14 se diz ter sido a casa de YAHWEH em Jerusalém edificada "conforme o mandado [ou decreto, como se poderia traduzir] de Ciro e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia." Êstes três reis, originando, confirmando e completando o decreto, deram-lhe a perfeição exigida pela profecia para assinalar o início dos 2.300 anos. Tomando-se o ano 457 antes de Cristo, tempo em que se completou o decreto, como data da ordem, viu-se ter-se cumprido tôda a especifcação da profecia relativa ás setenta semanas.

"Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas" - a saber, sessenta e nove semanas ou 483 anos. O decreto de Artaxerxes entrou em vigor no outono de 457 antes de Cristo. A partir desta data, 483 anos estendem-se até o outono do ano 27 de nossa era. (...) Naquele tempo esta profecia se cumpriu. A palavra "Messias" significa o "Ungido." No outono do ano 27 de nossa era, o Messias foi batizado por João, e recebeu a unção do Espírito. O apóstolo S. Pedro testifica que "YAHWEH ungiu a Yahshua de Nazaré com o Espírito santo e com virtude." Atos 10:38. E o próprio Salvador declarou: "O Espírito de YAHWEH é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres." S. Lucas 4:18. Depois de Seu batismo Êle foi para a Galiléia, "pregando o evangelho do reino de YAHWEH, e dizendo: O tempo está cumprido." S. Marcos 1:14 e 15.

"E Êle firmará concêrto com muitos por uma semana." A "semana," a que há referência aqui, é a última das setenta, são os últimos sete anos do período concedido especialmente aos judeus. Durante êste tempo, que se estende do ano 27 ao ano 34 de nossa era, o Messias, a princípio em pessoa e depois pelos Seus discípulos, dirigiu o convite do evangelho especialmente aos judeus. Ao saírem os apóstolos com as boas novas do reino, a recomendação do Salvador era: "Não ireis pelos caminhos das nações, nem entrareis em cidades de samaritanos; mas ide às ovelhas perdidas da casa de Israel." S. Mateus 10:5 e 6.

"Na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares." No ano 31 de nossa era, três anos a meio depois de Seu batismo, nosso Senhor foi crucificado. Com o grande sacrifício oferecido sôbre o Calvário, terminou aquêle sistema cerimonial de ofertas, que durante quatro mil anos haviam apontado para o Cordeiro de Deus. O tipo alcançou o antítipo, e todos os sacrifícios e ofertas daquele sistema cerimonial deveriam cessar.

As setenta semanas, ou 490 anos, especialmente conferidas aos judeus, terminaram, como vimos, no ano 34. Naquele tempo, pelo ato do sinédrio judaico, a nação selou sua recusa do evangelho, pelo martírio de Estêvão e perseguição aos seguidores do Messias. Assim, a mensagem da salvação, não mais restrita ao povo escolhido, foi dada ao mundo. Os discípulos, forçados pela perseguição a fugir de Jerusalém, "iam por tôda a parte, anunciando a Palavra." Filipe desceu à cidade de Samaria e pregou ao Messias. S. Pedro, divinamente guiado, revelou o evangelho ao centurião de Cesaréia, Cornélio, que era temente a Deus; e o ardoroso S. Paulo, ganho à fé cristã, foi incumbido de levar as alegres novas "a as nações de longe." Atos 8:4 e 5; 22:21.



de: "A Grande Controvérsia", de Ellen G. White, pág. 205, ISBN 978-3-939979-23-4

Até aqui, cumpriram-se de maneira surpreendente tôdas as especificações das profecias a fixa-se o início das setenta semanas, inquestionàvelmente, no ano 457 antes de Cristo, a seu têrmo no ano 34 de nossa era. Por êstes dados não há dificuldade em achar-se o final dos 2.300 dias. Tendo sido as setenta semanas - 490 dias - separadas dos 2.300 dias, ficaram restando 1.810 dias. Depois do fim dos 490 dias os 1.810 dias deveriam ainda cumprir-se. Contando do ano 34 de nossa era, 1.810 anos se estendem a 1844. Conseqüentemente, os 2.300 dias de Daniel 8:14 terminam em 1844. Ao expirar êste grande período profético, "o santuário será purificado," segundo o testemunho do anjo de Deus. Dêste modo foi definitivamente indicado o tempo da purificação do santuário, que quase universalmente se acreditava ocorresse por ocasião do segundo advento.

Miller e seus companheiros a princípio creram que os 2.300 dias terminariam na primavera de 1844, ao passo que a profecia indicava o outono daquele ano. (...) A compreensão errônea dêste ponto trouxe desapontamento e perplexidade aos que haviam fixado a primeira daquelas dates para o tempo da vinda do Senhor. Isto, porém, não afeto nem de leve a fôrça do argumento que mostrava terem os 2.300 dias terminado no ano 1844, e que o grande acontecimento representado pela purificação do santuário deveria ocorrer então.

Devotando-se ao estudo das Escrituras, como fizera, a fim de provar serem else uma revelação de Deus, Miller não tinha a princípio a menor expectativa de atingir a conclusão a que chegara. A custo podia êle mesmo dar crédito aos resultados de sua investigação. Mas a prova das Escrituras era por demais clara e forte para que fôsse posta de parte.

Dois anos dedicara êle ao estudo da Biblia, quando, em 1818, chegou à solene conclusão de que dentro de vinte e cinco anos, aproximadamente, o Messias apareceria para redenção de Seu povo. "Não necessito falar," diz Miller, "do júbilo que me encheu o coração em vista da deleitável perspectiva, nem do anelo ardente de minha alma para participar das alegrias dos remidos. A Bíblia era então para mim um livro novo. Considerava-a verdadeiramente um festim para a razão; tudo que, em seus ensinos, fôra ininteligível, místico ou obscuro para mim, dissipara-se-me do espírito ante a clara luz que ora raiava de suas páginas sagradas; e oh, quão brilhante e gloriosa se me apresentava a verdade! Tôdas as contradições e incoerências que eu antes encontrara na Palavra, desapareceram; e pôsto que houvesse muitas partes de que eu não possuía uma compreensão que me satisfizesse, tanta luz, contudo, dela emanara para a iluminação de meu espírito antes obscurecido, que senti, em estudar as Escrituras, um prazer que antes não supunha pudesse ser delas derivado." - Bliss.

 

"Solenemente convencido de que as Santas Escrituras anunciavam o cumprimento de tão importantes acontecimentos em tão curto espaço de tempo, surgiu com fôrça em minha alma a questão de saber qual meu dever para com o mundo, em face da evidência que comovera a meu próprio espírito." - Bliss. Não pôde deixar de sentir que era seu dever comunicar a outros a luz que tinha recebido. Esperava encontrar oposição por parte dos ímpios, mas confiava em que todos os cristãos se regozijariam na esperança de ver o Salvador, a quem professavam amar. Seu único temor era que, em sua grande alegria ante a perspectiva do glorioso livramento, a consumar-se tão breve, muitos recebessem a doutrina sem examinar suficientemente as Escrituras em demonstração de sua verdade. Portanto, hesitou em apresentá-la, receando que estivesse em êrro, a fôsse, assim, o meio de transviar a outros. Foi levado, desta maneira, a rever as provas em apoio das conclusões a que chegara, e a considerar cuidodosamente tôda dificuldade que se lhe apresentava ao espírito. Viu que as objeções se desvaneciam ante a luz da Palavra de Deus [YAHWEH], como a névoa diante dos raios do Sol. Cinco anos despendidos desta maneira, deixaram-no completamente convicto da correção de suas opiniões.

E agora o dever de tornar conhecido a outros o que cria sér ensinado tão claramente nas Escrituras, impunha-se-lhe com nova fôrça. "Quando me achava em minha ocupação," disse êle, "soava contìnuamente em meu ouvido: 'Vai falar ao mundo sôbre o perigo que o ameaça.' Ocorria-me constantemente esta passagem: 'Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares para desviar o ímpio de seu caminho, morrerá êsse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando to tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dêle, e êle se não converter de seu caminho, êle morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma.' Ezequiel 33:8 e 9. Compreendi que, se os ímpios pudessem ser devidamente advertidos, multidões dêles se arrependeriam; e que, se êles não fôssem avisados, seu sangue poderia ser exigido de minha mão." - Bliss.

Começou êle a apresentar suas opiniões em particular, quando se lhe oferecia oportunidade, orando para que algum ministro pudesse sentir a fôrça das mesmas a dedicar-se à sua promulgação. Mas não pôde banir a convicção de que tinha um dever pessoal a cumprir, em fazer a advertência. Ocorriam-lhe sempre ao espírito as palavras: "Vai dizê-lo ao mundo; seu sangue requererei de tuas mãos." Durante nove anos esperou, pesando-lhe sempre êste fardo sôbre a alma, até que em 1831 pela primeira vez expôs pùblicamente as razões de sua fé.

Assim como Eliseu foi chamado quando à rabiça do arado acompanhava os bois no campo de trabalho, a fim de receber o manto da consagração ao ofício de profeta, também Guilherme Miller foi chamado para deixar o arado e desvendar ao povo os mistérios do reino de Deus [YAHWEH]. Cheio de temores, deu início ao trabalho, levando seus ouvintes passo a passo, através dos períodos proféticos, até o segundo aparecimento do Messias. Em cada preleção ganhava êle energia e coragem, vendo o grande interêsse despertado por suas palavras.

Foi sòmente às solicitações de seus irmãos, em cujas palavras êle ouvia o chamado de Deus, que Miller consentiu em apresentar suas opiniões em público. Contava então cinqüenta anos de idade, não estava habituado a falar em público, a sentia-se oprimido ao reconhecer sua incapacidade para a obra. Desde o princípio, porém, seus trabalhos para a salvação das almas foram abençoados de modo notável. Sua primeira conferência foi seguida de um despertamento religioso, no qual se converteram treze famílias inteiras, com exceção de duas pessoas. Foi imediatamente convidado a falar em outros lugares, a quase em tôda parte seu trabalho resultava em avivamento da obra de Deus. Convertiam-se pecadores, cristãos eram despertados a maior consagração, e deístas e incrédulos reconheciam a verdade da Bíblia e da religião cristã. O testemunho daqueles entre os quais trabalhava, era: "Atingia a uma classe de espíritos fora da influência de outros homens." - Bliss. Sua pregação era de molde a despertar o espírito público aos grandes temas da religião, e sustar o crescente mundanismo e sensualidade da época.

Em quase tôdas as cidades havia dezenas de conversos, e em algumas, centenas, como resultado de sua pregação. Em muitos lugares as igrejas protestantes de quase tôdas as denominações abriram-se-lhe amplamente; e os convites para nelas trabalhar vinham geralmente dos ministros das várias congregações. Adoava como regra invariável não trabalhar era qualquer lugar e que não fôsse convidado; e, no entanto, logo se viu impossibilitado de atender à metade dos pedidos que choviam sôbre êle.

Muitos que não aceitaram suas opiniões quanto ao tempo exato do segundo advento, ficaram convencidos da certeza e proximidade da vinda do Messias e de sua necessidade de preparo. Em algumas das grandes cidades seu trabalho produziu impressão extraordinária. Vendedores de bebidas abandonavam êste comércio e transformavam suas lojas em salas de cultos; antros de jogo eram fechados; corrigiam-se incrédulos, deístas, universalistas, e mesmo os libertinos mais perdidos, alguns dos quais não haviam durante anos entrado em uma casa de culto. Várias denominações efetuavam reuniões de oração, em diferentes bairros, quase a todas as horas do dia, reunindo-se os homens de negócios ao meio-dia para oração de louvor. Não havia nenhuma excitação extravagante, mas sim uma sensação de solenidade quase geral no espírito do povo. Sua obra, como a dos primeiros reformadores, tendia antes para convencer o entendimento e despertar a consciência do que a meramente excitar as emoções.

Em 1833 Miller recebeu da igreja batista de que era membro uma licença para pregar. Grande número dos ministros de sua denominação aprovou-lhe também a obra, a foi com essa sanção formal que continuou com os seus trabalhos. Pôsto que seus labôres pessoais estivessem limitados principalmente à Nova Inglaterra a aos Estados centrais, viajou e pregou incessantemente. Durante vários anos suas despesas eram cobertas inteiramente por sua bôlsa particular e posteriormente nunca recebeu o bastante para custear as viagens aos lugares a que era convidado. Assim, seus trabalhos públicos, longe de serem benefício pecuniário, eram-lhe pesado encargo às posses, que gradualmente diminuíram durante êste período de sua vida. Era chefe de numerosa família; mas como todos eram sóbrios a industriosos, sua fazenda bastava para a manutenção de todos.

Em 1833, dois anos depois que Miller começou a apresentar em público as provas da próxima vinda do Messias, apareceu o último dos sinais que foram prometidos pelo Salvador como indícios de Seu segundo advento. Disse Yahshua: "As estrêlas cairão do céu." S. Mateus 24:29. E S. João, no Apocalipse, declarou, ao contemplar em visão as cenas que deveriam anunciar o dia de Deus [YAHWEH]: "E as estrêlas do céu caíram sôbre a Terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte." Apocalipse 6:13. Esta profecia teve cumprimento surpreendente e impressionante na grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833. Aquela foi a mais extensa a maravilhosa exibição de estrêlas cadentes que já se tem registrado, "achando-se então o firmamento inteiro, sôbre todos os Estados Unidos, durante horas, em faiscante comoção! Neste país, desde que começou a ser colonizado, nenhum fenômeno celeste já ocorreu que fôsse visto com tão intensa admiração por uns ou com tanto terror e alarma por outros." "Sua sublimidade e terrível beleza ainda perdura em muitos espíritos. ... Raras vêzes caiu chuva mais densa do que caíram os meteoros em direção à Terra; leste, oeste, norte e sul, tudo era o mesmo. Em uma palavra, o céu inteiro parecia em movimento. ... O espetáculo, como o descreveu o diário do professor Silliman, foi visto por tôda a América do Norte. ... Desde as duas horas até pleno dia, estando o céu perfeitamente sereno e sem nuvens, um contínuo jôgo de luzes deslumbrantemente fulgurantes se manteve em todo o firmamento." - Progresso Amencano, ou Os Grandes Acontecimentos do Maior dos Séculos, R. M. Devens.

"Nenhuma expressão, na verdade, pode, chegar à altura do esplendor daquela exibição magnificente; ... pessoa alguma que a não testemunhou pode ter uma concepção adequada de sua glória. Dir-se-ia que tôdas as estrêlas se houvessem reunido em um ponto próximo do zênite, a dali fôssem simultâneamente arrojadas, com a velocidade do relâmpago, a tôdas as partes do horizonte; e, no entanto, não se exauriam, seguindo-se milhares cèleremente no rasto de milhares, como se houvessem sido criadas para a ocasião." - F. Reed, no Christian Advocate and journal, de 13 de dezembro de 1833. "Não era possível contemplar-se um quadro mais fiel de uma figueira lançando seus figos quando açoitada por um vento forte." - The Old Countryman, no Advertiser, vespertino de Portland, de 26 de novembro de 1833.

No Journal of Comerce, de Nova York, de 14 de novembro de 1833, apareceu um longo artigo considerando êste maravilhoso fenômeno, artigo que continha esta declaração: "Nenhum filósofo ou sábio mencionou ou registou, suponho-o eu, um acontecimento semelhante ao de ontem de manhã. Um profeta há mil e oitocentos anos predisse-o exatamente - se não nos furtarmos ao incômodo de compreender o chuveiro de estrêlas como a queda das mesmas, ... no único sentido em que é possível ser isso literalmente verdade."

Assim se mostrou o último dos sinais de Sua vinda, relativamente aos quais Yahshua declarou a Seus discípulos: "Quando virdes tôdas estas coisas, sabei que está próximo às portas." S. Mateus 24:33. Depois dêstes sinais S. João contemplou, como o grande acontecimento a seguir imediatamente, o céu retirando-se como pergaminho que se enrola, enquanto a Terra tremia, montanhas e ilhas se removiam dos lugares, e os ímpios procuravam, aterrorizados, fugir da presença do Filho do homem. (Apocalipse 6:12-17).

Muitos que testemunharam a queda das estrêlas, consideraram-na um arauto do juízo vindouro - "sinal espantoso, precursor certo, misericordioso prenúncio do grande a terrível dia." - The Old Countryman. Dêste modo a atenção do povo foi dirigida para o cumprimento da profecia, sendo muitos levados a dar atenção à advertência do segundo advento.

No ano de 1840 outro notável cumprimento de profecia despertou geral interêsse. Dois anos antes, Josias Litch, um dos principais ministros que pregavam o segundo advento, publicou uma explicação de Apocalipse 9, predizendo a queda do Império Otomano. Segundo seus cálculos esta potência deveria ser subvertida "no ano de 1840, no mês de agosto;" e poucos dias apenas antes de seu cumprimento escreveu : "Admitindo que o primeiro período, 150 anos, se cumpriu exatamente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias, começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agôsto de 1840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio eu, verificar-se-á ser o caso." - Josias Litch, artigo no Signs of the Times, and Expositor of Prophecy, de 1° de agôsto de 1840.

No mesmo tempo especificado, a Turquia, por intermédio de seus embaixadores, aceitou a proteção das potências aliadas da Europa, e assim se pôs sob a direção de nações cristãs. O acontecimento cumpriu exatamente a predição. (...) Quando isto se tornou conhecido, multidões se convenceram da exatidão dos princípios de interpretação profética adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao movimento do advento. Homens de saber a posição uniram-se a Miller, tanto para pregar como para publicar suas opiniões, e de 1840 a 1844 a obra estendeu-se rapidamente.

Guilherme Miller possuía grandes dotes intelectuais, disciplinados pela meditação e estudo; e a êstes acrescentava a sabedoria do Céu, pondo-se em ligação com a Fonte da sabedoria. Era um homem de verdadeiro valor, que inspirava respeito e estima onde quer que a integridade de caráter e a, excelência moral fôssem apreciadas. Unindo a verdadeira bondade de coração à humildade cristã e ao poder do domínio-próprio, era atento e afável para com todos, pronto para ouvir as opiniões de outrem e pesar seus argumentos. Sem paixão ou excitação, aferia tôdas as teorias e doutrinas pela Palavra de Deus [YAHWEH]; e seu raciocínio são e o profundo conhecimento das Escrituras habilitavam-no a refutar o êrro e desmascarar a falsidade.

 

Todavia, não prosseguiu êle o seu trabalho sem tenaz oposição. Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que apresentava não eram recebidas favoràvelmente pelos ensinadores populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escrituras, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens, às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus [YAHWEH], porém, era o único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento. "A Bíblia, e a Biblia só," era a sua senha. A falta de argumentos das Santas Escrituras, por parte dos oponentes, supriam-na êles pelo ridículo e o escárnio. Empregavam tempo, meios e talentos para difamar aqueles cuja única falta era esperar com alegria a volta de seu Senhor, e esforçar-se por viver vida santa e exortar aos demais a prepararem-se para o Seu aparecimento.

Diligentes esforços se faziam para que o espírito do povo fôsse desviado do assunto referente ao segundo advento. Procurava-se dar a impressão de que estudar as profecias que se referem à vinda do Messias e ao fim do mundo, fôsse pecado, algo de que os homens deveriam envergonhar-se. Assim, o ministério popular minava a fé na Palavra de Deus [YAHWEH]. Seu ensino tornava os homens incrédulos, e muitos tomaram a liberdade de andar conforme seus próprios desejos ímpios. Então os autores dêsse mal atribuíram-no todo aos adventistas.

Se bem que Miller conseguia ter casas repletas de ouvintes inteligentes e atentos, seu nome era raras vêzes mencionado pela imprensa religiosa, exceto para fins de acusação e ridículo. Os descuidados e ímpios, tornando-se audazes pela atitude dos ensinadores religiosos, recorriam aos epítetos infamantes, graçolas vis e blasfemas, em seu esfôrço de amontoar o ultraje sôbre êle e sua obra. O homem de cabelos grisalhos, que deixara o lar confortável para viajar a expensas próprias, de cidade em cidade, de vila em vila, labutando incessantemente a fim de levar ao mundo a solene advertência do juízo próximo, era vilmente acusado de fanático, mentiroso e patife explorador.

O ridículo, a falsidade, o insulto acumulados sôbre êle, provocaram indignados protestos, mesmo por parte da imprensa secular. "Tratar um assunto de tão imponente majestade e terríveis conseqüências," com leviandade e linguagem baixa, declaravam mesmo homens mundanos ser "não meramente brincar com os sentimentos de seus propagadores e advogados," mas "fazer zombaria do dia de juízo, escarnecer da própria Divindade, a desdenhar os terrores de Seu tribunal." - Bliss.

O instigador de todo mal procurava não sômente contrariar o efeito da mensagem do advento, mas destruir o próprio mensageiro. Miller fazia aplicação prática da verdade das Escrituras ao coração de seus ouvintes, reprovando-lhes os pecados e perturbando-lhes a satisfação própria; e suas palavras claras e incisivas despertaram inimizade. A oposição manifestada pelos membros da igreja à sua mensagem, animava as classes inferiores a irem mais longe; e conspiraram alguns dos inimigos para tirar-lhe a vida quando saísse do local da reunião. Santos anjos, porém, estavam na multidão, e um dêles, certa vez, sob a forma de homem, tomou o braço dêsse servo do Senhor e pô-lo a salvo da turba enfurecida. Sua obra ainda não estava terminada, e Satanás e seus emissários viram seus planos frustrados.

A despeito de tôda a oposição, o interesse no movimento adventista continuou a aumentar. As congregações cresceram das dezenas e centenas para milhares. Grande aumento houve nas várias igrejas, mas depois de algum tempo se manifestou o espírito de oposição a êsses conversos, e as igrejas começaram a tomar providências disciplinares contra os que tinham abraçado as opiniões de Miller. Êste ato provocou uma resposta de sua pena, em escrito dirigido aos cristãos de tôdas as denominações, insistindo em que, se suas doutrinas eram falsas, se lhe mostrasse o êrro pelas Escrituras.

"Que temos nós crido," disse êle, "que não nos tenha sido ordenado pela Palavra de Deus [YAHWEH], a qual, vós mesmos o admitis, é a regra e a única regra de nossa fé e prática? Que temos nós feito que provocasse tão virulentas acusações contra nós, do púlpito e da imprensa, e vos desse motivo justo para excluir-nos [os adventistas] de vossas igrejas e comunhão?" "Se estamos errados, peço mostrar-nos em que consiste nosso erro. Mostrai-nos, pela Palavra de Deus [YAHWEH], que estamos enganados. Temos sido bastante ridicularizados; isso nunca nos poderá convencer de que estamos em êrro; a Palavra de Deus [YAHWEH], ùnicamente, pode mudar nossas opiniões. Chegámos às nossas conclusões depois de refletir maduramente e muito orar, e ao vermos sua evidência nas Escrituras." - Bliss.

Século após século as advertências que Deus enviou ao mundo por Seus servos foram recebidas com igual incredulidade e descrença. Quando a iniqüidade dos antedliluvianos O moveu a trazer o dilúvio sôbre a Terra, primeiramente Êle lhes fêz saber Seu propósito, para que pudessem ter oportunidade de abandonar seus maus caminhos. Durante cento e vinte anos lhes soou aos ouvidos o aviso para que se arrependessem, não acontecesse manifestar-se a ira de Deus a fim de destruí-los. A mensagem parecialhes, porém, uma história ociosa, e nela não creram. Fazendo-se audaciosos em sua impiedade, caçoavam do mensageiro de Deus, recebiam frivolamente seus apelos e até o acusavam de presunção. Como ousa um homem levantar-se contra todos os grandes da Terra? Se a mensagem de Noé era verdadeira, por que todo o mundo não o viu e creu? A palavra de um homem contra a sabedoria de milhares! Não queriam dar crédito ao aviso, nem buscar refúgio na arca.

Escarnecedores apontavam para as coisas da natureza - a sucessão invariável das estações, o céu azul que nunca havia derramado chuva, os campos verdejantes refrescados pelo brando orvalho da noite - e exclamavam: "Fala êle parábolas?" Desdenhosamente declaravam ser o pregador da justiça um rematado fanático; e continuavam mais àvidamente na busca de prazeres, mais decididos em seus maus caminhos do que nunca dantes. Mas a incredulidade que alimentavam não impediu o acontecimento predito. Deus suportou por muito tempo sua iniqüidade, dando-lhes ampla ocasião para o arrependimento; ao tempo designado, porém, os juízos de YAHWEH caíram sôbre os que haviam rejeitado Sua misericórdia.

O Messias declara que existirá idêntica incredulidade no tocante à Sua segunda vinda. Como os contemporâneos de Noé não o conheceram, "até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também," nas palavras de nosso Salvador, "a vinda do Filho do homem." S. Mateus 24:39. Quando o professo povo de Deus se estiver unindo com o mundo, vivendo como vivem os do mundo, e com êles gozando de prazeres proibidos; quando o luxo do mundo se tornar o luxo da igreja; quando os sinos para casamentos estiverem a tocar, e todos olharem para o futuro esperando muitos anos de prosperidade temporal, sùbitamente então, como dos céus fulgura o relâmpago, virá o fim de suas resplendentes visões e esperanças ilusórias.