Buch lesen: «A Cidade Sinistra»
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TAPEÇARIA FRATURADA
A CIDADE SINISTRA
Scott Kaelen
2019
A Cidade Sinistra © 2018 Scott Kaelen
A Tapeçaria Fraturada © 2015, 2018 Scott Kaelen
Traduzido por Ju Pinheiro
Publicado por TekTime
Todos os direitos reservados
O direito de Scott Kaelen de ser identificado como o autor desta obra foi assegurado por ele de acordo com a Lei de Direitos Autorais, Desenhos e Patentes de 1988.
A série A Tapeçaria Fraturada, à qual pertence o romance A Cidade Sinistra, é uma obra de ficção. Todos os personagens, eventos e lugares são fictícios. Qualquer semelhança com uma pessoa real, eventos ou lugares é mera coincidência.
Para Electa
Biografia do Autor
Scott Kaelen escreve nos gêneros de fantasia épica, ficção científica, horror e poesia. Seu romance de estreia é A Cidade Sinistra e seu projeto atual é o segundo romance da série A Tapeçaria Fraturada. Os interesses de Scott incluem etimologia, psicologia, Terra pré-histórica, o Universo, RPGs eletrônicos, ler e assistir ficção científica, fantasia e horror. Seus programas favoritos de ficção científica são Stargate, Farscape, Jornada nas Estrelas e Red Dwarf.
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Obras Publicadas
A Tapeçaria Fraturada
Night of the Taking (2015)
A Cidade Sinistra (2019)
Títulos dos Capítulos
O Contrato Chiddari
Nas The Terras Mortas
Meu, Tudo Meu
Pedras dos Tempos Passados
Complicações Contratuais
Duas Extremidades da Estrada
Paciência e Orações
Observadores Na Fronteira do Mundo
Nada Sem Medo
Intrusos
Permanência em Dulèth
Sob Uma Lua Pálida
Demelza
Carne Para a Fera
Uma Chama Efêmera
Despertar Rude
De Volta Às Entranhas
Outro Galho da Árvore
Fardo da Decisão
Forasteiro No Íntimo
Antes da Tempestade
Meretrizes e Soberanos
Toca De Segredos Horríveis
Ammenfar
Uma Grande Mãe
Uma Sombra Que Admite Sua Forma
Compulsão Profana
Enfrentando O Corvo
Entre Duas Eternidades
Sorte Podre
Última Ceia
Do Pôr do Sol Ao Nascer do Sol
O Dom do Adeus
Pegadas Na Areia
Intercâmbio
Desvinculado
Fogo E Maré
Dee E O Rei Orc
Encontro Em Caer Valekha
A Tolice De Um Homem
A Simetria Da Distância
Citação
O país de Himaera aprendeu muito desde os Dias dos Reis, principalmente o preço da ganância e da ambição. Desafiar os deuses é convidar sua ira. A ira de Morta’Valsana foi exercida sobre o Rei Mallak Ammenfar de Lachyla, amaldiçoando o monarca abrangente e seus súditos leais.
Para sempre depois disso, o nome de Mallak foi sinônimo de avareza e excesso e a cidade de Lachyla tornou-se conhecida como a Cidade Sinistra. Era uma cicatriz na terra de Himaera, um remanescente eterno da ira da deusa e um lugar a ser evitado a todo custo…
Do Um Códex Das Eras, Vol. IV
“A morte cura todas as doenças transmitidas por coisas mortas.”
Provérbio Sosarran
Uma Nota Para o leitor
Obrigado por escolher A Cidade Sinistra. Espero que você aprecie lê-la tanto quanto eu apreciei escrevê-la. Se você gostou, por favor, considere deixar um comentário na Amazon, Goodreads ou em outro lugar. O melhor presente de um leitor para um autor não é apenas comprar e ler um livro (provavelmente nós nem saberemos que você fez isso), é o compartilhamento público da sua experiência de leitura. Com isso em mente, se sua experiência com A Cidade Sinistra for boa, por favor, reserve alguns minutos para deixar que todos saibam sobre isso. Essa é a força motriz que impulsiona os autores e dá a eles a determinação para publicar seu próximo livro.
Você pode deixar um comentário ao visitar a página da Amazon de A Cidade Sinistra – http://mybook.to/theblightedcity. Obrigado novamente.
Scott Kaelen
Ano 693 da Quarta Era, Estação de Vur
Segundo Dia da Terceira Semana de Banaeloch
Capítulo Um
o contrato Chiddari
A batalha está quase terminada. O pensamento encheu Maros com uma sensação vergonhosa de triunfo enquanto olhava para seu desafio final. Do outro lado da clareira, as janelas fechadas da cabana devolviam seu olhar com um desinteresse prodigioso.
“Apenas mais noventa metros. Vá em frente com isso,” ele se repreendeu. Ele afundou as muletas na terra e um choque de dor subiu pela sua perna. Cerrando os dentes, ele cambaleou para a clareira. Lentamente, a distância até a cabana diminuiu, com Maros resmungando e xingando por todo o caminho.
“Deveria ter enviado um corredor,” ele murmurou. Um ano atrás, eu poderia ter feito isso em um quarto do tempo e ainda estaria pronto para uma luta no fim. Agora? Ele deu uma risada irônica. Gotejando como um porco espetado.
Com um passo largo, ele alcançou seu alvo e sufocou um rugido de júbilo. Seu rosto era uma máscara de suor, gotas pingando na terra encharcada pelo sol para serem consumidas sob o sol do meio-dia. Acalmando-se à porta, ele lançou um olhar de soslaio para a extremidade mais distante da aldeia em formato de meia-lua onde uma mulher de meia idade estava ocupada estendendo a roupa de cama e olhando para ele por cima dos lençóis. Ele desviou o olhar para duas jovens no centro da clareira. Sentindo o escrutínio de Maros, elas pararam com seu jogo de saltar argolas e o encararam com um horror indisfarçado. Ele lançou a elas um sorriso amplo e elas saíram correndo para a floresta nos arredores.
Ele balançou a cabeça. As pessoas na aldeia de Balen raramente deixavam seu pequeno microcosmo exótico e não estavam acostumadas a ver nada fora do comum. A mulher, sem dúvida, o considerava como uma aberração da natureza ou, pior, uma criatura amaldiçoada pelos deuses para sentirem pena. A perna problemática não melhorava a situação. Se elas já tivessem ouvido o nome Maros, a Montanha, não o reconheceriam como o jotunn-humano exausto à porta da cabana como o homem destes contos sussurrados. Sua reputação pertencia ao passado. Nos dias de hoje, ele era pouco mais do que um enorme coçador de saco.
Ele enxugou um antebraço na testa e bateu os dedos na porta. Os sons abafados de pés se arrastando flutuaram de dentro e a porta se abriu para revelar uma mulher abatida e idosa. Seus olhos úmidos se ergueram para olhar para ele, uma máscara de austeridade espalhada sobre suas rugas. Ela olhou para ele de alto a baixo, franzindo o cenho para suas muletas e seu colete encharcado de suor.
“Presumo que a comoção que ouvi aqui fora foi você?” ela disse. “Alguém presumiria que um boi estava sendo abatido. O que em Verragos você estava fazendo?”
“Eu…” Reprimindo um suspiro, Maros acenou com um gesto fraco para a trilha da floresta atrás dele. Muito bem. Mostre à velhinha frágil como você estava atravessando uma área plana e aberta. Com certeza, isso vai impressioná-la.
“Hmph, não importa. Devo dizer, não vi um de vocês em décadas.”
Ele franziu o cenho. “Um de mim o quê? Um homem? Um aleijado?”
“Um mestiço.” Seus olhos remelentos semicerraram em fendas. “Bem, o que você quer? Não tenho o dia inteiro.”
“Eu, ah…” Ele pigarreou. “Um prazer conhecê-la. O nome é Maros, Oficial dos Freeblades de Alder’s Folly. Posso estar falando com Cela, ah…” Vasculhando o bolso do seu colete, ele retirou uma folha suada de papel e trouxe até o rosto. “Cela Chiddari?”
“Você poderia. Oficial, você diz? Mas não acostumado a memorizar títulos de família, não é? Hum. Bem, já que eles me enviaram o homem no topo, imagino que eu deveria me sentir honrada.”
O homem no topo enviou a si mesmo, sua velha maluca. Maros forçou um sorriso simpático. “Tenho certeza que o prazer é todo meu.”
“Então permita-me agradecer por responder à minha convocação. Como você pode ver, não estou em condições de estar perambulando até Folly.”
Convocação? Seu sorriso vacilou. “Não costumo fazer atendimentos domiciliares pessoalmente, mas quando li seu bilhete entregue pelo mensageiro, estava preparado para fazer uma exceção.”
“Não duvido disso.” Cela espiou ao redor da porta para seu vizinho no outro lado do semicírculo. “É melhor você entrar, meu jovem,” ela murmurou, arrastando os pés para dentro da cabana. “Nossa discussão não é para ouvidos indiscretos.”
Maros inclinou-se mais baixo sobre suas muletas e espremeu-se através do batente. Ele fechou a porta com o calcanhar e semicerrou os olhos já que a sala estava mergulhada na escuridão. Algumas lascas finas da luz do dia cortavam através das persianas fechadas e o fedor mofado de idade penetrou em suas narinas. Ele engoliu uma tosse e observou a velha abaixar sua ossatura esquelética em uma poltrona ao lado da lareira vazia. Enquanto ela se remexia para sentar-se ereta, ele a imaginou caindo no tapete em uma pilha de ossos empoeirados.
“Sente-se, freeblade.” Ela acenou com a mão ao redor da sala. “Onde for melhor para você.”
Maros examinou os grupos escuros de móveis por um poleiro robusto e adequado e mancou até um banco no lado oposto da lareira. Ele se abaixou, reprimindo um suspiro enquanto as dores na sua perna recuavam.
“Ouvi dizer que você está mantendo a taverna de Alderby sobrevivendo no lugar dele,” Cela disse coloquialmente.
“Sim.”
“Administrando uma guilda e uma taverna. Uma carga de trabalho considerável.”
“Nada que eu não possa lidar. A verdade é que foi uma bênção quando o velho Alderby faleceu logo após meu… acidente.” Maros apoiou a mão no joelho. “Triste, no entanto. O lugar nunca esteve sem um ou outro Alderby no comando.”
“Assim eu concluí. Bem, chega de conversa fiada.” Os olhos de Cela estavam brilhando nas sombras. Um sorriso forçado cortou suas feições encarquilhadas. “Aos negócios.”
“Aos negócios, de fato. A recompensa que você ofereceu é o suficiente para erguer até mesmo as sobrancelhas do Banco Brancosi, um pouco. Sem ofensa, senhora, mas estou olhando para esta cabana e pensando que não vejo o equivalente a quinhentas moedas em propriedade aqui.”
“Ouso dizer que você estaria certo se eu estivesse oferecendo a minha casa. Você vai receber moedas, freeblade, fique tranquilo. Minhas economias não vão me beneficiar agora a não ser que você adquira aquilo que pertence às mãos de Chiddari.”
“Sim,” Maros disse com cuidado. “Como é que você detém um título de família quando eles caíram em desuso séculos atrás?”
Cela soltou uma gargalhada aguda e apontou um dedo para ele. “Perguntas, perguntas, mestiço. Vamos nos ater ao assunto em questão?”
“Muito justo. Além do valor da recompensa, seu bilhete foi vago na melhor das hipóteses...”
“Por um bom motivo. Você aprecia a sensibilidade da informação, tenho certeza.”
“Então, por favor, me diga o que você precisa da guilda e verei se podemos atender.”
“A herança da minha família se perdeu para nós por muitas gerações.” Cela olhava para ele atentamente. “Perdida e, ainda assim, sei sua localização precisa. Reside em um cemitério que remonta a uma época em que os mortos ainda eram enterrados inteiros.”
“Estes lugares estão todos submersos sob o deserto. Não há quase nenhum vestígio dos antigos reinos.”
O sorriso tenso de Cela retornou. “Exceto, isto é, por um lugar.”
“Agora escute aqui. Se você está insinuando o que eu acredito que você está insinuando, então você está me pedindo para enviar freeblades para o território da Caveira.”
“Não estou pedindo. Estou lhe oferecendo um contrato por uma recompensa considerável. Se não quiser o trabalho, posso procurar por mercenários menos respeitáveis…” Ela remexeu-se na cadeira e olhou para ele de soslaio.
Provavelmente esta é a incumbência de um tolo, ele pensou. Mas por uma recompensa deste tamanho… “Deveria avisá-la que a guilda lida com problemas reais, não com lendas. Há somente um cemitério que não foi expurgado. Se é sobre ele que estamos falando, então vamos parar com a troca de palavras. Onde exatamente está este legado?”
Cela suspirou. “Em uma cripta dentro dos Jardins dos Mortos, em Lachyla, a Cidade Sinistra.”
A última pretensão de formalidade desapareceu de Maros enquanto ele soltava uma risada sincera. “Eu sabia! Deixe-me ver se entendi direito. Você quer que meus rapazes e moças atravessem uma vasta região que está desprovida de deuses e homens há séculos. Você espera que eles arrisquem suas vidas vasculhando o cemitério de uma cidade amaldiçoada à procura de alguma bugiganga que seus ancestrais deixaram para trás para enferrujar em uma cripta?” Ele bufou. “Senhora, ou você perdeu o juízo ou …”
Cela olhava para ele em um silêncio pétreo.
Ou você está falando sério. Ele balançou a cabeça e lançou um sorriso divertido para as tábuas do assoalho. “Tudo bem, com o que exatamente este legado se parece?”
“É uma pedra preciosa.”
“Você terá de me dar mais do que isso. Seja quem for que aceitar o trabalho precisa saber o que está procurando.”
“Eu nunca vi, não é? Tudo que sei é que está marcado com runas funerárias e é maior do que as suas pedras preciosas comuns. Eles irão encontrá-la no túmulo do meu ancestral mais antigo.”
“E quem poderia ser?”
“Não faço ideia,” Cela disse secamente. “Você conhece a sua linhagem, mestiço?”
“Tudo bem,” Maros suspirou. “Uma pedra de descrição desconhecida, em um túmulo de nome desconhecido. Você percebe quão grande aquele cemitério é conhecido por ser? Eles poderiam vascular o lugar por dias e mesmo assim não encontrar sua pedra. Você terá de me dar algo melhor ou não tem acordo.”
“Oh, eu irei.” Cela alcançou a mesa ao seu lado e pegou um quadrado dobrado de pergaminho. “É apenas uma cópia grosseira, mas é bastante precisa.”
“O que é isso?”
“Um mapa dos Jardins dos Mortos.”
Maros reprimiu uma risada. “Onde em Verragos você teria conseguido isso?”
“Mais perguntas irrelevantes, freeblade. Você tem toda a informação que posso dar. Tome sua decisão.”
Ele olhou para ela calmamente e considerou as ramificações. O que aconteceu em Lachyla foi o catalisador para os mortos serem queimados hoje em dia. A cidade, e seu cemitério, estavam mais mergulhados em mitos e superstições do que qualquer outro lugar em Himaera. Mas quem realmente sabe o que há lá nas lonjuras das Terras Mortas? Talvez a lenda seja verdade, talvez não. De qualquer maneira, garantir tal recompensa seria uma grande dádiva para alguém. Além disso, meu ganho modesto não seria nada mal. Sem mencionar a reputação que colocaria a guilda de volta no mapa. “Tudo bem,” ele disse. “Vamos acabar com isso. Mostre o dari.”
Cela enfiou a mão no decote da sua blusa e retirou uma corrente fina. Ela girou o pingente retangular na ponta várias vezes, em seguida passou-lhe a metade inferior; seu interior havia sido transformado em uma chave. Ela apontou para um cepo de pau-ferro no canto da sala, sobre o qual uma arca reforçada estava bem fixada. “Abra,” ela disse.
Maros levantou-se do banco. Ele destrancou a arca e soltou um assobio para as moedas de prata organizadamente empilhadas.
“Quinhentas no total, como prometido e nenhuma moeda de cobre entre elas.” A velha soltou um estertor. “Temo que possa haver muito pouco tempo a perder, então me diga agora ... você vai aceitar?”
Maros lambeu os lábios e olhou de soslaio para ela. “Lachyla, você disse. Bem. Imagino que seja somente uma lenda…”
Cela Chiddari sorriu. A luz turva aprofundou as cavidades em seu rosto e, por um momento, ela se assemelhou ao próprio símbolo da caveira. “Este é o espírito, freeblade,” ela disse baixinho. “Tal bravata. Parabéns, o trabalho é seu. Agora, encontre minha herança.”
Jalis levantou os olhos das cartas em sua mão com um suspiro distraído. As paredes de pedra da sala comunal zumbiam com a tagarelice e a algazarra dos clientes da taverna. Uma atendente passou apressada, carregando pratos vazios para a cozinha. Atrás do bar, Jecaiah estava ocupado em substituir um barril vazio, preparando-se para a explosão noturna de clientes.
Ela voltou sua atenção para as cartas. A carta alta era o Arkhus, mas era inútil ao lado das outras. O melhor que ela poderia conseguir era um flush menor do naipe Artisan. Ela olhou para seus dois companheiros. Dagra estava esperando pacientemente, limpando com um lenço sujo a espuma da cerveja da sua barba desgrenhada. Do outro lado da mesa, Oriken coçava preguiçosamente a bochecha com uma barba de vários dias, os olhos vidrados enquanto olhava para ela por baixo da aba do seu chapéu.
“Orik,” ela disse, chamando sua atenção. “Meu rosto está aqui em cima.”
“Huh? Oh.” Ele pigarreou. “Bem, vamos lá, então. É a sua vez. Você somente está atrasando Dag de vencer e você sabe como ele ama contar suas moedas de cobre.”
“Merda em você,” Dagra disse.
Jalis olhou para a ampulheta sobre a mesa e viu o resto dos grãos escoarem.
“O tempo acabou,” Oriken disse.
Ela jogou suas cartas na mesa. “Eu passo.”
“Por quê?” Dagra franziu o cenho para as cartas espalhadas. “Você tinha uma mão aí.”
“Não estou sentindo isso,” ela disse. “Ganhando ou perdendo, você precisa saber quando parar.”
Oriken reuniu as cartas na pilha. “Que tal uma rodada de Cinco Estações?”
“Agora não, Orik.”
“Ok, tudo bem.” Ele suspirou e olhou para as portas do saloon na entrada da sala comunal. “Posso sair lá fora para fumar um tobah.”
Jalis inclinou a cabeça e olhou para ele. “Você deveria estar tentando parar.”
“Hmph. Sim. O que deveríamos fazer, então?”
Ela deu de ombros. “Talvez devêssemos pegar um contrato.”
Dagra bufou. “Você viu o quadro de avisos da guilda? Os trabalhos quase não são adequados para um novato! Os decentes são pegos imediatamente e não há um desses há semanas. Acredite em mim, se um bom contrato surgisse, eu seria o primeiro a pegá-lo e dar o fora desta taverna.”
Jalis assentiu. “Posso pensar em uma centena de coisas que preferia estar fazendo neste momento. Já é muito ruim ter de viver aqui, mas pelo menos é melhor do que a casa da guilda.” Ela olhou para a frente da sala comunal. Uma cunha de luz do sol se infiltrava por cima das portas. O céu azul estava muito convidativo. “Não deveríamos estar desperdiçando nossos dias esperando que um bom trabalho apareça. Deveríamos estar lá fora.”
Oriken bufou. “Não posso argumentar contra isso, mas se formos perambular por aí lá fora, perdemos nossa oportunidade de pegar um contrato decente.”
Ela levou sua caneca aos lábios e tomou um gole de água. “Não me entenda mal,” ela disse. “Amo estar com vocês dois, mas somos freeblades – espadachins de aluguel – com ênfase nas espadas.”
“O problema é que,” Oriken disse, “somos bons demais no que fazemos.”
Dagra assentiu em concordância. “Entre nós e o resto das filiais, praticamente livramos Caerheath de todos os bandidos. Agora os problemas na cidade raramente são mais do que disputas insignificantes.”
Jalis suspirou. “Isso deveria ser uma coisa boa. Estamos mantendo a paz, mas não estamos fazendo nenhum favor para nós mesmos. Desde quando a guilda se tornou a principal legisladora em Himaera?”
“Principal?” O cenho de Dagra franziu. “Tente a única. Isto não é Vorinsia. Não temos um Arkhus sofisticado administrando a terra nem um militar nem mesmo um maldito xerife. Nada desde os Dias dos Reis. Freeblades são tudo que esta terra tem.”
“Vivo aqui há muito tempo,” Jalis disse, “mas ainda não consigo me acostumar com a falta de uma figura militar ou um governante. É um milagre como Himaera não foi consumida pelo Arkh séculos atrás.”
Dagra deu de ombros. “Eles tentaram nos invadir durante a Insurreição, mas mesmo uma Himaera enfraquecida conseguiu sangrar seus narizes e mandá-los embora com algumas lições aprendidas. O Arkh ficou mole desde esta época. Nada conquistável restou.” Ele deu a Jalis um olhar pesaroso. “Sem ofensa, garota.”
“Não estou ofendida.”
Oriken recostou-se na parede. “De qualquer maneira,” ele disse, “eu não me preocuparia. Alguma coisa boa vai cair no quadro de empregos em breve. Sempre cai.” Ele deu um sorriso animado para Jalis.
“Sempre o otimista irritante.” Dagra projetou a barba na direção da alcova do quadro de avisos da guilda no final do bar. “Você viu as recompensas para estas ofertas de emprego? A melhor é por oito moedas de cobre. É um insulto.”
“Talvez seja hora de tirarmos umas férias,” Oriken disse.
“Esta não é uma má ideia,” Jalis disse. “Já faz um tempo que não visito minha cidade natal.”
“Não é realmente o que eu tinha em mente.”
“Vou mijar,” Dagra anunciou, levantando-se.
Oriken observou-o se afastar. “Precisamos sair da cidade por um tempo. Talvez Middlemire precise de algumas mãos extras. Ou Baía Brancosi. Deveríamos pedir para Maros dar uma olhada para nós.”
Uma sombra atravessou a luz do sol nas tábuas do assoalho. Jalis olhou para o outro lado para ver a figura corpulenta de Maros claudicando pelas portas do bar. Ele notou seu olhar e mancou para se juntar a eles.
“O andarilho retorna,” Oriken disse. “Não consigo mantê-lo na sua própria taverna hoje em dia.”
Maros deu uma gargalhada cansada e reuniu suas muletas em uma mão. “Balen é o mais longe que eu já fui desde que assumi este lugar. Lembre-me de nunca voltar.”
Jalis inclinou a cabeça para encontrar seu olhar. “Você esteve em Balen? A tarde toda?”
“Dificilmente! A maior parte disso fui eu sofrendo para chegar lá e voltar.”
“Por que você não pediu para Ravlin levá-lo em sua carroça? Ele não teria se importado.”
“Eu tentei. O mercador está em Brancosi, reabastecendo seu estoque.”
“O que é tão importante em Balen que você não poderia enviar um novato?” Oriken perguntou.
“Em qualquer outro dia, absolutamente quase nada.” Maros olhou para Jalis. “Ouça, tenho um pequeno negócio para cuidar. Vou botar o papo em dia com você em breve.”
Jalis observou-o mancar até o quadro de avisos da guilda. Após um momento, ele saiu mancando do recesso e seguiu pelo corredor adjacente até seu escritório particular. “Ele está aprontando alguma coisa,” ela disse para si mesma.
Em uma mesa perto da parede oposta da sala comunal, vários freeblades estavam envolvidos em um jogo de cinco marias. Alari, uma blade veterana com mais alguns anos na guilda do que Jalis, olhou para o quadro de avisos da guilda e murmurou para seu companheiro mais próximo.
“Volto em um minuto.” Jalis levantou-se da sua cadeira e atravessou rapidamente até a alcova. Ela examinou o conteúdo do quadro de avisos da guilda até que localizou um novo pedaço de papel e o soltou da cortiça. Ao ver a oferta da recompensa, seus olhos arregalaram.
“Garota, você é tão rápida quanto lasca de pedra sobre pederneira,” Alari disse atrás dela.
Surrupiando o bilhete, Jalis virou-se para sua colega. “Você não estava muito atrás de mim.”
O sorriso de Alari repuxou a cicatriz pálida ao lado da sua boca. “O que o chefe colocou aí desta vez? Outra que não vale o papel em que está escrito?”
Jalis deu de ombros. “Parece um pouco melhor do que o habitual. Por que você não pega algumas das ofertas menores? Elas vão servir para o novato que você está cuidando. Todos nós tivemos de começar em algum lugar.”
A testa de Alari franziu em pensamento. “Você não está errada. Muito provavelmente Kirran poderia fazê-las sozinho. Vou dizer a ele para escolher uma.” Ela deu a Jalis uma piscadela amigável. “Você e os rapazes vão ganhar um pouco de casca-grossa, amor.”
Enquanto Alari voltava para sua mesa, outro freeblade passou por ela até o quadro de avisos da guilda. Jalis olhou para o homem friamente enquanto ele diminuía a distância.
“O que você tem?” Fenn disse enquanto entrava na alcova, posicionando-se atrás de Jalis para impedi-la de sair.
“Afaste-se, Fenn.”
“Vamos dar uma olhada.” Ele tentou agarrar o papel, mas Jalis puxou a mão para trás das costas.
“Primeiro a chegar, primeiro a ser servido,” ela disse. “Você conhece as regras. Você quer um trabalho, há muita coisa no quadro que vai te satisfazer.”
Os olhos redondos de Fenn olhavam zangados para ela. “Pelo menos, eu posso fazer meu trabalho sozinho. Todos nós sabemos que você e seus dois guarda-costas recebem tratamento preferencial por aqui.” Ele agarrou o ombro de Jalis.
Ela enfiou a mão entre suas pernas e apertou. “Aqueles são meus companheiros e meus amigos. Quer saber, que tal você tirar a mão de mim e eu vou fazer o mesmo. Então você volta para seu assento como um bom menino.”
O lábio de Fenn curvou em um rosnado silencioso. Jalis aumentou a pressão e, com relutância, ele afastou a mão. “Você tem um problema.”
“Se eu tenho algum problema, você não está entre eles.” Ela agarrou com mais força. “Só para que estejamos entendidos. Estamos entendidos, Fenn?”
“Tire a porra da mão de mim!”
“Oh, eu irei. Mas primeiro quero dar um aviso justo de que na próxima vez que você me tocar, não será minha mão, mas minha adaga na sua virilha. Por favor, me teste e irei fazer um favor ao mundo.” Com uma torção final, ela soltou a mão.
Quando Fenn cambaleou para trás, ele deu um soco no rosto de Jalis. Ela se abaixou e deu um soco nas suas costelas, em seguida arremessou um uppercut que quebrou seu nariz e o enviou adernando da alcova e esparramando-se no chão. Um aplauso disperso fluiu gradualmente dos clientes da taverna, interrompido quando Maros saiu mancando do corredor.
“Que diabos está acontecendo na minha taverna?” ele explodiu.
Fenn se levantou, sangue escorrendo do seu nariz. “Você quer manter uma correia nesta cadela. Todo mundo sabe que ela é sua favorita.” Ele lançou um olhar para a camisa transparente de Jalis. “Não é difícil ver por quê.”
“É mesmo?” Maros se aproximou mancando para intimidá-lo. “Você deveria demonstrar um pouco de respeito a um mestre espadachim – não, muito respeito – especialmente depois que ela te colocou no chão. Saia da linha mais uma vez, Fenn e a filial de Grenmoor pode recebê-lo de volta. Consiga uma guilda para si mesmo. Agora. Você teve sua cota para o dia.”
O rosto de Fenn brilhava com raiva, mas ele não disse nada. Após um momento, ele virou-se e caminhou até as portas.
“Oh, e Fenn,” Maros o chamou, “se algum dia você falar comigo assim de novo, você não sairá caminhando daqui. Você sairá voando.”
“O que eu perdi?” Dagra perguntou ao lado de Jalis.
Ela balançou a cabeça. “Nada.”
Maros mancou ao redor para olhar para ela. “Presumo que você foi a primeira no novo trabalho que eu afixei?”
“Fui. Seu tempo em Balen não foi desperdiçado.”
“Não tenho certeza se quero que você pegue este, Jalis.”
“Por quê? Seria uma tola se não fizesse isso.”
Maros grunhiu. “Só me prometa que você não vai fazer isso sozinha.” Ele acenou com a cabeça para Dagra. “Se os rapazes não concordarem, o trabalho vai voltar para o quadro. Eu preferiria que Fenn ficasse com este e bons ventos o levem.”
Jalis franziu o cenho. “O que está te deixando preocupado, velho amigo? Se houver outro grupo de bandidos assumindo o controle de algum lugar...”
“Não bandidos.” Maros olhou rapidamente ao redor da sala e disse em uma voz baixa, “Fale com Dagra e Oriken. Veja o que eles dizem. Se todos vocês concordarem, então é seu. Mas não vou ficar feliz sobre isso. Você e eu passamos muitos anos juntos, garota. Não subestime o que este trabalho exige.”
Ela estudou seu rosto. “Nunca ouvi você falando assim.”
“Nunca tivemos um contrato como este.”
Quando Jalis voltou para seu assento com Dagra a reboque, Oriken ergueu uma sobrancelha. “Bem, este foi o maior entretenimento que eu tive a semana toda. Você perdeu, Dag. Jalis abriu um cu novo no idiota local.”
“Não fiz isso.” Jalis ignorou o olhar inquisitivo de Dagra. Ela cruzou os braços sobre a mesa e acenou para seus amigos se aproximarem. “Consegui um contrato para nós e vocês não vão acreditar na recompensa.”
“Não tenho certeza se quero ouvir,” Dagra disse, “não depois da reação de Maros. Mas continue.”
A tagarelice da sala comunal tinha retornado, mas mesmo assim ela olhou ao redor para garantir que ninguém estivesse ouvindo. “Quinhentos dari de prata.”
Oriken deu um assobio baixo. “Estrelas do céu. Você está brincando.”
“Não estou.”
Os olhos de Dagra estavam sombreados com ceticismo. “Quais são os detalhes?”
“Não sei. Não tive exatamente tempo para verificar.”
“Você não teve tempo? Jalis, você não sai às cegas aceitando trabalhos. Você é mais esperta do que eu e Orik.”
“Eu sei! Mas quinhentas moedas de prata. Que trabalho você não aceitaria por isso?”
“Posso pensar em alguns que eu não faria,” Oriken disse com um sorriso malicioso. “Dagra, contudo, provavelmente não muitos.”
Dagra ignorou a zombaria. “Vamos lá, então,” ele disse para Jalis. “Vamos dar uma olhada.”
Ela desamassou o bilhete e abriu sobre a mesa, franzindo o cenho em confusão enquanto examinava os detalhes. “Er, onde fica Lachyla? O que é a Cidade Sinistra?”
“Oh, deuses sofredores.” Dagra passou a mão pelo rosto.
“O quê?”
Oriken riu. “Maros colocou isso no quadro? Ele está brincando conosco. Ele tem de estar.”
Jalis balançou a cabeça. “Ele não faria isso. Espere, isso não é um conto folclórico Himaeriano? A Cidade Sinistra foi uma das histórias do Tecelão de Histórias há alguns anos, não?”
“Mantenha a voz baixa,” Dagra disse. “Olhe, se isso é apenas uma caça ao dragão ou de verdade, esqueça. Não vamos até lá. Está marcada com a caveira por um bom motivo.”
Oriken zombou. “Vamos lá. Só porque você foi criado acreditando em toda história sob o sol não há nenhum motivo para pensar que isso será qualquer coisa além de um longo passeio no campo.”
“Você não pode acreditar nisso,” Dagra disse. “Desde quando você já entrou nas Terras Mortas? Nunca, é quando. Passeio no campo? Mais como uma caminhada para a forca.”