Espíritos Do Natal

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Espíritos Do Natal
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Espíritos do Natal

Índice

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Epilogue

Depois

Sobre a Autora

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação da autora ou são usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com eventos, locais ou pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

Tradução Elaine Lima

Arte da capa por Victoria Miller

Copyright © 2019 por Rebekah Lewis

Todos os direitos reservados.

Este livro ou qualquer parte dele não pode ser reproduzido ou utilizado de qualquer forma sem a permissão expressa por escrito do editor, exceto pelo uso de citações breves em resenhas do livro.

Impresso nos Estados Unidos.

www.Rebekah-Lewis.com

Created with Vellum

Para 2021

Por favor, seja um ano melhor.

Capítulo Um

A livraria da Avenida Principal ficava espremida entre uma sorveteria e uma loja de brinquedos. Portões de metal foram puxados cobrindo as janelas e portas, ajudando a obscurecer o interior da loja. Josephine Chaves, ou Jo, como era chamada, esfregou as mãos, em parte para mantê-las aquecidas através das luvas e também porque não sabia o que fazer com elas. O advogado, um certo Sr. Colin Wentworth, remexeu na pasta em busca das chaves do prédio. O homem parecia muito idoso, mas rejeitou qualquer oferta de ajuda. Então, ela voltou sua atenção para o prédio que havia herdado.

O local tinha dois andares, o que combinava com o restante dos prédios ao redor, a Livraria Chaves ficava em uma rua que se parecia muito com todas as outras das cidades pequenas dos EUA que ela já tinha visto nos filmes. O que parecia justo, considerando o fato de que ela herdou o lugar de uma tia que ela nunca conheceu e, com certeza, algo assim só acontecia na ficção. No entanto, lá estava ela na pacata cidade de Little Comfort, Massachusetts, uma pequena vila coberta de neve e gelo cujo nome fornecia exatamente o que prometia, pouco conforto. Jo estava terrivelmente despreparada para aquele clima, tendo vivido na Flórida toda a sua vida. Mesmo que ela usasse ao mesmo tempo todo o seu guarda-roupa de inverno não conseguiria se manter aquecida naquele local.

— Ah, onde foi parar a chave? — murmurou o Sr. Wentworth, ainda remexendo em suas coisas. Jo olhou para a parte de trás de sua cabeça calva. Daqui que ele encontrasse as malditas coisas, ela morreria de exposição ao frio, já que ele era muito teimoso para aceitar ajuda.

— Aha! — exclamou, segurando o chaveiro em sua mão enluvada e o sacudiu vitoriosamente. — Eu sabia que estava aqui.

Jo sorriu educadamente, saltando nas pontas dos pés para se manter em movimento, tentando se aquecer um pouco mais. Ela não fez nenhum comentário enquanto o advogado destrancava o portão e depois a porta. Mas quando ele lutou para erguer o portão de metal pesado, ela não aguentou mais. Ele podia até não querer a ajuda dela, mas ela ajudaria mesmo assim.

— Não, não, não se incomode. Sou perfeitamente capaz, — começou o Sr. Wentworth, mas Jo não iria apaziguá-lo desta vez.

— Sim, mas preciso fazer algo para continuar em movimento — respondeu.

Não ia fazer frio assim o ano todo, não é?

Após erguerem o portão, o velho destrancou rapidamente a porta da frente e segurou-a aberta para ela. — Uma garota tão doce. Eu posso ver porque sua tia deixou sua amada loja para você.

Jo tentou o seu melhor para manter o rosto sério. Ela estava feliz que ele pudesse ver o porquê, porque ela certamente não tinha ideia. Ela nunca conheceu a tia Miriam. Para ser totalmente honesta, ela nem tinha se dado conta de quem ela era quando recebeu a ligação e quase desligou na cara do Sr. Wentworth. Então ela se lembrou da irmã afastada de sua mãe, que se mudou depois de se formar no colégio e nunca mais voltou para casa, nem mesmo para uma visita. Os acontecimentos que levaram ao distanciamento deles eram tão misteriosos quanto a forma como Jo acabou sendo o único membro da família no testamento de tia Miriam. A mulher não era casada ou tinha um relacionamento na época de sua morte, nunca teve filhos ou adotou algum. Para completar, nunca tinha conhecido Jo. Ela não conseguia nem se lembrar da última vez que o nome da mulher foi pronunciado por um membro da família. Certamente não desde que Jo era criança.

— Minha querida — disse o Sr. Wentworth bruscamente. — Você vai entrar ou vai continuar aí no frio?

Arrastando-se para dentro, ela não pode deixar de olhar ao redor maravilhada enquanto a porta se fechava atrás dela. As prateleiras estavam cheias de gloriosas variedades de livros de capa dura e brochura que precisavam de uma boa espanada. Teias de aranha se estendiam pelos cantos da sala, felizmente, nada com oito pernas apareceu. Pelo menos, até onde ela podia ver. Atrás do balcão de caixa, na parte de trás da loja, uma porta com uma placa indicando as escadas parecia ser a passagem para o apartamento. Outro conjunto de portas no canto dos fundos levava a um depósito ou banheiro. Talvez ambos.

— Tudo isso me pertence agora? — perguntou ela, enquanto o velho advogado imobiliário a levava apressadamente para um pequeno canto de leitura perto das grandes janelas da frente. Ela se sentou ao lado dele enquanto ele colocava seus pertences sobre a mesa à sua direita. — Não sei nada sobre como administrar um negócio — admitiu.

Na verdade, ela trabalhava como garçonete, vivia de gorjetas e magros salários. Seu diploma em Belas Artes da faculdade comunitária não a ajudou a conseguir um emprego melhor, e ela honestamente ainda não sabia o que queria fazer da vida. Ela, no entanto, gostava de ler. Isso poderia ser uma bênção em mais de uma maneira, considerando que ela tinha acabado de ser demitida por faltar ao trabalho no dia em que tentava argumentar com o dono da casa para não despejá-la por atrasar o aluguel… outra vez. Agora, um emprego e um lugar para ficar, e uma herança?

Se isso não fosse o que os as pessoas chamavam de Milagre de Natal uma semana antes das festas de fim de ano, só poderia ser uma pegadinha.

Para Jo, tinha mais cara de pegadinha.

— Não se preocupe com isso, minha querida. Uma ex-funcionária da loja irá ajudá-la a pôr a livraria de volta à ativa, se for o que você deseja, ou ajudá-la a vender o prédio, caso não queira ficar.

— Ah não, ela não precisa se preocupar com isso bem no meio do período de festas. Pode deixar para depois…

O Sr. Wentworth balançou a cabeça. — Sua tia deixou claro em seu testamento que ela queria que você pudesse assumir imediatamente no caso de seu falecimento.

Ainda assim, seria abusar da boa vontade da pessoa. — Ela será compensada por isso, eu espero? — Jo usaria sua herança, isso é… quando ela a recebesse, se eles não tivessem pensado nisso antes.

O velho sorriu suavemente. — Sua tia deixou para ela uma boa quantia em dinheiro. A Sra. Taylor ligou para perguntar sobre a loja e quando soube que você a herdou, ela se ofereceu para ajudar. — Ele coçou o queixo. — Mas deve haver dinheiro suficiente na conta da empresa para contratar mais um ou dois funcionários.

Essa era uma boa notícia, apesar de tudo parecer assustador. Sua tia tinha falecido no final de novembro. Caixotes de enfeites de Natal estavam abertos ao lado do balcão da frente e Jo correu os dedos pela árvore sem decoração próxima a eles. — Ela estava… aqui quando ela… — Ela não conseguiu terminar a frase. Tia Miriam morrera de derrame, mas Jo não havia questionado sobre os detalhes das circunstâncias.

— Sim. Um entregador a encontrou na manhã seguinte, quando ela não abriu a porta, e então ele a viu deitada no chão pela janela.

— Oh, não… — O coração de Jo se apertou quando um arrepio a invadiu. Sua tia morrera sozinha. Que horror… isso a fez se sentir ainda pior por não conhecê-la e por sua família não estar mais perto dela. A mãe de Jo não tinha sido exatamente aberta sobre o que tinha acontecido, mesmo agora que tia Miriam havia morrido. Na verdade, a mulher mal havia reagido à notícia. Como o pai e os avós de Jo também não estavam mais vivos, realmente não sobrou ninguém para perguntar sobre os detalhes.

— Gostaria de dar uma olhada no apartamento de cima?

Aliviada com a mudança de assunto, Jo assentiu. — Sim, por favor.

O apartamento na parte de cima era um estúdio. Havia uma pequena área de cozinha, um banheiro com banheira, um closet e uma ampla área. Havia uma cama de casal sem lençóis de frente para uma lareira. Uma TV foi colocada acima da lareira. Atrás disso, uma pequena mesa e cadeiras compunham a área de jantar, e uma lavadora e secadora estavam espremidas em um canto. Não era muito, mas era perfeito. Jo não tinha sido capaz de trazer muitas coisas com ela, para dizer a verdade ela não tinha muitas coisas. Algumas roupas de cama e toalhas novas podiam ser facilmente obtidas.

 

— Espero que não te incomode muito o fato que a sua tia faleceu nesse prédio. Pelo menos ela não estava na cama.

O queixo de Jo caiu com o comentário. — O senhor disse que eu precisava assinar alguns papéis? — Quanto mais cedo ela fizesse tudo isso, mais cedo ele iria embora e ela poderia começar a limpar e trazer as caixas de seu carro.

Cerca de meia hora depois, Jo estava felizmente sozinha, com as chaves nas mãos e um arquivo cheio de cópias que haviam feito na loja do térreo. Outra hora depois disso e seu carro foi descarregado, ela comprou lençóis e toalhas em uma loja que ficava na mesma rua e estava no andar de cima tirando o pó e limpando os móveis. Por mais que a loja em si precisasse de uma boa limpeza, ela não queria subir para dormir e lembrar que este cômodo também precisava ser limpo.

Com uma música tocando em seu telefone, Jo cantou e dançou enquanto arrumava o apartamento… seu apartamento agora. Ela acenou com a cabeça, olhando ao redor. Era perfeito para ela. Depois de encontrar o aspirador e esfregar as áreas do banheiro e da cozinha, ela decidiu tomar um banho e encerrar o dia de limpeza já que a noite havia caído e seu estômago estava roncando.

Depois de ajeitar tudo, ela tomaria um banho e acharia um lugar para comer antes que ficasse terrivelmente tarde. Ela teria que vasculhar a geladeira e a despensa pela manhã e fazer uma lista de compras. As duas caixas de refrigerantes, água e comida que ela trouxe não durariam muito.

Quando Jo desceu as escadas um calafrio a percorreu. Ela estremeceu e agarrou o casaco de onde havia jogado antes, sobre a caixa registradora. Um baque a fez pular e soltar um gritinho. Virando-se, ela olhou para um livro caído no meio do chão. Ele tinha caído de uma prateleira?

Ela o pegou. Em Casa para o Feriado: Um Livro de Culinária para o Natal. Uma passada rápida de olho na prateleira mais próxima não revelou nem livros temáticos de Natal nem livros de receitas.

Estranho.

Dando de ombros, Jo se certificou de que tinha sua bolsa e as chaves e saiu para encontrar algo para comer.

Capítulo Dois

Brett Jacobs limpou a parte superior do balcão e suspirou. Noite lenta. Mas era uma terça-feira, o dia seguinte ao início cansativo de uma semana de trabalho, antes do meio da semana tumultuado, as terças-feiras eram sempre lentas. Ainda assim, era melhor do que ficar sentado em casa sem nada para fazer a não ser assistir a um jogo qualquer ou algum filme besta com muitas explosões, mas nenhum conteúdo de verdade. Além disso, ele nunca foi baladeiro ou paquerador. Então, a vida dele se resumia a trabalhar ou ler romances de ficção científica, mas ultimamente até a leitura deixava muito espaço para seus pensamentos.

Portanto, ele preferia trabalhar…

O que não era uma coisa ruim. Um emprego no único bar de uma cidade pequena tinha algumas vantagens, ficar preso lá em uma lenta terça-feira não era um deles. Ele olhou para o relógio e gemeu. Apenas dez da noite. O bar fechava à uma hora da manhã durante a semana de trabalho, então só faltavam mais algumas horas. Ao menos isso.

Um de seus clientes, três ao todo, um reparador de automóveis, ergueu sua pilsner vazia no fundo do bar e Brett se aproximou. Ele serviu um copo novo para o homem, perguntou-lhe como estava o trabalho hoje na loja, quando o homem grunhiu em resposta, Brett entendeu a dica e vagou de volta para a extremidade vazia do bar. Uma noite lenta não era tão terrível quando cheia de conversa, mas algumas noites as pessoas só queriam ser deixadas sozinhas com suas bebidas e seus pensamentos.

Porém, havia um limite de vezes que Brett poderia limpar o topo do balcão. Ele esperava que as coisas ficassem mais interessantes, e rápido.

A porta se abriu, deixando entrar o ar frio do inverno quando um cliente apareceu. Brett olhou para cima, abrindo a boca para cumprimentar quem tinha entrado, sua respiração ficou presa. Uma mulher linda estava tremendo na entrada quando a porta se fechou atrás dela. A neve cintilava em seus longos cabelos escuros, ela estava envolta em um casaco azul brilhante sobre jeans e um suéter branco. Suas luvas rosa choque combinavam com o chapéu e o cachecol. Ela não percebeu seu olhar enquanto fazia um caminho mais curto para o canto de trás do bar e deslizou para uma das mesas.

Quem era ela? Brett pegou um cardápio no final do balcão, junto com um porta-copos, e se dirigiu até ela. Em noites lentas, ele atuava como garçom nas cinco mesas que ficavam na parede dos fundos e nas oito mesas altas no meio do salão. Isso dava a ele mais o que fazer, então ele não se importava. Especialmente quando dava a oportunidade de falar com uma mulher bonita, provavelmente visitando a família ou de passagem. Ele ignorou a pontada de decepção que veio junto com o pensamento dela apenas estar lá visitando alguém. Além disso, como ele estava trabalhando, não deveria se preocupar em paquerar ninguém de qualquer maneira.

Ele parou na ponta da mesa enquanto ela tirava as luvas e começava a digitar no celular. Ela nem mesmo olhou para ele. Brett colocou o menu ao lado dela e ela se assustou, olhando para ele brevemente antes de voltar sua atenção para a tela. — Desculpe — disse. — Não te vi. Espera só eu terminar de enviar esta mensagem. Eu sei que isso é rude.

Enquanto esperava, ele colocou o porta-copos no meio da mesa. Os clientes iriam colocá-los onde preferiam que suas bebidas ficassem de qualquer maneira. — Sem problemas. Bem-vinda ao O Único Bar. Meu nome é Brett. Posso começar com algo para beber?

— Esse é realmente o nome desse lugar? — A mulher riu e colocou o celular de lado e finalmente olhou para ele. Seus lábios se separaram e se ele não estava enganado, seus olhos se arregalaram um pouco também. Um sorriso apareceu nos lábios dele enquanto esperava que ela pedisse a bebida. Definitivamente, ela era bonita demais para esta cidade. — Ah, eu… — Ela se sacudiu. — Você serve coquetéis ou apenas cerveja? — O nariz dela enrugou com a palavra cerveja e ele riu.

— Não é fã de lúpulo, hein? — Em seguida, acrescentou: — Sim, somos o único bar da Avenida Principal, então faz sentido o nome ser esse, já que todos chamariam assim de qualquer maneira.

Ela sorriu timidamente enquanto apertava o casaco com mais força contra o corpo. Parecia muito fino para esta parte do país. Definitivamente ela não é daqui. — Dá para entender que essa foi a melhor escolha. Quanto à cerveja, nunca desenvolvi um gosto por ela, infelizmente.

— Nada de errado com isso. O que posso trazer pra você? — O nervosismo o dominou enquanto ele se deleitava com a atenção dela. Fazia tanto tempo que ele não tentava paquerar alguém que de repente não conseguia nem falar com uma mulher atraente?

— Vodka cranberry? — pediu, juntando as mãos de forma suplicante. Quem era ele para negar um pedido tão simples?

Ele piscou. — É para já! Se você estiver com fome, dê uma olhada no cardápio e eu informo ao cozinheiro. — Todd provavelmente estava morrendo de tédio na cozinha esta noite. Ele ficaria empolgado em fazer qualquer coisa. Até mesmo uma torrada seria emocionante.

Depois que ela agradeceu, Brett se virou para voltar para o balcão, notando que seus clientes estavam todos olhando em direção à mesa também. O aborrecimento o percorreu. Ele esperava que não precisasse expulsar ninguém por assediá-la enquanto ela apreciava sua bebida e seu jantar. Então, novamente, ela tinha ido a um bar sozinha. Quem sabia quais eram as intenções dela em vir até aqui?

Ele não estava com ciúmes. Seria absurdo, considerando que ele a conheceu há meros momentos e nem sabia o nome dela. Na verdade, isso era provavelmente uma coisa boa. Um homem poderia se perder em seus olhos castanhos e desejar coisas que não tinha o direito de desejar.

Enquanto ele preparava a bebida dela, Brett olhava para cima ocasionalmente para ver se ela baixava o menu em sinal de que estava pronta para pedir. Quando ele colocou a bebida em uma bandeja redonda para levar até ela do outro lado do salão, ela pousou o menu na mesa e olhou para ele com um sorriso. Aquilo o atingiu em cheio.

Cristo, ela é linda.

Voltando à mesa, Brett colocou a bebida no porta-copos. Ele então colocou a bandeja debaixo do braço e puxou seu bloco de pedidos e uma caneta do bolso de trás. — Então, o que vai querer?

— Como é o cheeseburger de bacon daqui?

O sorriso dele ampliou. — Ah! Garanto que você não viveu até ter provado um dos hambúrgueres gordurosos do Todd. Eu definitivamente recomendo. — Era o favorito dele no menu. — Junto com as batatas fritas com queijo da casa.

Com a menção da comida o estômago dela resmungou alto e ela cobriu o rosto, inclinando-se sobre a mesa. — Ah meu Deus! Que vergonha. Foi um dia tão longo e perdi a noção do tempo. Esqueci de comer.

— Todos nós jantamos tarde de vez em quando.

— Não — disse, espiando ele por trás das mãos. Suas unhas foram aparadas curtas e não estavam pintadas. Pensando bem, ela também não usava muita maquiagem.

De alguma forma, ele achou aquilo revigorante. Sua ex-namorada não conseguia nem passar um dia em casa sem estar totalmente maquiada e com cílios postiços. Nada contra maquiagem, mas ele nunca entendeu porque ela precisava de tudo aquilo. Talvez porque ele era um homem e não achava que era uma necessidade diária.

— Na verdade, esqueci de comer o dia todo. O advogado me arrastou para a livraria da minha tia… bem, minha livraria agora, eu acho… fiquei limpando e arrumando o apartamento no andar de cima. Só agora percebi que precisava de jantar, como este era o lugar mais próximo que tinha comida, aqui estou eu.

Os braços dele despencaram ao lado do corpo. Ele ao menos conseguiu manter o bloco e a caneta na mão, mas a bandeja caiu no chão, fazendo todo tipo estardalhaço. Rapidamente, ele a recuperou e colocou-a na borda da mesa e deslizou para o banco em frente a ela. — Fala sério. Você está se mudando para a livraria da Sra. Miriam, hein?

Ela piscou para ele. — Você conhecia minha tia? — Então ela riu e disse: — Bem, é claro que você conhecia, já que ela vivia e trabalhava bem do outro lado da rua. Todo mundo provavelmente conhece todo mundo aqui.

— Ela era uma senhora muito querida. Vinha todas as segundas-feiras à noite e pedia uma tigela de ensopado irlandês.

A mulher correu uma ponta de dedo ao longo do fundo de seu copo e seu sorriso desapareceu. Foi algo que ele disse? Então, ela suspirou e olhou para ele. — Nunca a conheci. Não sei por que ela me deixou a livraria, sabe? Só espero não arruinar o trabalho de sua vida.

Ele precisou de toda sua força para não estender sua mão e segurar a dela. Ele estava trabalhando e ela era uma cliente. Ele não poderia ser tão ousado. — Você vai se sair bem. — Uma ideia surgiu na mente dele. Se ela fosse ficar, por que ele não deveria conhecê-la melhor? Ele olhou para a mão esquerda dela enquanto ela batia um dedo contra a mesa. Sem anéis naquele dedo anelar. — Você precisa de alguma ajuda com a mudança ou para limpar a loja?

Seu rosto se iluminou consideravelmente, mas então ela balançou a cabeça. — Eu não poderia sobrecarregar você com isso. Você tem seu próprio trabalho.

Brett riu. — Eu tenho dias de folga, sabe?

— Pensarei sobre isso. — Ela sorriu e acenou com a cabeça para o menu que ele colocou de volta na mesa quando se sentou. — Sobre aquele hambúrguer…

O calor envolveu seu rosto e pescoço. Lá estava ele flertando em vez de fazer seu trabalho. — Cristo, eu sinto muito. — Ele se levantou com dificuldade e segurou a caneta e seu bloco de pedidos. — De que jeito você gosta… do hambúrguer? — Ele limpou a garganta, esperando que ela não percebesse o duplo sentido involuntário. — E quais acompanhamentos?


Jo segurou uma risadinha enquanto o barman fofo voltava para trás do balcão para entregar seu pedido. Ele estava obviamente dando em cima dela, mas ela não sabia se deveria flertar de volta ou não. Mas e se administrar uma livraria fosse muito difícil e ela tivesse que vendê-la e se mudar? Não que ela quisesse entrar em um relacionamento agora de qualquer maneira. Além disso, Brett não a acharia tão atraente uma vez que soubesse quão profunda ela estava em dívidas de cartão de crédito. Pelo menos, graças à tia Miriam, ela pode ser capaz de resolver esse problema em breve. Depois que ela gastasse o que era necessário para reabrir a loja e deixá-la pronta para funcionar. Com sorte, ela conseguiria abrir a loja após as festas de fim de ano. E morar no andar de cima significava que ela nunca mais se atrasaria por causa do tráfego.

 

Ela não sabia quanto tempo ficou perdida em pensamentos antes de Brett voltar e colocar um prato enorme com o maior hambúrguer que ela já viu e um prato de batatas fritas com queijo na frente dela. Jo começou a salivar e ficou com medo de dizer qualquer coisa e acabar babando. Em vez disso, ela tomou um gole rápido de sua bebida e murmurou um rápido agradecimento.

A porta se abriu e o único outro cliente que restou no bar saiu vagarosamente, deixando-a sozinha com Brett e quem quer que seja que trabalhava na cozinha. Ela olhou para ele. Ele sorriu para ela. Ele era tão bonito com seu cabelo escuro caindo sobre a testa, sua barba bem cuidada dava-lhe uma aparência robusta. Ele usava um moletom cinza de mangas compridas com o nome do bar, calça cáqui e sapatos pretos.

Não seja boba, Jo. Você pode fazer amizade com um cara bonito e não necessariamente ter que sair com ele.

— Você está terrivelmente ocupado?

Brett olhou ao redor do salão, agora vazio. — Estou absolutamente atarefado agora. Não sei como vou sobreviver a isso.

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