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Aus der Reihe: Memórias de um Vampiro #1
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Capítulo Doze

Os passos deles ecoaram pela escadaria larga de pedra enquanto desciam. A iluminação era pouca. Caitlin esticou o braço e colocou a mão no braço de Caleb. Ela esperava que ele a deixasse ali. Ele a deixou. Na verdade, ele apertou seu braço em torno do dela. Mais uma vez, tudo parecia estar bem. Ela sentia que poderia descer até as profundezas da escuridão, desde que eles estivessem juntos.

Muitos pensamentos cruzaram sua mente. O que era este Conselho? Por que ele havia insistido em levá-la? E por que ela se sentiu tão insistente em estar ao lado dele? Ela poderia ter se oposto facilmente, dito a ele que não queria ir, que preferia esperar até que ele voltasse. Mas ela não queria esperar. Ela queria estar com ele. Ela não conseguia imaginar a si mesma em qualquer outro lugar.

Nada daquilo fazia nenhum sentido. A cada novo acontecimento, ao invés de obter respostas, tudo o que ela tinha eram novas perguntas. Quem eram aquelas pessoas no andar de cima? Eles eram mesmo vampiros? O que eles estavam fazendo lá? Nos Claustros?

Eles fizeram uma curva e entraram em uma grande sala, e ela ficou impressionada com a sua beleza. Era incrível, como descer para um verdadeiro castelo medieval. Tetos altos cobrindo salas esculpidas em pedra medieval. À sua direita, haviam vários sarcófagos, suspensos do chão. Figuras medievais intrincadas foram esculpidas em suas tampas. Alguns deles estavam abertos. Era ali que eles dormiam?

Ela tentou lembrar de todas as lendas sobre vampiros que havia ouvido. Dormiam em caixões. Acordados à noite. Força e velocidade sobre-humana. Dor ao se expor à luz solar. Tudo parecia fazer sentido. Até mesmo ela sentiu alguma dor no sol. Mas não era insuportável. E ela era imune à água benta. Além disso, este lugar, os Claustros, estava coberto de cruzes: haviam cruzes em todo o lugar. Mesmo assim, elas não pareciam afetar estes vampiros. Na verdade, aquela parecia ser a casa deles.

Ela queria perguntar a Caleb sobre tudo isso, e mais, mas não sabia como começar. Ela se contentou com a última pergunta.

“As cruzes,” ela disse, apontando enquanto eles passavam por baixo de outra. “Elas não incomodam você?”

Ele olhou para ela, sem entender. Ele parecia estar perdido em seus pensamentos.

“As cruzes não machucam os vampiros?” ela perguntou.

Reconhecimento cruzou o seu rosto.

“Nem todos nós,” ele respondeu. “A nossa raça é muito fragmentada. Assim como a raça humana. Existem muitas raças dentro da nossa raça, e muitos territórios—ou clãs—dentro de cada raça. É muito complexo. Elas não afetam vampiros bons.”

“Bons?” ela perguntou.

“Assim como na sua raça humana, existem forças para o bem e forças do mal. Nós não somos todos iguais.”

Ele não se aprofundou no assunto. Como sempre, as respostas apenas geravam mais perguntas. Mas ela segurou sua língua. Ela não queria se intrometer. Não agora.

Apesar dos tetos altos, as portas eram pequenas. As portas de madeira arqueadas estavam abertas, e eles passaram por ela, se abaixando. Quando entraram na nova sala, a altura surgiu novamente e aquela era outra sala magnífica. Ela olhou para cima e viu vitrais por todo o lado. À sua direita, havia algum tipo de púlpito, e na frente dele, dúzias de pequenas cadeiras de madeira. Era austero, e lindo. Realmente parecia um tipo de claustro medieval.

Ela não viu nenhum sinal de vida, e não ouviu nenhum movimento. Ela não ouviu absolutamente nada. Ela se perguntou onde todos estavam.

Eles entraram em outra sala, o chão levemente inclinado para baixo, e ela perdeu o fôlego. Esta pequena sala estava cheia de tesouros. Era um museu em funcionamento, e tudo estava guardado com cuidado em redomas de vidro. Bem ali na sua frente, sob luzes fortes de halogênio, estavam o que pareciam ser milhões de dólares em tesouros antigos inestimáveis. Cruzes de ouro. Cálices de prata enormes. Manuscritos medievais...

Ele seguiu Caleb enquanto ele caminhou pela sala e parou em frente de uma longa redoma de vidro vertical. Dentro dela, estava um magnífico cajado de marfim, com vários metros de altura. Ele olhou para o objeto através do vidro.

Ele ficou quieto por vários segundos.

“O que é?” ela finalmente perguntou.

Ele continuou olhando, em silêncio. Finalmente, ele disse, “Um velho amigo.”

E era tudo. Ele não disse mais nada. Ela se perguntou que tipo de história ele tinha com o objeto, e que tipo de poder ele tinha. Ela leu a placa: início dos anos 1300.

“Ele é conhecido como um básculo. O cajado de um bispo. É uma vara e um cajado ao mesmo tempo. Uma vara para punição e um cajado para guiar os fiéis. O símbolo da nossa igreja. Ele tem o poder de abençoar ou amaldiçoar. É o que guardamos. É o que nos mantém seguros.”

Sua igreja? O que eles guardam?

Antes que ela pudesse fazer mais perguntas, ele segurou sua mão e a levou através de outra porta.

Eles chegaram até uma corda de veludo. Ele esticou a mão, soltou a corda e a puxou para que ela entrasse. Ele seguiu atrás dela, recolocou a corda e a levou até uma pequena escada de madeira circular. A escada descia, e parecia levar para dentro do solo. Ela olhou para a escada, confusa.

Caleb se ajoelhou e abriu uma trava secreta no chão. Uma pequena porta no chão foi aberta e ela pôde ver que a escada continuava para baixo, até as profundezas.

Caleb olhou dentro dos olhos dela, “Você está pronta?”

Ela queria dizer não. Mas, ao invés disso, ela segurou a mão dele.

*

Esta escada era estreita e íngreme, e levava até uma escuridão completa. Depois de girar e girar, cada vez mais profundamente, ela finalmente viu uma luz à distância, e começou a ouvir movimentos. Quando eles fizeram a curva, entraram em outra sala.

Esta sala era enorme e muito iluminada, tochas em todo o lugar. Ela era idêntica à sala no andar de cima, com altos tetos de pedra medievais, arqueados, cobertos com detalhes intrincados. Haviam grandes tapeçarias nas paredes, e o enorme espaço estava cheio de mobília medieval.

Também estava cheio de pessoas. Vampiros. Todos estavam vestidos de preto e se moviam casualmente pela sala. Muitos deles estavam sentados em várias cadeiras, alguns estavam conversando um com o outro. No outro clã, embaixo da prefeitura, ela havia sentido o mal, a escuridão, havia se sentido em perigo constante. Aqui, ela se sentia estranhamente relaxada.

Caleb a conduziu pela longa sala, até o centro. Enquanto caminhavam, o movimento diminuiu e um sussurro iniciou. Ele podia sentir todos os olhos neles.

Quando eles chegaram ao outro lado da sala, Caleb se aproximou de um vampiro grande, mais alto do que ele, e com ombros muito mais largos. O homem olhou para baixo, sem nenhuma expressão.

“Eu preciso de uma audiência,” Caleb disse simplesmente.

O vampiro se virou lentamente e caminhou até a entrada, fechando a porta firmemente.

Caleb e Caitlin ficaram parados ali, esperando. Ela se virou e examinou a sala. Todos eles – centenas de vampiros – estavam olhando para eles. Mas ninguém tentou se aproximar.

A porta abriu e o vampiro grande gesticulou. Eles entraram.

Esta pequena sala era mais escura, iluminada apenas por duas tochas do outro lado da sala. Ela também estava completamente vazia, com exceção da longa mesa do lado oposto. Atrás dela, haviam sete vampiros, todos com olhares sombrios. Aquilo parecia um painel de juízes.

Havia algo nestes vampiros que os fazia parecer muito mais velhos. Havia uma dureza em suas expressões. Definitivamente um painel de juízes.

“O Conselho está em sessão!” o vampiro grande gritou, batendo seu cajado no chão, e saindo rapidamente da sala. Ele fechou a porta firmemente atrás dele. Agora, eram apenas os dois, na frente dos sete vampiros.

Ela ficou parada timidamente ao lado de Caleb, sem saber o que fazer ou dizer.

Um silêncio desconfortável seguiu, enquanto os juízes os estudavam. Era como se eles estivessem olhando através de suas almas.

“Caleb,” uma voz grave surgiu do vampiro no centro do painel. “Você abandonou o seu posto.”

“Eu não o abandonei, senhor,” ele respondeu. “Eu permaneci em meu posto por 200 anos. Fui forçado a agir esta noite.”

“Você não faz nada que não tenha sido comandado por nós,” ele respondeu. “Você comprometeu a todos nós.”

“O meu trabalho era nos alertar da chegada da guerra,” Caleb respondeu. “Eu acredito que essa hora chegou.”

Um suspiro veio do Conselho. Houve um longo silêncio.

“E o que faz você concluir isto?”

“Eles a encharcaram com água benta, e a pele dela não queimou. A doutrina nos diz que o dia chegará quando a Escolhida chegará e será imune às nossas armas. E que ela trará a guerra.”

Um sussurro surpreso correu pela sala. Todos olharam para Caitlin, examinando-a. Vários dos juízes começaram a conversar entre si, até que, finalmente, o juiz no meio bateu na mesa com a palma da mão.

“Silêncio!” Ele gritou.

Gradualmente, o murmuro parou.

“Então. Você arriscou a todos nós para salvar uma humana?” ele perguntou.

“Eu a salvei para nos salvar,” Caleb respondeu. “Se ela é a Escolhida, nós não somos nada sem ela.”

A cabeça de Caitlin girava. Ela não sabia o que pensar. A Escolhida? Doutrina? Do que ele estava falando? Ela se perguntou se ele achava que ela era outra pessoa, que ela era alguém mais importante do que ela é.

Desânimo se abateu sobre ela, não por causa da maneira que o Conselho olhava para ela, mas por que ela começou a se preocupar com a possibilidade de Caleb ter salvado a vida dela apenas para o seu próprio benefício. E que ele não se importasse realmente com ela. E que aquela afeição por ela fosse desaparecer quando ele soubesse da verdade. Ele descobriria que ela era apenas uma garota comum, sem se importar com o que havia acontecido nos últimos dias, e ele a abandonaria. Assim como todos os outros homens na vida dela.

 

Como se para confirmar seus pensamentos, o juiz no meio balançou sua cabeça lentamente, olhando para Caleb com condescendência.

“Você cometeu um grande erro,” ele disse. “O que você não consegue ver é que é você quem começou esta guerra. A sua partida é o que os alertou de nossa presença.

“Além disso, ela não é quem você pensa que é.”

Caleb começou, “Mas como você explica–”

Outro membro do conselho falou desta vez, “Muitos séculos atrás, houve um caso como esse. Um vampiro era imune à armas. As pessoas também pensaram que ele era o Messias naquela época. Ele não era. Ele era apenas um mestiço.”

“Mestiço?” Caleb perguntou. Ele parecia inseguro de repente.

“O vampiro por nascimento,” ele continuou, “que nunca foi transformado. Eles são imunes à algumas armas, mas não à outras. Mas isso não os faz um de nós. Nem os torna imortais. Eu lhe mostrarei,” ele continuou, e se virou para Caitlin de repente.

Ela ficou nervosa com os olhos dele olhando através dela. “Conte-me jovem, quem transformou você?”

Caitlin não tinha ideia do que ele estava falando. Ela nem sequer sabia o que a pergunta dele significava. Mais uma vez naquela noite, ela se perguntou qual seria a melhor resposta a dar. Ela hesitou, sentindo que qualquer coisa que dissesse teria um grande impacto, não apenas na sua segurança, mas na de Caleb também. Ela queria dar a resposta certa para ele, mas simplesmente não sabia o que dizer.

“Eu sinto muito,” ela disse, “Eu não sei do que você está falando. Eu nunca fui transformada. Eu nem sei o que isso significa.”

Outro membro do conselho se inclinou para frente. “Então, quem é o seu pai?” ele perguntou.

De todas as perguntas, por que ele tinha que fazer aquela? Aquela era a pergunta que ela sempre havia feito a si mesma, por toda a vida. Quem era ele? Por que ela nunca havia o conhecido? Por que ele a deixou? Era uma resposta que ela queria mais do que tudo no mundo. E agora, sob demanda, ela certamente não podia dá-la.

“Eu não sei,” ela disse, finalmente.

O membro do conselho se inclinou para trás, com um ar de vitória. “Você vê?” ele disse. “Mestiços não são transformados. E eles nunca conhecem seus pais. Você está enganado, Caleb. Você cometeu um erro grave.”

“A doutrina diz que um mestiço será o Messias, e que ela irá nos guiar até a espada perdida,” Caleb retrucou, em tom desafiador.

“A doutrina diz que um mestiço irá trazer o Messias,” o membro do conselho corrigiu. “Não ser o Messias.”

“Você está analisando palavras,” Caleb respondeu. “Eu estou lhe dizendo que a guerra começou, e que ela nos levará até a espada. O tempo é curto. Nós precisamos que ela nos leve até a espada. É a única esperança que temos.”

“Contos infantis,” respondeu outro membro do conselho. “A espada da qual você está falando não existe. E se existisse, não seria uma mestiça que nos levaria até ela.”

“Se nós não o fizermos, outros o farão. Eles irão capturá-la, e encontrar a espada, e usá-la contra nós.”

“Você cometeu uma grande violação ao trazê-la aqui,” outro juiz disse, da extremidade do painel.

“Mas eu—” Caleb começou.

“CHEGA!” o membro líder do conselho gritou.

A sala ficou em silêncio.

“Caleb. Você violou várias leis de nosso clã conscientemente. Você abandonou o seu posto. Você desgraçou a sua missão. Você iniciou uma guerra. E você colocou todos nós em risco por uma humana. Nem sequer uma humana, uma mestiça. E o que é pior, você a trouxe aqui, em nosso meio, colocando todos nós em perigo.

“Nós sentenciamos você a 50 anos de confinamento. Você não sairá deste local. E você expulsará esta mestiça de nosso território imediatamente.

“Agora, deixe-nos.”

Capítulo Treze

Caitlin e Caleb ficaram parados juntos no grande terraço aberto do lado de fora dos Claustros, observando a noite. À distância, ela podia ver o rio Hudson, espreitando entre as árvores sem folhas de março. À distância, ela podia ver até as pequenas luzes dos carros entrando na ponte. A noite estava completamente silenciosa.

“Eu preciso que você responda algumas perguntas para mim, Caleb,” ela disse suavemente, depois de vários segundos de silêncio.

“Eu sei,” Caleb respondeu.

“O que eu estou fazendo aqui? Quem você pensa que eu sou?” Caitlin perguntou. Ela precisou de mais alguns segundos para tomar coragem e fazer a pergunta final, “E por que você me salvou?”

Caleb olhou para o horizonte por vários segundos. Ela não conseguia adivinhar o que ele estava pensando, ou se ele a responderia.

Finalmente, ele se virou para ela. Ele olhou dentro dos olhos dela, e o poder do seu olhar era irresistível. Ela não conseguiria olhar para longe se tentasse.

“Eu sou um vampiro,” ele disse, categoricamente. “Do clã White. Eu tenho vivido por 3 mil anos, e faço parte deste clã por 800 desses anos.”

“Por que eu estou aqui?”

“Os clãs e as raças de vampiros estão sempre em guerra. Eles são muito territoriais. Infelizmente, você acabou caindo no meio disso tudo.”

“O que você quer dizer?” ela perguntou. “Como?”

Ele olhou para ela, confuso. “Você não se lembra?”

Ela olhou para ele, sem reação.

“Você matou. O assassinato desencadeou tudo isso.”

“Assassinato?”

Ele balançou a cabeça lentamente. “Então, você não se lembra. Típico. O primeiro assassinato é sempre assim.” Ele a olhou nos olhos. “Você matou alguém ontem à noite. Um humano. Você se alimentou dele. No Carnegie Hall.”

Caitlin sentiu seu mundo girar. Ela mal podia acreditar que era capaz de machucar qualquer pessoa, no entanto, bem no fundo, ela sabia que era verdade. Ela estava com medo de perguntar quem ela havia matado. Poderia ter sido Jonah?

Como se lesse a mente dela, Caleb adicionou, “O vocalista.”

Caitlin mal podia absorver tudo aquilo. Parecia surreal demais. Ela sentiu como se tivesse acabado se ser rotulada com uma marca negra que ela nunca poderia desfazer. Ela se sentia horrível. E fora de controle.

“Por que eu fiz isso?” ela perguntou.

“Você precisava se alimentar,” ele respondeu. “Por que você o fez lá, e naquele momento, ninguém sabe. Foi isso que começou esta guerra. Você estava no território de outro clã. Um clã muito poderoso.”

“Então, eu estava no lugar errado na hora errada?”

Ele suspirou, “Eu não sei. Pode haver mais do que isso.”

Ela olhou para ele. “O que você quer dizer?”

“Talvez você precisasse estar lá. Talvez, esse fosse o seu destino.”

Ela pensou. Ela pensou muito, com medo de fazer a próxima pergunta. Finalmente, ela reuniu a coragem. “Então, isso significa que… eu sou uma vampira?”

Ele se virou. Depois de vários segundos, ele finalmente disse, “Eu não sei.”

Ele olhou para ela.

“Você não é uma vampira verdadeira. Mas você também não é uma humana verdadeira. Você está em algum lugar no meio.”

“Uma mestiça?” ela perguntou.

“É assim que eles a chamariam. Eu não tenho tanta certeza.”

“O que é isso, exatamente?”

“É um vampiro por nascimento. É contra a nossa lei, nossa doutrina, que um vampiro tenha filhos com um humano. No entanto, às vezes, um vampiro solitário faz isso. Se o humano der à luz, o resultado será um mestiço. Nem totalmente humano, nem totalmente vampiro. Eles são bastante desprezados por nossa raça. A penalidade pela miscigenação com um humano é a morte. Sem exceções. E a criança é considerada uma excluída.”

“Mas eu pensei que você tinha dito que o seu Messias seria um mestiço? Como eles podem desprezar um mestiço se ele será o seu salvador?”

“Tal é o paradoxo da nossa religião,” ele respondeu.

“Me conte mais,” ela incitou. “Como um mestiço é diferente, exatamente?”

“Vampiros verdadeiros se alimentam desde o momento em que são transformados. Mestiços geralmente não começam a se alimentar até que se tornem adultos.”

Ela estava com medo de fazer a próxima pergunta.

“Quando isso acontece?”

“Aos 18 anos.”

Caitlin pensou bem. Tudo estava começando a fazer sentido. Ela havia acabado de completar 18 anos. E os seus desejos haviam só começado.

“Mestiços também são mortais,” Caleb continuou. “Eles podem morrer, como os humanos normais. Nós não podemos.

“Para se tornar um vampiro verdadeiro, uma pessoa precisa ser transformada por um vampiro de verdade, que tenha se alimentado com essa intenção. Os vampiros não têm permissão de transformar qualquer um—isso teria inflado demais a nossa raça. Eles precisam receber permissão antecipada do Conselho Mestre.”

Caitlin franziu a testa, tentando absorver tudo aquilo.

“Você tem algumas das nossas qualidades, mas não todas. E já que não é uma vampira verdadeira, a raça dos vampiros não irá aceitá-la. Todos os vampiros pertencem à um clã. É perigoso não pertencer à um. Normalmente, eu poderia pedir que você fosse aceita em nosso grupo. Mas já que você é mestiça... eles nunca permitiriam. Nenhum clã permitiria.”

Caitlin ponderou tudo. Se havia algo pior do que descobrir que ela não era totalmente humana, era descobrir que ela não era totalmente nada. Descobrir que ela não poderia pertencer a lugar nenhum. Ela não estava nem aqui, nem ali, presa entre dois mundos.

“Então, o que era aquela conversa sobre o Messias? Sobre eu ser… A Escolhida?”

“A nossa doutrina, nossa lei milenar, nos diz que um dia, um mensageiro, um Messias, irá chegar e nos guiar até a espada perdida. Ela nos diz que, nesse dia, a guerra irá começar, uma guerra final e geral entre as raças de vampiros, uma guerra que envolverá até a raça humana. É a nossa versão do Apocalipse. A única coisa que pode pará-lo, que pode salvar a todos nós, é a espada perdida. E a única pessoa que pode nos levar à ela é o Messias.

“Quando eu vi o que aconteceu com você esta noite, eu tive certeza de que era você. Eu nunca havia visto nenhum outro vampiro imune àquela água benta.”

Ela olhou para ele.

“E agora?” ela perguntou.

Ele olhou para o horizonte.

“Eu não tenho tanta certeza.”

Caitlin olhou para ele. Ela sentiu um desespero crescendo.

“Então,” ela perguntou, com medo da resposta, “foi essa a única razão para você ter me salvado? Porque achava que eu iria guiá-lo até uma espada perdida?”

Caleb olhou para ela, e ele pôde ver a confusão em seu rosto.

“Que outra razão poderia haver?” ele respondeu.

Ela ficou sem fôlego, como se tivesse sido atingida por um bastão. Todo o amor que ela havia sentido por ele, a conexão que ela achou que eles tinham, sumiu em um único suspiro. Ela queria chorar. Ela queria sair correndo, mas não sabia para onde ir. Ela se sentia envergonhada.

“Bem,” ela disse, lutando contra as lágrimas, “pelo menos a sua esposa ficará feliz em saber que você estava apenas fazendo o seu trabalho. Que não tinha nenhum sentimento por outra pessoa. Ou por outra coisa, a não ser por aquela espada idiota.”

Ela se virou e saiu caminhando. Ela não sabia para onde estava indo, mas ela precisava sair de perto dele. Os seus sentimentos eram simplesmente fortes demais. Ela não sabia como entendê-los.

Ela havia andado apenas alguns metros quando sentiu uma mão em seu braço. Ele a virou. Ele ficou ali parado, olhando em seus olhos.

“Ela não é minha esposa,” ele disse suavemente. “Nós fomos casados uma vez, mas foi à 700 anos atrás. Na raça vampiresca, infelizmente, não esquecemos as coisas facilmente. Não existem anulações.”

Caitlin tirou a mão dele do seu braço, “Bem, seja lá quem ela for, ela ficará feliz em ter você de volta.”

Caitlin continuou caminhando, na direção da escada.

Novamente, ele a parou, dessa vez ficando diretamente em seu caminho.

“Eu não sei como eu a ofendi,” ele disse, “mas seja lá o que eu tenha feito, eu sinto muito.”

É o que você não fez, Caitlin queria dizer. É que você não se importava, você não me amava realmente. Eu era apenas um objeto, um meio para atingir um fim. Exatamente como todos os homens que ela já havia conhecido. Eu pensei que desta vez, talvez, as coisas seriam diferentes.

 

Mas ela não disse isso, apenas baixou a cabeça e fez o seu melhor para esconder uma lágrima. Ela não conseguiu. Ela sentiu as lágrimas quentes descendo pelo seu rosto. Havia uma mão em seu queixo, e ele o levantou, forçando-a a olhar para ele.

“Me desculpe,” ele disse finalmente, parecendo sincero. “Você estava certa. A espada não era a única razão para que eu salvasse você.” Ele respirou fundo. “Eu sinto algo por você.”

Caitlin sentiu seu coração se encher.

“Mas você precisa entender, é proibido. As leis são muito rígidas sobre isso. Um vampiro nunca, jamais, pode ficar com um humano ou um mestiço, ou qualquer um que não seja um vampiro verdadeiro. A punição seria a morte. Não há como contornar isso.”

Caleb olhou para baixo.

“Então, entenda,” ele finalmente continuou, “se eu sentisse algo por você, se eu agisse por qualquer outro motivo que não o bem geral, isso significaria a minha morte.”

“Então, o que vai acontecer comigo?” ela perguntou. Ela olhou à sua volta, “Está claro que eu não sou bem-vinda aqui. Para onde eu devo ir?”

Caleb olhou para baixo, balançando a cabeça.

“Eu não posso ir para casa,” ela adicionou. “Eu não tenho mais casa. Os policiais estão procurando por mim. E aqueles vampiros maus também estão. O que eu devo fazer? Voltar para lá sozinha? Eu nem sei mais o que eu sou.”

“Eu gostaria de ter essa resposta. Eu tentei. Eu realmente tentei. Mas não há nada mais que eu possa fazer. Ninguém pode desafiar o Conselho. Isso significaria a morte para nós dois. Eu estou sentenciado à 50 anos de confinamento. Não posso sair deste lugar. Se eu saísse, seria banido do clã para sempre. Você precisa entender.”

Caitlin se virou para ir, mas ele a virou novamente.

“Você precisa entender! Você é apenas humana. A sua vida irá terminar em 80 anos. Mas, para mim, são milhares de anos. O seu sofrimento é curto. O meu é eterno. Eu não posso ser banido pela eternidade. Meu clã é tudo o que eu tenho. Eu amo você. Eu sinto algo por você. Algo que até eu mesmo não entendo. Algo que eu nunca senti por ninguém em 3 mil anos. Mas eu não posso arriscar sair daqui.”

“Então,” ela disse, “Eu vou lhe perguntar novamente. O que vai acontecer comigo?”

Ele apenas olhou para baixo.

“Eu entendo,” ela respondeu. “Eu não sou mais problema seu.”

Caleb abriu sua boca para falar, mas desta vez, ela havia partido. Realmente partido.

Ela saiu rapidamente do terraço, e desceu a escada de pedra. Desta vez, ela havia realmente partido, em direção ao Bronx naquela escura noite de Nova York. Ela nunca havia se sentido tão sozinha.