Бесплатно

Transformada

Текст
Автор:
Из серии: Memórias de um Vampiro #1
iOSAndroidWindows Phone
Куда отправить ссылку на приложение?
Не закрывайте это окно, пока не введёте код в мобильном устройстве
ПовторитьСсылка отправлена
Отметить прочитанной
Шрифт:Меньше АаБольше Аа

Capítulo Dez

A água cobriu seu corpo inteiro, tornando difícil respirar ou abrir os olhos. Porém, depois de dez segundos, depois que seu cabelo e corpo inteiro ficaram completamente encharcados, Caitlin piscou os olhos. Ela se preparou para a dor.

Mas a dor não veio.

Ela piscou, e olhou para o caldeirão, se perguntando se ele estava completamente vazio. Ele estava. Ela olhou para si mesma e viu que estava encharcada. Mas estava totalmente bem. Nem uma gota de dor.

O líder, percebendo de repente, levantou de sua cadeira com o queixo caído. Ele estava completamente chocado. Kyle também virou e olhou, sua boca aberta. A assembleia inteira, centenas de vampiros, se levantaram e um arquejo se espalhou pelo salão.

Caitlin percebeu que esta não era a reação que eles esperavam. Todos eles estavam pasmos.

Por alguma razão, a água não a tinha afetado. Talvez ela não fosse uma vampira, afinal.

Caitlin viu a sua chance.

Enquanto todos estavam ali parados, chocados demais para reagir, ela utilizou sua força e, em um único movimento, quebrou as correntes. Ela fugiu correndo da assembleia, na direção daquela porta lateral. Ela rezou para que a porta levasse à algum lugar.

Ela chegou à metade do caminho antes que qualquer um pudesse superar seu choque e reagir.

“Peguem-na!” ela finalmente ouviu o líder gritar.

E então, o som de centenas de corpos se movendo na direção dela. O barulho ecoava nas paredes, vinha de todo o lugar, e ela percebeu que eles não estavam apenas correndo atrás dela, eles estavam pulando do telo, das sacadas, com as asas abertas, perseguindo-a rapidamente. Eles desceram sobre ela, como um abutre atrás da presa, e ela dobrou sua velocidade, correndo com todas as suas forças.

Ela tateava no escuro, guiada apenas pelas tochas, e quando ela fez uma curva, finalmente, à distância, ela viu a porta. Ela estava aberta. E a luz vinha detrás dela. Era realmente uma saída, e teria sido perfeita. Com exceção daquele último vampiro.

Parado em frente à porta, bloqueando seu caminho, estava um vampiro grande e esculpido, vestido de negro. Ele parecia mais jovem do que os outros, talvez 20 anos, e as suas feições eram mais delineadas. Até mesmo correndo, mesmo com sua vida em tanto perigo, Caitlin não pôde deixar de notar que este vampiro era incrivelmente atraente. Mesmo assim, ele estava bloqueando a única saída dela.

Ela podia correr mais do que os outros, mas não conseguiria passar daquele homem sem atravessá-lo. Ele abriu ainda mais a porta, como se desce passagem para ela. Será que ele estava tentando enganá-la? Ela olhou para baixo e viu que ele segurava uma longa lança na mão.

Quando ela chegou mais perto, ele levantou a lança e a apontou para ela. Ela estava a apenas alguns centímetros da porta agora, e não podia parar. Eles estavam se aproximando, e se ela diminuísse a velocidade, seria o seu fim. Então, ela correu diretamente na direção dele, fechando seus olhos e se preparando para o impacto inevitável de sua lança perfurando seu corpo. Pelo menos, seria rápido.

Quando ela abriu seus olhos, viu o vampiro jogar sua lança, e ela se abaixou por reflexo.

Mas ele havia apontado alto demais. Excessivamente alto. Ela esticou seu pescoço para trás e viu que ele não estava apontando para ela, mas para um dos vampiros que a estavam perseguindo. A lança com ponta de prata perfurou a garganta do vampiro, e um grito terrível encheu o salão, e a criatura caiu ao chão.

Caitlin olhou para aquele novo vampiro com surpresa. Ele havia acabado de salvá-la. Por quê?

“Vá!” ele gritou.

Ela acelerou o passo e correu pela porta aberta.

Quando ela saiu, ele saiu com ela e puxou a porta com toda sua força, fechando-a firmemente. Ele esticou o braço, pegou uma enorme haste de metal e a colocou contra a porta, barrando-a. Ele deu vários passos para trás, parando ao lado dela, observando a porta.

Ela não podia deixar de olhar para ele, estudando a linha do seu maxilar, seu cabelo e olhos castanhos. Ela a havia salvo. Por quê?

Mas ele não estava olhando para ela. Ele ainda estava observando a porta, com medo nos olhos. Por uma boa razão. Um segundo depois de ele ter barrado a porta, um corpo se jogou contra ela. A porta tinha dois metros de espessura, era de aço puro, e as barras eram ainda mais espessas. Mas elas não eram o suficiente. Os corpos colidiam contra ela do outro lado, e a porta havia cedido quase que completamente. Seriam apenas segundos até que ela quebrasse totalmente.

“Mexa-se!” ele gritou e, antes que ela pudesse reagir, ele a pegou pelo braço e a levou para longe. Ele a puxou, fazendo-a correr mais rápido do que jamais havia corrido, mais rápido que ela imaginava ser possível, e dentro de segundos, eles haviam percorrido um salão, depois outro, e depois outro, girando e virando de todas as formas. A única coisa que eles tinham para enxergar eram as tochas ocasionais. Ela nunca teria conseguido sair de lá sozinha.

“O que está acontecendo?” Caitlin tentou perguntar enquanto corria, sem fôlego. “Onde estamos –”

“Por aqui!” ele gritou, puxando-a repentinamente em outra direção.

Atrás deles, Caitlin ouviu uma batida, seguida do som de uma multidão, se aproximando deles.

Eles alcançaram uma escadaria circular, feita de pedra, subindo por uma parede. Ele correu a toda velocidade na direção dos degraus, puxando-a com ele, e antes que ela percebesse, eles estavam correndo pela escada, girando em círculos, subindo três degraus por vez. Eles estavam subindo rapidamente.

Quando chegaram no topo, a escada parecia terminar em uma parede intacta. Um teto de pedra estava acima deles e ela não conseguia ver nenhuma saída. Não havia nenhuma. Para onde ele a havia levado?

Ele também estava confuso. E furioso. Mas parecia determinado. Ele deu alguns passos para trás e, com um impulso, avançou para o teto. Era incrível. Com a sua força sobre-humana, ele fez um buraco no teto. A pedra desmoronou e luz começou a entrar. Luz elétrica de verdade. Onde eles estavam?

“Vamos!” ele gritou.

Ele esticou o braço e segurou o dela, puxando-a para cima e para fora, pelo teto e para dentro de uma sala bem iluminada.

Ela olhou em sua volta. Parecia que eles estavam em um tribunal. Ou um museu. Era uma grande e linda estrutura. O piso era de mármore, a sala era toda de pedra, colunas. Era redonda. Parecia um prédio do governo.

“Onde estamos?” ela perguntou.

Ele segurou a sua mão e saiu correndo, puxando-a pela sala com a velocidade de um raio. Ele correu até um par de portas enormes de aço. Ele soltou o seu pulso e correu diretamente até elas, inclinando seu ombro. Elas se abriram com um estrondo.

Ela o seguiu de perto, desta vez sem esperar. Ela ouviu o som de pedra se movendo atrás dela, e sabia que a multidão estava próxima.

Eles estavam na rua, finalmente, e o ar frio da noite bateu no rosto dela. Ela estava tão feliz por ter saído do subterrâneo.

Ela tentou situar-se. Eles definitivamente estavam em Nova York. Mas onde? As redondezas pareciam vagamente familiares para ela. Ela viu uma rua da cidade, um táxi passando. Ela se virou para olhar para trás e viu o prédio de onde eles haviam acabado de sair. A prefeitura. O clã estava embaixo da prefeitura.

Eles desceram os degraus e correram pelo jardim, na direção da rua. Eles não haviam ido longe quando ouviram o barulho de portas abrindo atrás deles, e uma multidão de vampiros.

Eles foram na direção de um enorme portão de ferro. Quando chegaram perto, dois oficiais de segurança. Eles se viraram e os viram correndo para o portão. Seus olhos se arregalaram, em choque, e eles pegaram suas armas.

“Não se movam!” eles gritaram.

Antes que eles pudessem reagir, ele a segurou firmemente, deu três pulos longos e saltou com todas as suas forças. Ela sentiu os dois voando pelo ar, três metros, seis, por cima do portão de metal e caindo do outro lado graciosamente.

Eles caíram e correram. Ela olhou para o seu protetor em choque, se perguntando qual seria a extensão do poder dele. Se perguntando porque ele se importava com ela. E se perguntando porque ela se sentia tão bem ao seu lado.

Antes que ela pudesse pensar mais, eles ouviram um estrondo metálico vindo de trás, seguido por tiros. Os outros vampiros haviam derrubado o portão, levando os policiais com eles. Eles já estavam próximos.

Eles corriam e corriam, mas aquilo não estava funcionando. A multidão estava se aproximando rapidamente.

Ele agarrou a mão dela repentinamente e virou na esquina, levando-os para uma rua lateral. Ela terminava em uma parede.

“É uma rua sem saída!” ela gritou. Mas ele continuou correndo, arrastando-a com ele.

Ele chegou ao fim do beco, colocou um joelho no chão e, com um único dedo, puxou a tampa de um enorme bueiro.

Ela se virou e viu o enorme grupo de vampiros vindo na direção deles, a menos de seis metros de distância.

“Vá!” ele gritou, e antes que ela pudesse reagir, ele a agarrou e a enfiou no buraco.

Ela segurou a escada, e quando olhou para cima, ela o viu se ajoelhar, se preparando. Ele levantou a tampa do bueiro como um escudo.

A multidão de vampiros caiu sobre ele. Ele se debatia freneticamente, e ela ouviu o impacto enquanto ele derrubava vampiro após vampiro com o ferro pesado. Ele estava tentando se juntar a ela, entrar no buraco também, mas ele não conseguiu fazê-lo. Ele estava cercado.

Ela estava prestes a subir e ajudá-lo, quando de repente, um dos vampiros se separou da multidão e desceu pelo buraco. Ele viu Caitlin, chiou, e foi atrás dela.

 

Ela desceu pelas escadas, dois degraus por vez, mas não era rápido o suficiente. Ele caiu sobre ela, e os dois começaram a cair.

Enquanto ela caía, se preparava para o impacto. Por sorte, ele caíram na água.

Quando ela se levantou, viu que estava com aquela água imunda de esgoto até a cintura.

Ela mal teve tempo para pensar quando o vampiro caiu ao seu lado, espalhando água. Com um único movimento, ele se levantou e a esbofeteou, jogando-a para longe.

Ela caiu de costas na água e abriu os olhos para vê-lo atacar novamente, para estrangulá-la. Ela rolou para o lado na hora exata, levantando novamente. Ele era rápido, mas ela também era.

Ele caiu com a cara no chão. Levantou-se, girou e se preparou para lutar, furioso. Ele moveu sua mão direita com garras na direção do rosto dela. Ela desviou, e a mão dele não a atingiu por muito pouco, o vento passando por sua bochecha. A mão dele bateu na parede com tanta força que ficou presa na pedra.

Caitlin estava furiosa agora. Ela sentiu a raiva viva pulsar em suas veias. Ela caminhou na direção do vampiro preso, dobrou a perna e plantou um chute em seu estômago. Ele tombou para frente.

Então, ela o agarrou por trás e o jogou na parede, de cabeça. Sua cabeça bateu com força na pedra. Ela estava orgulhosa de si mesma, acreditando que o havia matado.

Mas ela foi surpreendida por uma dor repentina no rosto, e percebeu que havia levado outro tapa. Este vampiro se recuperava rapidamente—muito mais rápido do que ela pensou ser possível. Ele caiu sobre ela com um estrondo e a derrubou. Ela o havia subestimado.

A mão dele estava em sua garganta, com força. Ela era forte, mas ele era mais. Ele tinha uma força antiga que corria pelo seu corpo. Sua mão estava fria e pegajosa. Ela tentou resistir, mas a força era demais. Ela caiu sobre um joelho, e ele continuou apertando. Antes que ela percebesse, ele estava empurrando sua cabeça para baixo, na direção da água. No último segundo, ela conseguiu gritar: “Socorro!”

Um segundo depois, sua cabeça estava submersa.

*

Caitlin sentiu a perturbação na água, as ondas batendo, e sabia que alguém mais havia caído na água. Ela estava ficando se oxigênio rapidamente, sem conseguir lutar.

Caitlin sentiu braços fortes embaixo dela, e sentiu que estava sendo içada para cima e para fora da água.

Ela pulou e tentou recuperar o fôlego, sugando-o mais profundamente do que nunca. Ela respirava sem parar, hiperventilando.

“Você está bem?” ele perguntou, segurando seus ombros.

Ela acenou com a cabeça. Era tudo que podia fazer. Ela olhou em sua volta e viu seu agressor caído lá, flutuando na água, de costas. O sangue estava escorrendo de seu pescoço. Ele estava morto.

Ela olhou para ele, seus olhos castanhos olhando para ela. Ele a havia salvo. Novamente.

“Nós temos que ir,” ele disse, agarrando seu braço e a levando, encharcada, pela água. “Aquele bueiro não irá aguentar muito mais.”

Naquela mesma hora, a tampa do bueiro acima deles foi arrancada de repente.

Eles correram. Eles cruzaram túnel após túnel, e ouviram o som de água espirrando atrás deles.

Ele fez uma curva acentuada e o nível de água baixou até os seus tornozelos. Eles conseguiram alcançar uma velocidade boa.

Eles entraram em mais um túnel, e se encontraram no meio de uma grande infraestrutura de Nova York. Haviam enormes canos de vapor aqui, soltando nuvens gigantes de vapor. O calor era insuportável.

Ele a levou por mais um túnel, e de repente, a levantou e a colocou em suas costas, colocando seus braços ao redor do peito dele, e subiu uma escada, três degraus por vez. Eles estavam subindo, e quando ele chegou ao topo, empurrou a tampa de um bueiro e o fez voar.

Eles estavam de volta ao solo, nas ruas de Nova York. Onde, ela não tinha ideia.

“Segure-se firme,” ele disse, e ela o segurou mais forte, juntando suas mãos. Ele correu e correu, até alcançar uma velocidade que ela nunca havia experimentado. Ela se lembrava de ter andado na garupa de uma motocicleta uma vez, a anos atrás, e da sensação do vento batendo em seu cabelo a quase 100 quilômetros por hora. Aquilo era parecido. Mas ainda mais rápido.

Eles pareciam estar se movendo a 130 quilômetros por hora, depois a 160, a 190... a velocidade continuava aumentando. Os prédios, as pessoas, os carros—tudo se tornou um borrão. E antes que ela percebesse, eles haviam decolado.

Eles estavam no ar, voando. Ele abriu suas enormes asas negras, batendo-as lentamente ao lado dela. Eles estavam acima dos carros, acima das pessoas. Ela olhou para baixo e viu que eles havia voado sobre a Rua 14. Então, alguns segundos mais tarde, sobre a Rua 34. Mais alguns segundos e eles estavam sobre o Central Park. Aquilo a deixou sem fôlego.

Ele olhou sobre seus ombros, e ela fez o mesmo. Ela mal conseguia ver, com o vento batendo em seus olhos, mas ela podia ver que ninguém, nenhuma criatura, estava seguindo-os.

Ele diminuiu um pouco a velocidade e mergulhou, baixando sua altitude. Agora, eles voavam um pouco acima da linha de árvores. Era lindo. Ela nunca havia visto o Central Park desta forma, com suas passarelas iluminadas, o topo das árvores bem embaixo dela. Ela sentiu como se pudesse esticar o braço e tocá-las. Ela sentiu que o lugar nunca seria tão lindo quanto era naquele momento.

Ela juntou ainda mais as mãos em torno dele, sentindo seu calor. Ela se sentia segura. Por mais surreal que tudo aquilo fosse, as coisas pareciam ter voltado ao normal nos braços dele. Ela queria voar assim para sempre. Ao fechar os olhos e sentir a brisa refrescante acariciar seu rosto, ela rezou para que aquela noite nunca acabasse.

Capítulo Onze

Caitlin sentiu a diminuição na velocidade e a descida. Ela abriu seus olhos. Ela não reconhecia nenhum dos prédios abaixo deles. Parecia que eles estavam do outro lado da cidade. Provavelmente, em algum lugar do Bronx.

Durante a descida, eles voaram sobre um pequeno parque e, na distância, ela pensou ter visto um castelo. Quando chegaram mais perto, ela percebeu que era realmente um castelo. O que um castelo estava fazendo ali, em Nova York?

Ela tentou se lembrar e percebeu que já havia visto aquele castelo antes. Em um cartão postal qualquer... Sim. Era um museu de algum tipo. Quando eles subiram um pequeno monte, voando sobre seus baluartes e suas pequenas muralhas medievais, ela lembrou de repente o que era. Os Claustros. O pequeno museu. Ele havia sido trazido da Europa, pedaço por pedaço. Tinha centenas de anos. Por que ele a estava trazendo aqui?

Eles desceram tranquilamente por cima da muralha externa e para dentro de um grande terraço de pedra, com vista para o rio Hudson. Eles pousaram na escuridão, mas os pés dele tocaram a pedra graciosamente, e ele a soltou gentilmente.

Ela ficou parada ali, olhando para ele. Ela o observou atentamente, esperando que ele ainda fosse real, que não fosse embora voando. E esperando que ele fosse tão lindo quanto da primeira vez que ela o viu.

Ele era. Talvez, até mais. Ele olhou para ela com seus grandes olhos castanhos, e naquele momento, ela se sentiu perdida.

Existiam tantas perguntas que ela queria fazer, ela nem sequer sabia onde começar. Quem era ele? Como ele podia voar? Ele era um vampiro? Por que ele havia arriscado sua vida pela dela? Por que trazê-la aqui? E o mais importante, tudo o que ela havia visto tinha sido apenas uma alucinação maluca? Ou vampiros realmente existiam, aqui mesmo em Nova York? E seria ela um deles?

Ela abriu sua boca para falar, mas tudo o que conseguiu dizer foi: “Por que estamos aqui?”

Ela sabia que aquela era uma pergunta estúpida no momento que a fez, e se odiou por não perguntar algo mais importante. Mas, parada ali naquela noite fria de março, com o rosto um pouco dormente, aquilo era o melhor que ela podia fazer.

Ele apenas olhou para ela. O olhar dele parecia penetrar a sua alma, como se ele estivesse vendo através dela. Parecia que ele estava se perguntando o quanto ele podia contar a ela.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, ele abriu sua boca para falar.

“Caleb!” gritou uma voz, e os dois se viraram.

Um grupo de homens – vampiros? – vestidos de preto marchavam na direção dele. Caleb se virou e olhou para eles. Caleb. Ela gostou daquele nome.

“Nós não temos autorização para a sua chegada,” o homem no meio disse, extremamente sério.

“Ela não foi anunciada,” Caleb respondeu categoricamente.

“Então, nós teremos que levá-lo sob custódia,” ele disse, acenando para seus homens, que rodearam Caleb e Caitlin. “As regras.”

Caleb acenou, sem reação. O homem no meio olhou diretamente para Caitlin. Ela pôde ver a reprovação nos olhos dele.

“Você sabe que nós não podemos deixá-la entrar,” o homem disse à Caleb.

“Mas vocês vão,” Caleb respondeu categoricamente. Ele encarou o homem, com a mesma determinação. Era um encontro de forças.

O homem ficou ali parado, e ela pôde ver que ele não tinha certeza do que fazer. Um longo e tenso silêncio seguiu.

“Muito bem,” ele disse, virando de costas abruptamente e indo na frente. “É o seu funeral.”

Caleb seguiu, e Caitlin caminhou ao lado dele, sem saber o que fazer.

O homem abriu uma enorme porta medieval, puxando-a pelo seu grande anel de bronze. Ele então deu um passo para o lado, acenando para que Caleb entrasse. Outros dois homens, de preto, estavam parados do lado de dentro em posição de sentido.

Caleb pegou a mão de Caitlin e a guiou pelo caminho. Quando ela passou pelo enorme arco de pedra, se sentiu como se estivesse entrando em um outro século.

“Acho que nós não precisamos pagar o ingresso,” Caitlin disse à Caleb, sorrindo.

Ele olhou para ela, piscando. Ele levou um segundo para perceber que aquilo era uma piada. Finalmente, ele sorriu.

Ele tinha um lindo sorriso.

Ele a fez pensar em Jonah. Ela se sentiu confusa. Era estranho para ela ter sentimentos fortes por qualquer garoto—muito menos por dois deles no mesmo dia. Ela ainda tinha sentimentos por Jonah. Mas Caleb era diferente. Jonah era um garoto. Caleb, apesar de parecer jovem, era um homem. Ou era... alguma outra coisa? Havia algo nele que ela não podia explicar, algo que a fazia olhar para ele. Algo que a fazia não querer sair do lado dele. Ela gostava de Jonah. Mas ela precisava de Caleb. Estar perto dele era essencial.

O sorriso de Caleb sumiu tão rapidamente quanto apareceu. Ele estava claramente perturbado.

“Receio que haverá um preço muito maior pela entrada,” ele disse, “se esta reunião não correr como eu gostaria.”

Ele a guiou através de outro arco de pedra, e para um pequeno pátio medieval. Perfeitamente simétrico, cercado em quatro lados por colunas e arcos, este pátio iluminado pela lua era lindo. Ela não conseguia entender como eles ainda estavam em Nova York. Eles poderiam estar no campo europeu.

Eles caminharam pelo pátio e por um longo corredor de pedra, o som de seus passos ecoando. Eles estavam sendo seguidos por vários outros guardas. Vampiros? Ela se perguntou. Se fossem, por que eram tão civilizados? Por que não atacavam Caleb, ou ela?

Eles passaram por outro corredor de pedra e através de outra porta medieval. E então, pararam repentinamente.

Parado ali estava outro homem, vestido de preto, que era incrivelmente parecido com Caleb. Ele usava uma grande capa vermelha sobre os ombros, e estava cercado por vários assistentes. Ele parecia ter uma posição de autoridade.

“Caleb,” ele disse suavemente. Ele parecia surpreso ao vê-lo.

Caleb ficou parado, calmamente, encarando-o.

“Samuel,” Caleb respondeu, categoricamente.

O homem ficou parado ali, observando, balançando um pouco a cabeça.

“Nem sequer um abraço para o seu irmão perdido?” Caleb perguntou.

“Você sabe que isto é muito sério,” Samuel respondeu. “Você violou muitas leis ao vir aqui esta noite. Especialmente ao trazê-la.”

O homem nem sequer olhou para Caitlin. Ela se sentiu insultada.

“Mas eu não tinha escolha,” Caleb disse. “O dia chegou. A guerra está aqui.”

Um murmuro cresceu entre os vampiros parados ao lado de Samuel, e entre o crescente grupo de vampiros se formando atrás deles. Ela se virou e viu que haviam mais de uma dúzia deles ao redor dela. Ela estava começando a se sentir claustrofóbica. Eles estavam em um número extremamente menor, e não havia saída. Ela não tinha ideia do que Caleb havia feito, mas seja o que fosse, ela esperava que ele pudesse resolver tudo com uma conversa.

 

Samuel levantou suas mãos, e murmúrio parou.

“Além disso,” Caleb continuou, “esta mulher aqui,” ele disse, apontando para Caitlin, “ela é A Escolhida.”

Mulher. Caitlin nunca havia sido chamada de mulher antes. Ela gostou. Mas não entendeu. A Escolhida? Ele havia colocado um ênfase engraçado naquela frase, como se estivesse falando do Messias ou algo assim. Ela se perguntou se eles eram todos loucos.

Outro murmúrio surgiu, e todas as cabeças se viraram para ela.

“Eu preciso ver o Conselho,” Caleb disse, “E eu preciso levá-la comigo.”

Samuel balançou a cabeça.

“Você sabe que eu não irei pará-lo. Eu só posso aconselhar. E eu lhe aconselho a ir embora agora, voltar para o seu posto e aguardar a convocação do Conselho.”

Caleb olhou para ele. “Eu receio que isso não seja possível,” ele disse.

“Você sempre fez o que quis,” Samuel disse.

Samuel se afastou, e ele sinalizou com a mão, mostrando que Caleb podia passar.

“A sua esposa não ficará feliz,” Samuel disse.

Esposa? Caitlin pensou, e sentiu um calafrio subir pela sua coluna. Por que ela se sentia tão loucamente ciumenta de repente? Como os sentimentos dela por Caleb haviam se desenvolvido tão rápido? Que direito ela tinha de sentir tamanho sentimento de possessividade por ele?

Ela sentiu suas bochechas ficarem vermelhas. Ela se importava. Não fazia sentido algum, mas ela se importava completamente. Por que ele não me disse–

“Não a chame assim,” Caleb respondeu, suas bochechas ficando vermelhas também. “Você sabe que –”

“Sabe o quê!?” o grito de uma mulher foi ouvido.

Todos se viraram para ver uma mulher caminhando na direção deles pelo corredor. Ela também estava vestida de preto, com cabelos longos vermelhos e esvoaçantes que passavam dos seus ombros, e grandes olhos verdes brilhantes. Ela era alta, eterna, e extremamente bela.

Caitlin se sentiu humilhada pela presença dela, como se tivesse encolhido. Esta era uma mulher. Ou era uma…vampira? O que quer que fosse, ela era uma criatura com a qual Caitlin nunca poderia competir. Ela se sentiu esvaziada, preparada para abrir mão de Caleb para quem quer que ela fosse.

“Sabe o quê!?” a mulher repetiu, olhando duramente para Caleb ao se aproximar dele, a apenas alguns metros de distância. Ele olhou para Caitlin, e a boca da mulher se curvou com um rosnado. Caitlin nunca havia visto ninguém olhar para ela com tanto ódio antes.

“Sera,” Caleb disse suavemente, “nós nos separamos à 700 anos.”

“Para você, talvez,” ela retrucou.

Ela começou a caminhar, circundando Caitlin e Caleb. Ela a olhou de cima a baixo, como se fosse um inseto.

“Como você se atreve a trazê-la aqui,” ela disse, irritada. “Realmente. Você é muito mais inteligente do que isso.”

“Ela é a Escolhida,” Caleb disse categoricamente.

Diferente dos outros, esta mulher não pareceu surpresa. Em vez disso, ela soltou uma curta risada de zombaria.

“Isso é ridículo,” ela respondeu. “Você trouxe a guerra até nós,” ela continuou, “e tudo por uma humana. Uma simples paixãozinha,” ela disse, sua raiva crescendo. Com cada frase, a multidão atrás dela parecia se agitar, a crescer com uma raiva similar. Eles estavam se tornando uma multidão enfurecida.

“Na verdade,” Sera continuou, “nós temos o direito de destruí-la.”

A multidão atrás dela começou a murmurar, aprovando a ideia.

A raiva cruzou o rosto de Caleb.

“Então você terá que passar por mim,” Caleb respondeu, olhando para Sera com a mesma determinação.

Caitlin sentiu um calor percorrer seu corpo. Ele estava colocando a sua vida em risco por ela. Novamente. Talvez ele realmente se importasse.

Samuel deu um passo à frente, entre os dois, e estendeu as mãos. A multidão silenciou.

“Caleb solicitou uma audiência com o Conselho,” ele disse. “Nós devemos ao menos isso a ele. Deixá-lo expor o seu caso. Deixar que o Conselho decida.”

“Por que deveríamos?” Sera retrucou.

“Por que é isso que eu disse,” Samuel respondeu, uma determinação de aço em sua voz. “E eu dou as ordens aqui, Sera, não você.” Samuel a encarou por um longo tempo. Finalmente, ela recuou.

Samuel deu um passo para o lado e apontou para a escada de pedra.

Caleb pegou a mão de Caitlin e a guiou para frente. Eles pisaram nos largos degraus de pedra e desceram para a escuridão.

Atrás dela, Caitlin ouviu uma risada aguda cortar a noite.

“Boa viagem.”