Jeremy (Anjos Caídos #4)

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4

Houve um rosnado baixo. E então, do nada, uma bala marrom-avermelhada entrou no quarto e parou a seus pés.

— Bear! Sua louca bolinha de pelo. Sou eu — disse ele, rindo do chihuahua. Depois que Bear faleceu, Jeremy fez uma viagem especial para recuperá-la para Naomi e Lash. Depois de todo esse tempo, a cadelinha ainda não parecia gostar dele.

Bear arqueou as costas. Seu pequeno rosto estava baixo no chão enquanto ela continuava a rosnar.

— Por que você não gosta de mim? Eu sou um cara legal, você verá se me der uma chance. — Ele se abaixou para acariciá-la.

Ela rosnou, mordiscando seus dedos.

— Ei! — Ele puxou a mão para trás.

Ela correu em círculos, suas pequenas patas estalando contra o chão enquanto latia.

— Bear, pare com isso.

Jeremy ficou de pé ao ouvir o som da voz de Naomi.

— Naomi! Eu… hum…

Sua voz sumiu no momento em que ele a viu, e ele esqueceu o que ia dizer. Ela ficou parada na entrada da sala, as cortinas brancas tremulando atrás dela. Olhos azuis pálidos seguravam os dele, e tudo o que ele pensava era afogar-se neles para sempre. Então, seus olhos desceram para o travesseiro em sua mão.

Horrorizado, ele o jogou na cama e rapidamente se afastou. Como ele ia explicar isso?

Bear correu entre seus pés, latindo, e seu pé acidentalmente pousou na ponta de sua cauda. Ela chorou, correndo para o lado de Naomi.

— Desculpe, Bear.

Bear olhou para Naomi, depois se curvou no chão, fazendo-a parecer ainda menor, e rosnou. Era como se Bear soubesse o que ele estava pensando e estivesse protegendo Naomi por Lash.

— Pare com isso, Bear. O que aconteceu com você? — Naomi estendeu a mão, esfregando a cabecinha da cadela.

— É minha culpa. Eu pensei que vi… depois o travesseiro.... Eu cometi um erro. Eu não deveria estar aqui. — Ele deu um passo em direção à janela, imaginando como iria tirá-la do caminho sem tocá-la.

— Por favor, não vá.

Ele fez uma pausa, contemplando os olhos brilhantes olhando para ele com amor fraternal e nada mais.

— Lash e eu estamos preocupados com você — disse ela.

Não. Ele gemeu, Lash estava com ela. Com todo esse absurdo de sonhar acordado, ele não viu seu irmão entrar. Ele examinou o quarto em pânico. Levou tanto tempo para reconquistar a confiança de seu irmão, não queria perder de novo. Por que ele veio até aqui? E por que não conseguia ir embora?

— Lash, eu não…

— Ele não está aqui, está com Uri e Rachel. Eu disse a ele que queria falar com você sozinha, — disse ela.

Ele suspirou, agradecido que Lash não o pegou agindo como um tolo apaixonado por sua esposa.

— Você não vai dizer a ele que eu estava aqui, não vai? — O pensamento de seus braços e pernas entrelaçadas ao redor dele passou por sua mente e ele rapidamente olhou para baixo, afastando as imagens. Ele não podia nem olhar para ela agora sem pensar nesses sonhos. A atração por ela era muito intensa.

— Eu não vou.

— Bom. — Ele abriu as asas, concentrando-se no pequeno espaço vazio ao lado dela. Havia apenas espaço suficiente para ele se espremer sem fazer qualquer contato. Ele se apressou para frente.

— Jeremy, por favor. Diga-me o que está errado. — Ela agarrou seu bíceps, parando-o.

Ele se encolheu, a dor não era um desconhecido para ele. Sabia como era queimar célula por célula quando esteve no Lago de Fogo, mas nada era tão doloroso quanto o toque dela. O choque correu das pontas de seus dedos diretamente através de seus braços e para seu peito.

— Eu não posso fazer isso. — Sua voz era um sussurro rouco.

— Fazer o que?

Te segurar. Te adorar. Te amar.

Ele não podia responder a essa pergunta, não do jeito que queria. Ele tinha que ir, mas o toque delicado de sua mão em seu braço o segurou como mil correntes. Mechas de cabelo bateram contra seu lindo rosto, clamando seu coração.

Olhe para longe.

Os olhos de safira escureceram quando travaram com os dela. Sua respiração quente bateu contra sua bochecha áspera.

Afaste-se.

Ele se aproximou. Seus cílios escuros abaixaram quando seus olhos desceram para os lábios rosados dela.

Só um beijo. Um abraço.

Bear latiu.

Ele parou, chocado com o que quase fez, mas seu coração estava pesado porque não tinha feito. Ele olhou para Bear, agradecido por ela ter visto o que Naomi obviamente não podia ou se recusara a ver.

— Eu não posso — disse ele, afastando-se de seu alcance.

— Por favor, Jeremy. Deixe-me te ajudar. Apenas fale comigo, você pode me dizer qualquer coisa. Você é meu…

— Pare! — Doloridos olhos correram para os dela antes que ela pudesse dizer a palavra que iria matá-lo. — Não me pergunte o que está errado. Você não tem o direito de perguntar.

No segundo em que sua expressão mudou, ele desejou que pudesse pegar as palavras de volta. A fachada do arcanjo feliz que ele construiu cuidadosamente, estava rachando. Ele não sabia quanto tempo poderia aguentar.

Então, quando seu rosto se transformou de mágoa para raiva e seus olhos se iluminaram com um fogo azul, ele soube que estava a segundos de puxá-la em seus braços e levá-la até a cama, que estava a apenas alguns passos de distância.

— Eu tenho todo o direito de perguntar. Eu me preocupo com você. Você é meu irmão...

— Droga, Naomi! Você não consegue ver o que está fazendo comigo?

— Estou tentando ajudar você.

— Você não está ajudando. Eu não posso estar aqui com você assim.

— Assim como? Me importando com você?

— Sim! Você não consegue ver que isso me machuca mais do que qualquer outra coisa? Você se importar comigo como uma irmã.

— O que há de errado com isso?

— Nada… tudo. Eu sei que deveria ser grato por qualquer pedaço de você que eu possa ter. Ter você como minha irmã deveria ser o suficiente. Ter meu irmão e minha família comigo deveria ser suficiente. Eu quero que seja, mas não é porque eu...

Ele cerrou os dentes antes de deixar as palavras saírem de seus lábios. Se as deixasse ir, não haveria como voltar atrás.

— Oh, Jeremy, já falamos sobre isso antes. Eu pensei que você havia concordado.

— Eu sei. Eu sei. Você acha que esses sentimentos que tenho por você estão na minha cabeça. Mas não estão, Naomi. Estão aqui. — Ele bateu a mão no peito nu. — Está tudo aqui. Tudo por você, porque você é tudo o que posso pensar, tudo o que eu sonho. E eu não deveria pensar em você... não desse jeito. Eu não posso mais fazer isso.

— O que você está dizendo?

— Eu preciso ir embora.

Ela piscou, incrédula. — Você não pode. Vai magoar o Lash. E seus pais? Você não pode simplesmente ir.

— Não há outra maneira. Gabrielle me concederá licença de longo prazo na Terra se eu precisar, tenho certeza disso. — Ele olhou para o rosto devastado dela e se perguntou quanto tempo ele poderia viver uma vida separada dela e de sua família. — Eu tenho que me afastar por tempo suficiente para que quando voltar, eu possa amar você como uma verdadeira irmã.

Se isso sequer é possível. Ele engoliu o nó na garganta ao pensar em nunca mais a ver ou a sua família.

Ele foi até a beirada da janela, colocando as asas perto do corpo, pausou. Virando-se para Naomi, ele se aproximou dela. Sua mão gentilmente acariciou sua bochecha.

— Diga ao meu irmão que vou sentir falta dele.

— Não. Diga você mesmo. — Uma lágrima rolou por sua bochecha, molhando seu polegar.

Ele baixou a mão e balançou a cabeça, afastando-se dela antes de mudar de ideia. — Será melhor para todos nós se não fizer. Por favor, faça isso por mim, Naomi.

Sem ouvir sua resposta, ele saltou da borda, caindo livre no céu. Quando seu corpo disparou pela montanha, o vento passou, enchendo seus ouvidos com ruído branco e bloqueando os soluços de Naomi. Quando ele estava prestes a bater no chão, abriu suas asas e levantou seu corpo para cima, evitando o chão por apenas alguns metros. Ele foi para o Salão do Julgamento, o único lugar quieto onde poderia ficar sozinho e pensar em como iria convencer Gabrielle a deixá-lo ir.

5

Abrindo as pesadas portas de mogno, ele entrou na sala escura. Velas se alinhavam nas paredes. No outro extremo da vasta sala, situada no alto de uma plataforma de três andares, havia uma alta cadeira feita de madeira. A almofada de veludo vermelho brilhante reluzia sob as dezenas de velas que cercavam o Salão do Julgamento. Ele esteve na sala dezenas de vezes com Lash, e às vezes com outros anjos que tinham caído. Ele sempre ficava de lado, observando Michael realizar o julgamento, imaginando como seria se ajoelhar na frente do poderoso arcanjo, vulnerável, pedindo perdão e sendo levado de volta ao céu. Embora ele ignorasse as regras de tempos em tempos, nunca pensara em ir contra a lei celestial ao ponto de ser banido. Por que faria? Ele tinha tudo o que ele precisava ou queria… até agora.

As chamas cintilaram quando ele caminhou rapidamente para a cadeira de Michael e se ajoelhou diante dela. Sua cabeça caiu em direção ao peito. Ele não precisava mais se perguntar como os outros se sentiam nessa posição, ele sentia em cada parte de seu corpo. Seu peito ficou pesado quando as últimas semanas passaram por sua mente. Lutando contra Lash, desejando a esposa de seu irmão, sonhando com uma vida em que seu irmão não existisse para que pudesse tê-la.

 

— Perdoe-me, irmão.

Sua voz pesada ecoou na câmara silenciosa. Ele lutou tanto para reconquistar a confiança de Lash, não queria perder seu irmão novamente. No entanto, o pensamento de sair e nunca mais ver sua família ou Naomi novamente estava rasgando seu coração, arrancando seu coração pedaço por pedaço. Ele não podia ficar, mas também não podia ir.

— Ajude-me a encontrar um caminho.

Uma brisa fresca passou por sua nuca, seguida por um toque em seu ombro. Ele ficou de pé e girou ao redor.

— Gabrielle! — Por que ela estava aqui? Anjos não entravam na sala a menos que precisassem.

— Eu estava… eu estava... — Ele passou a mão pelo cabelo enquanto examinava a sala, procurando por uma desculpa. — Eu estava procurando por uma vela extra.

Ele pegou uma na prateleira, xingando quando a cera quente espirrou em sua mão. Esfregando a mão, ele olhou para Gabrielle. Seu estômago se contorceu com a expressão em seu rosto. Era o mesmo olhar que Naomi lhe dera... pena.

Naomi lhe contara o que havia acontecido? Ele não conseguia pensar em nenhum outro motivo pelo qual Gabrielle, que sempre era toda focada nos negócios, olharia assim para ele. Que patético. Até o arcanjo mais forte sentia pena dele.

— Ah, droga, desculpe por isso.

Por que ela estava parada ali?

Diga algo. Me repreenda. Me jogue para fora. Qualquer coisa.

— Faz um tempo desde que este corpo teve cera quente sobre ele. — Ele piscou suas covinhas, esperando que ela entendesse a sua insinuação e chutasse sua bunda deplorável para fora da sala.

— Jeremiel. — Ela soltou um suspiro lentamente. Seus cílios escuros se fecharam por um momento, depois se levantaram. Olhos esmeralda suaves o olhavam com ternura. Ela estava com medo de que ele se partisse.

Ele deu um passo para trás, sorrindo com tanta força que seus dentes estalaram.

Vamos, Gabrielle. Me mande parar com isso. Me castigue. Só não olhe para mim assim. Eu não posso aguentar isso de você também.

O silêncio encheu a sala. Seu coração batia em seus ouvidos, o tempo passando enquanto esperava Gabrielle responder.

— Para alguém que é um grande jogador de pôquer, você é um péssimo mentiroso — ela finalmente disse.

— Sim, já me disseram isso antes.

— Eu não queria te incomodar. Se você precisa de alguns momentos sozinho, posso pedir a alguém que fique de guarda na porta para garantir que ninguém entre.

— Não, terminei aqui. — Ele soltou um suspiro. Ela não fez nenhuma pergunta sobre por que estava sozinho, ajoelhado como um dos caídos na frente da cadeira de Michael. Ela era muito educada para isso. Era a única coisa de que ele gostava nela.

Seus lábios se curvaram em um sorriso suave. Se quisesse pedir permissão para ficar na Terra, deveria fazê-lo agora. Ele abriu a boca, mas as palavras ficaram presas na garganta.

— Há algo que você quer me perguntar?

Pergunte a ela, idiota.

Sua boca ficou seca, com medo que tivesse que explicar por que estava pedindo isso. Como um arcanjo, ele não precisava de permissão para ir à Terra, mas para qualquer estadia prolongada, ele precisava obter aprovação dela ou de Michael. Gabrielle era sua melhor tentativa. Ela era rigorosa quando se tratava de seguir a lei dos anjos, e sempre estava comprometida ao seu dever, mas não se intrometia. Na primeira vez que ele fora embora depois da briga com Lash, fora ela quem o mandou ir. De alguma forma, ela sabia que ele precisava ir. E quando ele retornou, ela nunca questionou por onde esteve.

— Eu, uh… — Ele olhou para a vela em sua mão, nervosamente passando-a entre o polegar e o dedo.

Ele não podia fazer isso. Sabia que deveria ir, mas não suportava pensar em deixar Naomi e não vê-la todos os dias. E Lash... sua garganta ficou apertada novamente. Naomi estava certa. Depois de tudo que ele e seu melhor amigo tinham passado, isso iria partir seu coração. Lash finalmente estava feliz, e ele não queria ser aquele que destruiria seu mundo feliz.

— Deixe-me ajudá-lo. — Gabrielle se aproximou e colocou uma mão delicada sobre a dele.

Seus olhos se elevaram e olharam para o rosto deslumbrante. Ele nunca esteve tão perto dela. Ele observou o jeito que o seu vestido creme abraçava suas curvas e o modo como as mechas douradas pendiam como seda fina. Seus olhos eram tão vívidos, um caleidoscópio de amarelo e tons de verde. Ele olhou mais fundo nos olhos dela. Era como se um véu tivesse sido levantado e ele pudesse ver nas profundezas de sua alma. Havia muita força nela... e tristeza.

Lentamente, ele levantou a mão e acariciou sua bochecha. Ela era linda. A mão dele não zumbiu com eletricidade como quando tocava Naomi. Mas havia uma certa paz quando estava com ela. Ela o entendia. Talvez eles estivessem destinados a ficarem juntos, ligados por seu amor não correspondido... dela por Raphael e dele por Naomi.

Eu me pergunto como seria.

6

Não havia nada. Nenhum fogo correndo pelo seu corpo. Nenhuma agitação no seu estômago com a antecipação de algo mais. Era como beijar sua mãe.

— Não é isso que eu quis dizer, Jeremiel. — Ela inclinou a cabeça, afastando-se.

— Me desculpe, eu não sei o que deu em mim. — Ele sentou-se no último degrau da plataforma e abaixou a cabeça sobre as mãos. Ele estava bagunçando de tudo. Era isso que ele poderia esperar a partir de agora, fazer coisas inapropriados nos lugares mais sagrados? Ele beijou Gabrielle, meu Deus do céu!

Ele balançou sua cabeça. Tinha que haver algo que pudesse fazer sobre isso. De alguma forma, Gabrielle conseguiu se manter intacta, e ela vinha fazendo isso há séculos.

Lentamente, ele levantou a cabeça. Ela tinha as respostas, e tinha que dizer a ele o que fazer.

— Como você conseguiu?

— Desculpe?

— Como você conseguiu, vê-lo todos os dias, sabendo que Raphael não…?

Dor atravessou seu rosto adorável. Ele respirou fundo ao ver sua angústia. Durante todos os anos que trabalharam juntos, ele nunca a viu assim. Sua testa franziu enquanto lutava para controlar a expressão do rosto e afastar séculos de dor e saudade. Antes que pudesse pedir desculpas por ter mencionado Raphael, ela ergueu a mão, silenciando-o.

— Você sabe — disse ela.

Ele assentiu.

Ela fechou os olhos por um momento, pensando. Quando ela os abriu, respirou hesitante como se estivesse indecisa sobre fazer uma pergunta para a qual queria desesperadamente uma resposta. Depois de respirar, as palavras se espalharam.

— Alguém mais sabe?

— Acho que não.

Ela acenou levemente, depois se virou e andou de um lado para o outro. Seu vestido ondulando enquanto se movia. Ela torceu as mãos, resmungando: — Eu preciso melhorar, ou todos vão saber.

Ótimo. Ele estava piorando as coisas, não deveria ter mencionado Raphael.

— Eu não direi nada sobre você e…

Ela congelou, sua expressão horrorizada.

Eu deveria calar a boca agora. Ele fez uma careta e fechou a boca.

— Eu não estou preocupada com isso, eu confio em você. Eu pensei... Não importa. — Ela balançou a cabeça como se estivesse eliminando o que quer que estivesse a preocupando e soltou um suspiro lento. — Então, você quer saber como eu faço isso?

— Sim.

Ela ficou em silêncio por um momento. Seu belo rosto mudando de desejo para felicidade para dor e, finalmente, para a familiar expressão severa.

— Você simplesmente... faz.

— É só isso? Não há mais nada? — Tinha que haver alguma coisa. Ele tentaria qualquer coisa.

— Não há mais nada. Melhora com o tempo, ou pelo menos é o que ouvi de filósofos humanos. Não tenho certeza se isso se aplica aos anjos. O tempo dos humanos é finito, enquanto para os anjos é…

— Para sempre — ele gemeu. Recostando-se contra os degraus, ele olhou para o teto abobadado. Sombras da luz das velas dançavam em seu rosto bonito enquanto estudava os intrincados desenhos góticos que cobriam o vasto salão. Era engraçado como os humanos queriam viver para sempre. Se eles soubessem como realmente é viver para sempre.

O que ele ia fazer?

— Então a primeira vez que você foi embora não ajudou? — Ela perguntou.

— Sim… não… Eu não sei. No começo, foi difícil esquecer Naomi. Eu pensava nela todos os dias, e não sabia por que não podia esquecê-la. Saber sobre o nosso passado juntos fez isso...

Ele parou e virou a cabeça para Gabrielle enquanto ela se sentava no degrau ao lado dele.

— O que você está fazendo? — Seus olhos se arregalaram quando ele se inclinou para perto, inalando.

— Esse cheiro. — Ele fechou os olhos, cheirando seu pescoço novamente. Era uma mistura de jasmim e coco.

— É o hidratante que você me trouxe quando voltou de sua estadia na Terra, lembra?

— Sim, certo. — Inclinando-se para trás, ele colocou os cotovelos nos degraus, deixando sua mente vagar enquanto se lembrava de seu tempo na ilha jardim, como Kauai era conhecida. Memórias de árvores grandes com flores de jasmim, praias de areia branca e pranchas de surfe percorreram sua mente.

— Então, seu tempo na ilha... Eu pensei que ficar longe havia ajudado.

— Sim, ajudou. — Tanto aconteceu desde que ele retornou de Kauai, parecia que tinha sido anos. Na verdade, foram anos, no tempo da Terra.

— Você parecia ter se divertido enquanto esteve fora.

Ele olhou para cima. O que ela tinha visto? A maior parte do tempo que passou lá, ele andava deprimido, andando pelas praias até conhecer Sammy e Leilani.

Ele sorriu, relembrando. Que dupla eram esses dois. Algumas semanas com eles e voltou a se sentir como o seu antigo eu de novo, até…

Ele engoliu em seco, rapidamente voltando sua atenção para Gabrielle.

— Você viu?

— Claro que sim. Eu te dei o máximo de privacidade que pude, mas Michael queria que eu ficasse de olho em seu mais precioso arcanjo. Existem tão poucos de nós. Ele não queria arriscar perder outro. Além disso, eu nunca visitei Kauai. É uma linda ilha.

— Sim.

Ela o estudou por um momento, observando a camisa preta casual e jeans. Era tão diferente dos ternos finos sob medida que ele costumava usar. — Você mudou muito desde que foi. Você também fez alguns amigos humanos.

— Você viu isso.

E lá vamos nós. Ele esperou por sua reclamação e aviso. Anjos, especialmente o arcanjo da morte, nunca deveriam se aproximar dos humanos. Não fazer amizade com humanos e, acima de tudo, não se apaixonar por eles. Nublava o julgamento e os impedia de cumprir o seu dever. Ele não precisava ser lembrado do que poderia acontecer quando um anjo se aproximava de um humano. Tudo o que ele tinha que fazer era olhar no espelho.

— Sim, eu vi... alguns momentos. Minha parte favorita era o chiclete. Ela é uma garota adorável. Qual era o nome dela?

Ele levantou uma sobrancelha, surpreso pela reação dela. Ou estava aliviando mais as regras, ou ele realmente parecia confuso e ela tinha um coração para... como os humanos diziam? ... chutar um homem quando ele já está caído.

— Leilani. — Quando o nome saiu da sua língua, ele ficou surpreso com a sensação de calor em seu peito. Era como se fosse transportado de volta para Kauai para Leilani e Sammy.

— Você quer voltar.

— Eu… — Ele não sabia como responder. Emoções batalhavam dentro dele. Ele deveria ficar com sua família onde era o pobre coitado apaixonado pela esposa de seu irmão e ter que viver com a pena nos olhos de Naomi? Ou ele deveria ir para outro lugar onde era olhado com admiração?

— Não tenho certeza.

— Não vejo nenhum motivo para você não ir por um dia ou dois. Todos nós precisamos de uma pausa de vez em quando.

Ele sabia o porquê. Se ele fosse embora, provavelmente nunca voltaria. Era tentador ir a um lugar onde pudesse esquecer Lash, Naomi, todo mundo. Talvez até esquecer que ele era um arcanjo.

— Isso é generoso da sua parte. Vou pensar sobre isso. Então me diga, sobre o que você queria me ver?

Gabrielle tirou um papel do bolso. Ela fez uma pausa, batendo-a contra a palma da mão e depois dobrando. — A tarefa pode esperar. Eu gostaria de saber mais sobre o seu tempo em Kauai.

Ela está sorrindo.

Ele franziu a testa. Por que ela estava sorrindo? Gabrielle nunca conversava com ninguém, mesmo com Raphael. Ela era toda séria.

 

— Bem, é o paraíso. Foi preciso uma amizade especial para trazer algum sentido a minha cabeça antes que pudesse me divertir.

— Leilani?

— Sim, Leilani.

— Então, foi o surfe ou o seu rosto batendo na areia que melhorou o seu humor? — Seus olhos brilharam.

— Ugh, eu não posso acreditar que de todo o tempo que eu passei na ilha, esse foi o momento em que você decidiu me espiar.

— Eu vou ser sincera, eu também precisava de uma boa risada, especialmente depois de você e Lash…

A sala ficou quieta enquanto se olhavam. Ele não percebeu que a briga com seu irmão a afetou tanto. Claro, foi mais que uma briga. Foi o começo de uma nova vida para ele, uma vida em que seus olhos finalmente se abriram.

Abaixando a cabeça, ele fechou os olhos e lembrou-se do momento em que sua vida mudou, o instante em que o Arcanjo Raphael revelou que ele era mais do que um mentor e querido amigo, as lembranças momentâneas de um passado muito antigo emergiam dos recessos mais profundos de sua mente.

Foi o momento em que seu coração traíra seu irmão pela primeira vez.

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