Antes Que Ele Sinta

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Aus der Reihe: Um Enigma Mackenzie White #6
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CAPÍTULO QUATRO

O primeiro pensamento que brotou na cabeça de Mackenzie quando ela viu Langston Ridgeway foi que ele parecia um louva-deus. Ele era alto e magro e movia os braços como estranhas pequenas pinças quando falava. O fato dos seus olhos estarem enormes de fúria enquanto gritava com todos que tentavam conversar com ele não ajudava.

O Xerife Clarke os guiou à pequena sala de conferências no fim do corredor─uma sala que não era muito maior que seu escritório. Lá, com as portas fechadas, Langston Ridgeway ficou tão alto quanto podia enquanto Mackenzie e Ellington aturavam sua ira.

"Minha mãe está morta, se foi," ele lamentou, "e eu estou inclinado a culpar a incompetência dos funcionários do maldito lar. E já que esse deplorável xerife se recusa a me deixar falar com Randall Jones pessoalmente, eu gostaria de saber o que vocês dois capangas do FBI tem intenção de fazer sobre isso.”

Mackenzie hesitou um segundo antes de responder. Ela estava tentando medir o nível de luto dele. Da forma que ele estava se comportando, era difícil dizer se sua ira era uma expressão de sua perda ou se ele realmente era apenas um homem atroz que gostava de gritar ordens para os outros. Até então, ela não conseguia dizer.

"Muito francamente," disse Mackenzie, "eu concordo com o xerife. Agora você está com raiva e machucado e parece que você está procurando passar a culpa. Sinto muito pela sua perda. Mas a pior coisa que você poderia fazer agora é confrontar o gerente do lar."

“Culpa?” Ridgeway perguntou, claramente não acostumado com as pessoas não se curvarem e concordarem com ele imediatamente. “Se aquele lugar é responsável pelo que aconteceu com minha mãe, então eu—”

“Nós já visitamos o lar e conversamos com Sr. Jones," disse Mackenzie o cortando. “Eu posso garanti-lo que o que aconteceu com sua mãe foi influência de fontes externas. E se forem internas, então certamente o Sr. Jones sabe nada sobre elas. Eu posso dizer tudo isso com absoluta confiança."

Mackenzie não tinha certeza se o olhar de choque que veio sobre o rosto de Ridgeway foi o resultado de seu desacordo com ele ou porque ela havia o interrompido.

“E você entendeu tudo isso com aquela única conversa?" ele perguntou, claramente cético.

"Sim," ela disse. “Obviamente, essa investigação ainda está muito nova, então eu não posso estar certa de coisa alguma. O que eu posso dizer a você é que é muito difícil conduzir uma investigação quando eu recebo chamadas que acabam me fazendo ter que deixar a cena de um crime apenas para escutar pessoas gritarem e reclamarem."

Ela quase podia sentir a fúria saindo dele agora. “Eu perdi minha mãe," ele disse, cada palavra como um suspiro. “Eu quero respostas. Eu quero justiça."

“Ótimo," disse Ellington. "Nós queremos a mesma coisa."

"Mas para conseguirmos," disse Mackenzie, "você precisa nos deixar trabalhar. Eu entendo que você possui influência por aqui, mas francamente, eu não ligo. Nós temos um trabalho a fazer e não podemos deixar sua raiva, luto ou arrogância ficarem no caminho."

Durante a conversa inteira, Xerife Clarke sentava-se à pequena mesa de conferências. Ele estava fazendo o seu melhor para conter um sorriso.

Ridgeway ficou quieto por um momento. Ele ia e voltava com o olhar entre os agentes e o Xerife Clarke. Ele assentiu e quando uma lágrima escorreu pela lateral de seu rosto, Mackenzie pensou que ela pudesse ser real. Mas também ainda conseguia ver a raiva nos olhos dele, logo ali na superfície.

"Tenho certeza que você está acostumado a distribuir ordens para policiais de cidadezinhas, para suspeitos e para sei lá mais quem," Langston Ridgeway disse. “Mas deixe-me dizer isso a você… se você deixar a bola cair nesse caso ou, por qualquer motivo, me desrespeitar de novo, eu farei uma ligação para DC. Eu vou falar com seu supervisor e vou enterrar você."

A parte triste é que ele acha que é completamente capaz de tal coisa, Mackenzie pensou. E talvez ele seja. Mas com certeza eu adoraria ser uma mosca na parede quando alguém como Langston Ridgeway começa a latir para McGrath.

Ao invés de agravar a situação, Mackenzie decidiu permanecer calada. Ela deu uma olhada para o lado e viu que Ellington estava abrindo e fechando o punho… um pequeno artifício ao qual ele recorria sempre que estava à beira de ficar irracionalmente nervoso.

No fim, Mackenzie disse, "Se você nos deixar fazer nosso trabalho sem obstáculos, não chegará a isso."

Estava claro que Ridgeway estava procurando por algo mais para dizer. Tudo o que ele pode elaborar foi um abafado hunf. Ele seguiu isso se afastando rapidamente e deixando a sala. O que muito lembrou Mackenzie de uma criança no meio de uma birra.

Após alguns segundos, Xerife Clarke inclinou-se para frente com um suspiro. “E agora vocês veem com o que eu venho lidando. Aquele garoto acha que o sol nasce e se põe ao redor do seu rabo mimado. E ele pode continuar falando sobre ter perdido a mãe o quanto ele quiser. Tudo com o que ele se preocupa é a mídia em grandes cidades descobrindo que ele a despejou em um lar… mesmo que seja um bem agradável. Ele se preocupa com a própria imagem mais do que qualquer outra coisa."

“Sim, eu tive essa mesma sensação," disse Ellington.

"Você acha que podemos esperar alguma outra interferência dele?" perguntou Mackenzie.

"Eu não sei. Ele é imprevisível. Ele fará tudo o que ele achar que possa melhorar suas chances de conseguir atenção pública, a qual depois se tornará votos para qualquer horizonte maldito que ele almeja."

"Então certo, Xerife," disse Mackenzie, "se você tem alguns minutos, porque não nos sentamos e repassamos o que sabemos?"

"Não vai demorar muito," ele disse. “Porque não há muito mesmo.”

"É melhor que nada," disse Ellington.

Clarke assentiu e ficou de pé. “Vamos de volta para meu escritório, então," ele disse.

Enquanto caminhavam pelo pequeno corredor, ambos Mackenzie e Ellington deram um sobressalto quando Clarke berrou, "Ei, Frances! Passe uma garrafa de café, você poderia, querida?"

Mackenzie e Ellington trocaram um olhar perplexo. Ela estava começando a ter uma sensação muito boa sobre o Xerife Clarke e a maneira que ele conduzia as coisas. E, embora eles possam ser um pouco rústicos, ela estava descobrindo que gostava um pouco dele—linguagem suja e sexismo não intencional à parte.

Com a noite avançando, Mackenzie e Ellington se aconchegaram ao redor da mesa de Clarke e repassaram o material existente no caso.

CAPÍTULO CINCO

Logo antes de Frances trazer o café, o Policial Lambert retornou. Agora que ele não estava digitando no telefone, Mackenzie viu que ele era um homem jovem, no início dos seus trinta. Ela achou estranho que um policial estivesse servindo como mão direita de Clarke, ao invés de um delegado, mas não deu muita atenção a isso.

Cidade pequena, ela pensou.

Os quatro se sentaram ao redor da mesa de Clarke repassando o material. Clarke parecia estar mais do que feliz em deixar Mackenzie conduzir. Ela estava feliz em ver que ele parecia estar se recuperando rapidamente… aceitando-a mais como um igual.

"Então vamos começar com o mais recente," ela disse. “Ellis Ridgeway. Cinquenta e sete anos de idade. Como eu estou começando a aprender, ela tem um filho muito arrogante e cheio de si. Fora o fato de ela ser obviamente cega, o que mais vocês podem me dizer sobre ela?"

"Isso é tudo, realmente," disse Clarke. "Ela era uma senhora doce. Pelo que posso concluir, todos no lar a adoravam. O que me assusta em toda essa situação é que o assassino tem que ser familiar para ela, certo? Ele tinha que saber que ela havia deixado a casa para atingi-la dessa forma".

"Meu cérebro também queria ir nessa direção," disse Mackenzie. "Mas se essas mortes estiverem conectadas─e certamente parece que estão─isso significa que para alguém local que a conheça o tenha feito, haveria muita viagem envolvida. A outra morte foi o que… duas horas e meia de distância?"

"Quase três," disse Clarke.

"Exatamente", disse Mackenzie. "Sabe, eu até imaginei por um momento que pudesse ter sido outro residente, mas eu fui informado com boa autoridade por Randall Jones que ninguém a seguiu ontem. Aparentemente, há provas em vídeo sobre isso, as quais nós ainda não vimos graças à interferência de Langston Ridgeway. E a respeito dos residentes ou funcionários deixarem o lar quando Sra. Ridgeway estava ausente, não há evidência para embasar outra pessoa saindo durante esse tempo─nem residentes, nem empregados, ninguém."

"E então, voltando para aquele primeiro assassinato," disse Ellington, "nós precisaremos ir conversar com os membros da família em breve. O que você pode nos dizer sobre a primeira vítima, Xerife?"

"Bem, foi em outro lar para cegos," ele disse. "E tudo o que eu sei sobre isso está naquele arquivo que você tem, tenho certeza. Como eu disse, fica há quase três horas daqui, quase em West Virgínia. Um lugar precário pelo que pude reunir. Não é realmente um lar, mais similar a uma escola, eu acho."

Ele deslizou uma folha de papel para ela e ela viu o breve relatório policial da primeira cena. Foi em uma cidade chamada Treston, a cerca de vinte e cinco milhas de Bluefield, West Virgínia. Kenneth Able de trinta e oito anos foi estrangulado até a morte. Havia sinais de abrasão ao redor dos olhos. O corpo foi descoberto escondido no armário do quarto no qual ele ficava a maior parte do tempo dentro do lar.

Os fatos eram muito robóticos, sem detalhes. Mesmo havendo observações sobre a investigação estar em andamento, Mackenzie duvidou que fosse algo sério.

Aposto que agora está, no entanto, ela pensou.

Essa nova morte foi muito explícita para negar. As vítimas eram muito semelhantes, bem como eram os sinais de agressão nos corpos.

 

"Eu pedi a Randall Jones para compilar uma lista de empregados ou de outros associados com o lar que pudessem ser, mesmo levemente, possíveis suspeitos," disse Mackenzie. "Eu acho que nossa próxima melhor aposta é falar com esse lugar em Treston para ver se há alguma ligação."

"A desvantagem aqui é que Treston fica longe para caramba," apontou Ellington. "Mesmo se isto acabar por ser moleza, vai haver algumas viagens envolvidas. Parece que nós não conseguiremos ter tudo ajeitado tão rapidamente quanto o ilustre Sr. Ridgeway gostaria."

"Quando o trabalho de perícia completa será feito na Sra. Ridgeway?" perguntou Mackenzie.

"Estou esperando ouvir algo em poucas horas," disse Clarke. "Porém, uma investigação preliminar mostrou nada óbvio. Sem digitais, sem cabelos visíveis ou outros materiais deixados para trás.”

Mackenzie assentiu e olhou de volta para os arquivos do caso. Quando ela havia acabado de começar a explorá-los propriamente, seu telefone tocou. Ela o abriu e respondeu: "Agente White."

“Randall Jones falando. Eu tenho uma lista de nomes para vocês, como você pediu. É curta e eu estou bem certo de que todos eles estão limpos."

"Quem são eles?"

"Há um cara da equipe de manutenção que não é muito confiável. Ele trabalhou o dia todo ontem, saindo logo depois das cinco. Eu perguntei por aí e ninguém o viu retornar. Há outro cara que trabalha para uma loja especial de serviços sociais. Ele vem e joga jogos de tabuleiro às vezes. Meio que vem e brinca com eles. Ele faz algumas coisas voluntariamente como serviços de limpeza ou mudar os móveis de lugar de tempos em tempos."

"Você pode me enviar por mensagem os nomes e qualquer informação de contato que você tenha?"

"Certo," disse Jones, claramente infeliz por considerar algum dos homens como suspeitos.

Mackenzie terminou a chamada e olhou de volta para os três homens na sala. "Era Jones com dois possíveis candidatos. Um trabalhador de manutenção e alguém que vai como voluntário e passa um tempo com os residentes. Xerife, ele vai me enviar os nomes por mensagem a qualquer momento. Você poderia dar uma olhada neles e─"

O telefone dela tocou ao receber a mensagem em questão. Ela mostrou os nomes ao Xerife Clarke e ele deu de ombros, derrotado.

"O primeiro nome, Mike Crews, é o cara da manutenção," ele disse. “Eu sei como fato que ele não estava matando ninguém depois do serviço na noite passada, porque eu tomei uma cerveja com ele no Rock's Bar. Isso foi depois que ele foi até a casa da Mildred Cann para consertar o ar condicionado dela de graça; Eu já posso dizer a vocês que Mike Crews não é o seu cara."

"E sobre o segundo nome?" perguntou Ellington.

"Robbie Huston," ele disse. "Eu só o vi de passagem. Estou bem certo que ele é enviado por algum tipo de loja de serviços sociais fora de Lynchburg. Mas pelo que eu entendo, ele é como um santo no lar. Lê para os residentes, é bem amigável. Como eu disse, ele está fora de Lynchburg. Fica a cerca de uma hora e meia de distância daqui─bem no caminho para Treston, de fato."

Mackenzie olhou de volta para a mensagem de Jones e salvou o número que ele havia fornecido para Robbie Huston. No melhor dos casos era uma pista frágil, mas pelo menos era alguma coisa.

Ela olhou para seu relógio e viu que era perto das seis horas. "Quando seu delegado e outros policiais vão reportar?" ela perguntou.

“Muito em breve. Mas ainda ninguém ligou com qualquer coisa. Eu os manterei atualizados se vocês quiserem sair e recolher seus pertences."

"Parece bom para mim," disse Mackenzie.

Ela pegou os arquivos do caso enquanto ficou de pé. "Obrigado por sua ajuda esta tarde," disse Mackenzie.

"É claro. Eu só queria oferecer mais assistência. Se vocês quiserem, posso chamar a Polícia Estadual até aqui para ajudar. Eles estiveram aqui nessa manhã, mas se espalharam bem rápido. Eu acho que pode haver alguns deles ficando aqui na cidade por um dia ou dois."

"Se chegar a esse ponto, eu te aviso" disse Mackenzie. "Boa noite, senhores."

Com isso, ela e Ellington saíram. O saguão da frente estava vazio agora, Frances tendo terminado o dia.

No estacionamento, Ellington hesitou por um momento ao tirar as chaves. "Hotel ou uma viagem a Lynchburg?" ele perguntou.

Ela pensou sobre isso e, apesar da forte tentação em continuar a investigação mesmo tarde da noite, sentiu que tentar entrar em contato com Robbie Huston pelo telefone produziria os mesmos resultados que uma viagem até Lynchburg. Mais do que isso, ela já estava começando a acreditar que o Xerife Clarke sabia o que ele estava fazendo─e se ele não possuía ressalvas sobre Huston, então ela confiaria nisso por enquanto. Era uma das melhores coisas em trabalhar em um caso em uma cidade pequena─quando todos se conheciam quase intimamente, as opiniões e instintos da polícia local podiam frequentemente ser bem confiáveis.

Ainda continuará válido ligar para ele quando acomodarmos, ela pensou.

“Hotel," ela disse. "Se eu não puder conseguir o que quero ligando para ele essa noite, nós paramos em Lynchburg amanhã."

"No caminho para Treston? Parece ser uma longa viagem."

Ela assentiu. Iria ser um monte de idas e vindas. Eles poderiam ter mais sucesso se eles se separassem amanhã. Mas eles poderiam discutir estratégia depois de dar entrada em um quarto com os arquivos dos casos em frente a eles e um ar condicionado explodindo ao lado deles.

Nem uma vez, pela atração da luxúria, a ideia de um condicionado nesse calor opressivo era muito boa para resistir. Eles entraram no carro ardendo em chamas, Ellington desceu as janelas e eles foram para oeste, para o que servia como o coração de Stateton.

***

O único motel de Stateton era um surpreendentemente bem cuidado quadradinho de construção chamado Pousada do Condado de Staunton. Continha doze quartos, nove dos quais estavam vagos quando Mackenzie entrou no saguão e solicitou um quarto para a noite. Agora que McGrath sabia sobre a relação dos dois, ela e Ellington não precisavam mais se preocupar sobre alugar dois quartos apenas para manterem as aparências. Eles reservaram um único quarto com uma só cama, após um dia estressante de dirigir no calor, fizeram bom uso dele assim que a porta fechou atrás deles.

Afinal, ao tomar banho, Mackenzie não podia deixar de apreciar o sentimento caloroso de ser desejada. Era mais que isso, porém; o fato de que eles haviam começado a tirar as roupas no momento em que ficaram sozinhos e de que eles tinham acesso a uma cama a fizeram sentir dez anos mais jovem. Era uma boa sensação, mas uma que ela tentava manter sob controle duramente. Sim, ela estava curtindo as coisas com Ellington e seja lá o que estivesse acontecendo entre eles era uma das coisas mais animadoras e promissoras que aconteceram a ela nós últimos anos, mas ela também sabia que se não fosse cuidadosa, poderia deixar isso interferir com seu trabalho.

Ela sentia que ele também sabia disso. Ele estava arriscando as mesmas coisas que ela: reputação, zombaria e desgosto. Embora ultimamente ela não estivesse certa que ele também estava preocupado com ter o coração partido. Ao conhecê-lo melhor, ela estava bem segura de que Ellington não era o tipo de cara que dormia por aí ou tratava mal as mulheres, mas ela também sabia que ela acabara de sair de um casamento frustrado e estava sendo muito cauteloso sobre o relacionamento deles─se este fosse o nome que estavam escolhendo chamar.

Ela estava ficando com a sensação de que Ellington não ficaria muito abalado se as coisas entre eles terminassem. Conquanto para ela… bem, ela não tinha certeza de como encararia isso.

Enquanto ela saia do banho e se secava, Ellington estava ali, no banheiro. Parecia que ele havia planejado se juntar a ela no banho, mas havia acabado de perder a chance. Ele estava dando um olhar para ela que mantinha um pouco da sua malícia usual, mas também algo concreto e estóico─algo que ela veio a pensar como a sua "expressão de trabalho."

"Sim?" ela perguntou divertidamente.

"Amanhã… eu não quero fazer isso, mas talvez nós devêssemos nos separar. Um de nós vai até Treston enquanto o outro fica aqui e trabalha com a Polícia local e o médico legista."

Ela sorriu, percebendo quão sincronizados eles poderiam ficar de tempos em tempos. "Eu estava pensando a mesma coisa."

"Você tem alguma preferência?" ele perguntou.

"Na verdade não. Eu vou pegar Lynchburg e Treston. Eu não me importo em dirigir."

Ela achou que ele iria discutir, querendo pegar o tempo na estrada. Ela achava que ele particularmente não gostava de dirigir, mas ele também não gostava da ideia de ficar na estrada sozinho.

"Parece bom," ele disse. "Se nós pudermos fechar o dia com novas informações sobre o lar em Treston com qualquer informação que conseguirmos do legista por aqui, talvez consigamos amarrar esse negócio rapidamente, como todos estão esperando.”

"Parece ótimo," ela disse. Ela plantou um beijo na boca dele ao passar.

Um pensamento cruzou a cabeça dela ao voltar para o quarto, um que a fez sentir quase doente de amor, mas que não poderia ser negado.

E se ele não se sentir por mim da mesma maneira como eu me sinto por ele?

Ele parecia ligeiramente distante na última semana ou duas, e enquanto ele tenha feito o seu melhor para esconder dela, ela observou isso aqui e ali.

Talvez ele perceba como isso pode afetar nosso trabalho.

Era uma boa razão─uma razão na qual ela também pensava frequentemente. Mas ela não poderia se preocupar com isso agora. Com o relatório do legista sendo entregue a qualquer momento, este caso tinha potencial para se desenrolar bem rapidamente. E ela sabia que se a mente dela estivesse em assuntos de Ellington e no que eles significavam um para o outro, ela poderia se enrolar completamente.

CAPÍTULO SEIS

Quando ambos se separaram na manhã seguinte, Mackenzie ficou surpresa em notar que Ellington parecia particularmente sombrio sobre isso. Ele a abraçou no quarto do motel um pouco mais demoradamente que o normal e parecia meio triste quando ela o deixou no DP de Stateton. Com um aceno pelo para-brisa enquanto ele entrava, Mackenzie voltou para a estrada principal com uma viagem de duas horas e quarenta e cinco minutos a frente dela.

Estando na floresta, o sinal do seu telefone era irregular. Ela não foi capaz de fazer uma ligação para o segundo potencial suspeito de Jones, Robbie Huston, até que ela estivesse a cerca de quinze quilômetros fora dos limites da cidade de Stateton. Quando ela finalmente conseguiu fazer a ligação, ele respondeu ao segundo toque.

“Alô?”

“É Robbie Huston?" ela perguntou.

“É. Quem pergunta?"

“Aqui é a Agente Mackenzie White do FBI. Eu estava pensando se você teria tempo para conversar essa manhã."

“Hum… posso perguntar sobre o que se trata?”

Sua confusão e surpresa eram genuínas. Ela poderia perceber mesmo pelo telefone.

"Sobre uma residente do Lar para Cegos Wakeman que eu acredito que você conheça. Eu não posso revelar mais que isso pelo telefone. Se você puder me dar apenas cinco ou dez minutos do seu tempo essa manhã, eu agradeceria. Eu estarei passando por Lynchburg em cerca de uma hora."

“Claro," ele disse. "Eu trabalho em casa, então você é bem-vinda a passar pelo meu apartamento se você quiser."

Ela terminou a ligação após pegar o endereço dele. Ela o inseriu no GPS e ficou aliviada em ver que chegar ao apartamento dele adicionaria apenas outros vinte minutos na viagem.

No caminho para Lynchburg, ela se viu muito distraída pelos fatos deste caso atual, atolada com centenas de perguntas não respondidas sobre o antigo caso de seu pai e da nova morte que trouxe isso de volta a tona. Por alguma razão, as mesmas pessoas que mataram seu pai mataram mais alguém de forma muito similar.

E uma vez mais, eles haviam deixado um enigmático cartão de visitas para trás. Mas por quê?

Ela gastara semanas tentando descobrir. Talvez o assassino fosse apenas convencido. Ou talvez os cartões fossem destinados a levar os investigadores para algo mais… como um destorcido jogo de gato e rato. Ela sabia que Kirk Peterson ainda estava no caso─um humilde e dedicado detetive particular do Nebraska, o qual ela não conhecia muito bem para confiar completamente. Ainda, o fato de que alguém estava mantendo os rastros os mais frescos possíveis ativamente era reconfortante. Isso a fez sentir como se o quebra-cabeça pudesse estar quase completo para ela, mas que alguém furtara uma peça da mesa e a estava guardando, determinado a colocá-la no último instante.

 

Ela nunca se sentira tão derrotada por algo mais na vida. Não era mais uma questão de se ela poderia trazer o assassino de seu pai para a justiça ou não, mas principalmente sobre se ver livre de um mistério de décadas de idade. Enquanto sua mente envolvia tudo isso, seu telefone começou a tocar. Ela viu o número do xerife no display, atendeu esperando por algum tipo de pista para o caso atual.

"Bom dia, Agente White," disse o Xerife Clarke do outro lado. "Olha, você sabe que a recepção de celular aqui em Stateton é um lixo. Eu estou com o Agente Ellington aqui querendo falar com você rapidamente. O telefone dele não conseguiu fazer a ligação."

Ela escutou o telefone ser batido do outro lado da linha enquanto era passado para Ellington. "Então," ele disse. "Já perdida sem mim?"

"Dificilmente," ela disse. "Eu estarei me encontrando com Robbie Huston em pouco mais de uma hora."

"Ah, progresso. Falando no qual, eu estou olhando para o relatório do médico legista agora. Ainda quente da impressora. Informo a você se eu encontrar alguma coisa. Randall Jones também está vindo em breve. Eu posso ver se ele me deixaria falar com alguns dos outros residentes lá do lar."

“Soa bom. Eu estarei dirigindo por pastagens de vaca e campos vazios pelas próximas três horas."

"Ah, a vida glamorosa," ele disse. "Ligue para mim se você precisar de alguma coisa."

E com isso ele encerrou a chamada.

Era assim que eles trocavam farpas pra lá e para cá todo o tempo. Isso a fez sentir um pouco boba com as preocupações passadas acerca de como estava se sentido sobre o que quer que esteja evoluindo entre eles.

Com a chamada telefônica dando um fim nos pensamentos a respeito do antigo caso de seu pai, ela foi capaz de se focar melhor no caso em mãos. O termômetro digital no painel do carro dizia que já fazia trinta e um graus lá fora… e não eram nem nove da manhã ainda.

As árvores ao longo da lateral da estrada eram impossivelmente densas, penduradas sobre a estrada como um toldo. E enquanto havia alguma coisa misteriosamente bela sobre elas na luz fraca, cedo em uma manhã sulista, ela mal podia esperar pelas as vastas extensões das rodovias principais de quatro pistas que a levariam em direção a Lynchburg e Treston.

***

Robbie Huston morava em um moderno e pequeno complexo de apartamentos próximo ao coração central de Lynchburg. Era rodeado por livrarias da universidade e cafeterias que provavelmente só prosperavam devido a grande universidade particular cristã que se avultava sobre a maior parte da cidade.  Quando ela bateu à sua porta às 9:52, ele respondeu quase imediatamente.

Ele parecia estar no início dos seus vinte anos─cabelos crespos sem pentear e o tipo de aspecto mole que fazia Mackenzie pensar que qualquer trabalho que ele já tenha feito fora atrás de uma mesa.  Ele era bonitinho na maneira de um garoto de fraternidade e estava à beira de sua animação ou nervosismo em ter um agente do FBI realmente batendo em sua porta.

Ele a convidou para entrar e ela viu que o interior do apartamento era tão agradável e moderno quanto o exterior. A área de estar, cozinha e área de estudos eram todas um único cômodo amplo, separadas por pequenas divisões ornamentais e banhadas com luz solar natural que era derramada por duas amplas janelas em paredes opostas.

"Hum… posso trazer um café ou alguma outra coisa para você?" ele perguntou. "Eu ainda tenho um pouco sobrando na minha garrafa da manhã."

"Café realmente seria ótimo," ela disse.

Ela o seguiu até a cozinha, onde ele serviu uma xícara de café e a entregou. “Creme? Açúcar?”

"Não, obrigado," ela disse. Ela tomou um gole, achou muito bom e foi ao ponto. "Sr. Huston, você muitas vezes é voluntário no Lar para Cegos Wakeman, estou correta?"

"Sim."

"Com qual frequência?"

"Depende da minha carga de trabalho, na verdade. Algumas vezes eu só posso ir até lá uma ou duas vezes no mês. Porém, houve meses nos quais eu consegui ir uma vez por semana.”

“E recentemente?” perguntou Mackenzie.

"Bem, estive lá na segunda-feira dessa semana. Semana passada eu fui na quarta-feira e na semana anterior eu fui lá na segunda-feira e na sexta-feira, eu acho. Eu posso mostrar meu horário a você."

"Talvez depois," ela disse. "Conversando com Randall Jones, eu descobri que você vai para jogar jogos de tabuleiro e talvez ajudar a mover os móveis e a limpar. Isso está correto?"

"Sim, é isso mesmo. De vez em quando eu leio para eles também.”

"Eles? Para quais residentes em particular você leu ou jogou jogos de tabuleiro nas últimas duas semanas?"

“Alguns. Há um senhor mais velho que atende pelo nome de Percy, com o qual eu joguei Apples to Apples. Pelo menos um cuidador tem que jogar também… para sussurrar as cartas para ele. E na semana passada, eu conversei um pouco com Ellis Ridgeway sobre música. Eu também li para ela por um tempo."

"Você sabe quando você passou esse tempo com Ellis?"

"Nas duas últimas viagens até lá. Segunda-feira, eu a coloquei para escutar Brian Eno. Nós conversamos sobre música clássica e eu li um artigo on-line para ela sobre algumas maneiras que música clássica é usada para estimular o cérebro."

Mackenzie assentiu, sabendo que era tempo de jogar sua maior carta na mesa. "Bem, eu odeio ter que contar isso a você, mas Ellis foi encontrada morta na noite de terça-feira. Nós estamos tentando descobrir quem fez isso e, como estou certa de que você entende, nós temos que investigar qualquer pessoa que tenha passado tempo com ela recentemente. Especialmente voluntários que não estão sempre no lar."

"Meu Deus," disse Robbie, seu rosto se tornando mais pálido com o tempo.

"Antes da Sra. Ridgeway, houve outro assassinato em um lar em Treston, Virgínia. Você já esteve lá?"

Robbie assentiu. "Sim, mas apenas duas vezes. Uma vez foi para um tipo de serviço comunitário que nós fazemos pela Liberty, minha alma mater. Eu ajudei a remodelar a cozinha e fiz um pouco paisagismo. Eu voltei um mês ou dois depois para ajudar onde pudesse. Foi mais para construir relações.”

"Há quanto tempo foi isso?"

Ele pensou sobre isso, ainda abalado pela notícia dois dos assassinatos. "Quatro anos, eu diria. Talvez mais perto de quatro e meio."

“Você se lembra de encontrar um homem chamado Kenneth Abel quando esteve lá? Ele também foi morto recentemente."

Novamente, ele parecia perdido em pensamento. Seus olhos pareciam quase congelados. "O nome não me parece familiar. Mas não significa que eu nunca tenha falado com ele enquanto eu estava por lá."

Mackenzie assentiu, ficando cada vez mais certa de que Robbie Huston estava longe de ser um assassino. Ela não poderia ter certeza, mas ela pensou ter visto os olhos dele reluzindo com lágrimas enquanto ela tomava um gole do café que ele havia lhe dado.

Não se pode ser cuidadosa demais, entretanto ela pensou.

“Sr. Huston, nós sabendo com certeza que a Sra. Ridgeway foi morta a oitocentos metros de distância do terreno do Wakeman, em algum momento entre sete e cinco e nove e quarenta e cinco da noite de terça-feira. Você tem algum tipo de álibi para esse período de tempo?"

Ela viu aquele olhar de busca pela terceira vez, mas então ele começou a acenar com a cabeça vagarosamente. "Eu estava aqui, no apartamento. Em uma chamada de conferência com três outros rapazes. Nós estamos iniciando essa pequena organizaçãozinha para ajudar os sem teto do centro da cidade e em outras cidades ao redor."

"Alguma prova?"

"Eu poderia mostrar a você onde eu fiz o login. Eu acho que um dos outros caras mantém anotações muito boas sobre as chamadas também. Terá todo tipo de tópicos de mensagens com horário, edições de anotações e coisas como essas." Ele já estava buscando seu notebook, sentando-se em uma mesa em frente a uma das largas janelas. “Aqui, eu posso mostrá-la se você quiser."

Agora ela estava certa de que Robbie Huston era inocente, mas ela queria levar a cabo. Dada a forma que as notícias o afetaram, ela também queria que Robbie sentisse que contribuiu com alguma coisa para o caso. Então ela assistiu por cima do ombro dele enquanto ele entrava no site da plataforma de conferência, fazia o login e abria o histórico dele, não apenas dos últimos dias, mas também das últimas várias semanas. Ela viu que ele esteve falando a verdade: ele participou de uma chamada de conferência e sessão de planejamento das 6:45 às 10:04 na noite de terça-feira.

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