Perseguindo O Sonho

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“Fred, o dragão?” Saul perguntou a Eric.

“Não faço ideia de onde isso veio. É apenas como ela o nomeou. "

“E Doc, o cavalo?”

“Kirk diz que Sam sempre insistiu, desde pequena, que o nome de todo cavalo era Doc. É uma coisa.”

Saul riu até que teve que enxugar as lágrimas dos olhos. “Oh, cara, isso é perfeito.”

“Você percebeu como esses desenhos eram bons?”

“Oh, sim. O garoto tem talento.”

“Você acha que ele poderia...” O que quer que ele fosse perguntar foi interrompido pelo assobio estridente de Kirk.

“Agora que tenho a atenção de todos. Eric? Você poderia vir aqui, por favor?”

Saul ficou surpreso ao ver que o normalmente imperturbável Kirk tinha suor escorrendo pelo rosto e sua mão tremia um pouco quando ele a ergueu para acenar para Eric se aproximar. Saul trocou um olhar confuso com Eric antes de encolher os ombros e empurrar Eric na direção de Kirk.

Assim que Eric o alcançou, Kirk agarrou sua mão. “Eric, eu queria dizer na frente de nossos amigos e familiares aqui hoje que eu te amo. Na verdade, estou mais apaixonado por você a cada dia... mesmo quando você deixa suas meias sujas no chão.”

O último ponto gerou um monte de risos por toda a multidão, pois todos estavam cientes quão maníaco por organização Kirk era.

“Eu também te amo, querido. Você sabe disso.”

“Sei, é por isso que…” Kirk ajoelhou-se e tirou uma caixa de anel do bolso. “Eu estava me perguntando se você tornaria isso oficial e concordaria em se casar comigo?”

Saul riu da expressão de choque de Eric e em seguida, observou as lágrimas enchendo seus olhos antes de pingar em seu rosto.

“Querido? Você está me assustando,” Kirk disse.

“O quê? Sim! Claro que sim, seu idiota.” Abaixando-se, Eric puxou Kirk de pé e o envolveu em seus braços em um abraço apertado antes de se afastar e beijá-lo ferozmente.

Saul sentiu uma pontada de inveja perfurar seu coração. Ele ficaria em êxtase se pudesse encontrar alguém para adorá-lo tanto quanto esses dois homens se amavam. Por algum motivo, ele se virou para o lindo ruivo para verificar sua reação à cena. Ele ficou pasmo com a expressão de completo espanto e forte emoção no rosto do homem mais jovem. Ele deve ter percebido que alguém o observava, porque ergueu o olhar para encontrar o de Saul. Saul observou quando ele ficou cauteloso e em seguida, baixou o olhar para o prato de comida à sua frente.

Saul sentiu uma descarga elétrica naquele momento de contato visual direto. Houve uma conexão ali e a alma de Saul se acalmou, simples assim. Ele nunca acreditou realmente em amor à primeira vista, mas tinha certeza que iria conhecer melhor o ruivo. Ele viu Lee dar uma olhada rápida para ele sob sua franja antes que um rubor cobrisse seu rosto. Oh, sim. Ele definitivamente teria que descobrir como conhecê-lo.

Saul se aproximou para estender suas felicitações aos amigos. Claire e Sam estavam gritando e pulando para cima e para baixo de empolgação. Quem diria que Kirk ao vir assumir a custódia de sua sobrinha após a morte de sua irmã levaria a este momento?

“Parabéns, Eric, Kirk. Estou muito feliz por vocês dois.”

“Ufa. Estou feliz que ele disse sim. Eu ia esperar até depois do bolo, mas meus nervos não aguentavam mais. Acho que perdi dois quilos por causa do suor causado pelo constrangimento.”

Saul riu antes de lhe entregar o guardanapo que ele agarrou ao passar pela mesa. “Sim, você também parece assim, cara. Aqui.”

Saul puxou Eric para um abraço. “Fico feliz em ver você realmente feliz de novo, meu amigo. Combina com você.”

“É uma sensação boa para mim também.” Eric colocou a mão nas costas de Saul enquanto eles se afastavam. “Você sabe que isso significa que você tem que fazer a coisa do padrinho de novo, certo?”

“Oh não, não o smoking. Não posso simplesmente pagar para vocês fugirem?” Ele interpretou a risada deles como se isso não fosse acontecer. “Sério, cara, eu ficaria honrado em cumprir os deveres de padrinho.”

Depois de falar com eles por mais alguns minutos, Saul olhou de relance para onde Lee estivera. Ele ficou surpreso ao encontrar a mesa vazia. Vasculhando a área, ele localizou Lee contornando a casa. A aproximação de Will o impediu de segui-lo, como queria.

“Ei, Saul... Bom te ver, cara.” Will estendeu a mão para apertar. “Parabéns para vocês dois. Lee queria que eu também lhes desse os parabéns por ele. Ele teve que ir.”

“Está tudo bem?” Kirk observou enquanto Lee escapava.

“Está tudo bem. Você sabe como ele é tímido. Isso foi demais.” Will parou para rir. “Além disso, ver sua grande paixão aqui não ajudou.”

“Sua grande paixão?” Rápido assim, a atenção de Saul estava focada em Will.

“Ele tinha pôsteres de você espalhados por todo o quarto enquanto crescia. O pai dele falava sem parar sobre sua estranha fixação por você. Isso foi antes dele descobrir que o menino era gay. Tenho certeza que ele descobriu os porquês agora.” Will fixou Saul com um olhar duro. Não pareceu importar para ele que Saul tivesse facilmente vinte centímetros a mais do que o homem e quarenta e cinco quilos. “Eu vi você olhando para ele. Se você estiver realmente interessado, não vou ficar no seu caminho, mas não se dê ao trabalho se estiver apenas procurando ter um caso. Aquele menino já teve problemas demais em sua vida.”

“O que você quer dizer?”

“Essa história não é minha para contar. Apenas vá devagar. Como eu disse, ele é tímido. Você vai ter que cortejá-lo se quiser algo real.”

Eric riu. “Saul não sabe o significado da palavra ‘devagar’. Trem de carga? Sim. Devagar? Não muito.”

“Bem, se ele estiver interessado, terá que aprender,” Will respondeu.

O fato de Will falar de maneira ríspida com ele foi uma surpresa. O homem normalmente era tão descontraído. Saul fez questão de manter contato visual enquanto respondia. “Eu irei.”

Will o estudou, obviamente julgando sua sinceridade antes de acenar com a cabeça. “Está bem então. Aqui está o que você deveria fazer. Você precisa encontrar uma maneira de pedir a ajuda dele. Ele é uma presa fácil para isso.”

“Eu também tenho a coisa certa,” Eric entrou na conversa, “Como comecei a dizer antes, depois de ver como ele pode desenhar bem.”

“O que você quer dizer?” Kirk perguntou. “O que ele desenhou?”

Claire respondeu de onde estava ao lado dele. “Ele desenhou um dragão para mim. Vê?

“E ele me desenhou como uma princesa-cavaleiro. Vê?” Sam empurrou o desenho dela na frente do rosto de Kirk também. Kirk pegou os desenhos das meninas.

“Oh, uau. Ele disse que desenhava como hobby, mas não fazia ideia de que ele era tão talentoso.”

“Qual é a sua ideia, Eric?” Saul perguntou.

“Bem, estava pensando que poderíamos fazer com que ele trabalhasse em um mural para a parede dos fundos da loja principal. Como um bônus adicional, isso lhe daria uma desculpa para falar com ele.”

“Sim. Dar a Lee um assunto para discutir é importante. Adicione um projeto em que ele sinta que está ajudando e é uma ótima maneira para você conhecê-lo.” Will fixou Saul com outro olhar penetrante. “Mas se você machucar o menino, irei atrás de você. Entendido?”

“Sim. Entendido.” Saul sorriu, mas não descartaria a seriedade da intenção de Will.

Capítulo Dois

Saul arrastava os pés. Esperar não era seu ponto mais forte. Ele estava segurando as sacolas de sobras do churrasco de ontem. Eles haviam decidido levar o almoço para Lee e conversar com ele sobre o que precisavam dele. As meninas insistiram em ir ver seu novo melhor amigo também, então estava um pouco mais lotado para esta visita do que ele tinha pensado que estaria.

“Bata de novo.”

“O lugar não é tão grande, Saul,” Kirk disse.

“A caminhonete dele está aqui. A cerca estava trancada. Ele tem que estar aqui. Tente ligar para ele.”

Kirk balançou a cabeça, mas fez o que lhe foi pedido, pegando o telefone e discando. Saul inclinou a cabeça, ouvindo o som do jingle do Sr. Clean vindo de algum lugar acima deles.

“Esse é o toque de Lee para você?” Saul não pôde deixar de rir. “É adequado.”

Kirk tentou parecer austero, mas Saul percebeu que ele também estava se divertindo. Kirk virou-se na direção da escada, que conduzia ao telhado, à direita da porta. “Venha. Vamos nos certificar de que ele está bem. Ele não está atendendo ao telefone também.” Sam disse com Eric atrás dela.

Colocando as alças das sacolas nos braços, Saul foi o último a seguir, certificando-se de que Claire subisse com segurança. Ele não precisava ter se preocupado. Ela subiu a escada como um macaco, sem hesitar um momento.

Olhando ao redor, ele não viu Lee imediatamente. A atenção de Saul foi atraída pelo movimento na estufa quando Lee de repente se endireitou de onde estava sentado na frente de uma tela. Lee estremeceu e então ergueu a mão para esfregar os músculos do lado esquerdo do pescoço. Ele deve ter adormecido com a cabeça apoiada na parede de vidro ao lado dele, não era a maneira mais confortável de descansar.

“Ei, Lee.” Kirk cruzou o telhado, parando quando alcançou a porta.

As garotas passaram por ele e foram direto para Lee.

“Você está bem?” Kirk perguntou.

“Ei...” A voz de Lee era uma bagunça rouca. Ele pigarreou e tentou novamente. “Olá. Que horas são?”

Lee olhou ao redor e depois para si mesmo. Sua confusão era adorável. Ele estava coberto por um arco-íris de tintas com um pincel preso atrás da orelha e vários outros dispostos ao seu redor. Lee pegou um pano e começou a limpar as mãos. Houve outro choque de consciência quando Lee fez contato visual acidental com Saul, mas o olhar de Lee moveu-se para Kirk e Eric. Vê-los deve tê-lo lembrado em que estava trabalhando, porque ele tentou bloquear a visão deles da sua tela.

 

“Oh, uau. Você fez tudo isso desde ontem?” Kirk perguntou com admiração em sua voz.

“Somos nós!” Claire gritou.

Saul deu uma olhada mais de perto na tela. Era uma pintura de Kirk pedindo Eric em casamento. Lee pintou as duas garotas atrás deles, batendo palmas. A emoção pura do momento transparecia brilhando: o suor na testa de Kirk, as lágrimas de felicidade nos olhos de Eric, os sorrisos nos rostos das garotas... mas principalmente o amor. A imagem brilhava com isso. Lee obviamente tinha adormecido enquanto trabalhava no plano de fundo, mas a parte principal da pintura estava completa.

Lee deve ter percebido o silêncio ao seu redor. Ao olhar para cima, ele encontrou todos olhando para ele. “Era para ser uma surpresa. Eu ia dar a vocês como presente de noivado.” Ele falou tão rápido que todas as palavras se atropelaram. “Acho que deveria ter obtido permissão primeiro. Sinto muito.”

Kirk o puxou para um abraço. “O quê? Não! É fantástico. Nunca se desculpe por fazer algo tão legal. Uau, cara, você me humilha com seu talento. A pintura terá um lugar de destaque em nossa casa. Sério. É incrível.”

Eric agarrou Lee a seguir e deu-lhe um abraço também. “É perfeito. Muito obrigado.”

Lee se jogou de volta no banquinho assim que Eric o soltou, ocupando-se em arrumar seus suprimentos. “Bem, preciso terminá-la e vai precisar secar antes que você a leve para qualquer lugar.” Levantando a mão, ele apagou a luz atrás dele. Então, uma expressão de puro pânico cruzou o rosto de Lee antes que ele disparasse para a porta.

“Desculpe. Já volto.”

“Onde você está indo?”

“Preciso ter certeza de que não deixei nada no fogão.”

“O quê?” Kirk riu atrás dele.

Todos seguiram Lee escada abaixo e em direção à cozinha. Lee bufou profundamente e depois relaxou.

“O que foi tudo isso?” Kirk parou ao lado de Saul e deu uma espiada na cozinha. “Não há nada no fogão.”

Uma onda de vermelho subiu pelo rosto de Lee e entrou em sua linha do cabelo. Com uma risada, Saul se perguntou até onde a cor ia.

“Costumo viajar quando estou trabalhando. Não me lembrava de acender a luz da estufa, então precisava ter certeza de que não vim pegar algo para comer em determinado momento.” Um forte resmungo veio das proximidades de seu estômago.

“Eu diria que seu estômago está respondendo a isso por você,” Kirk disse.

“Você conseguiu ouvir?”

“Caramba, estou de pé aqui e consegui ouvir,” Saul provocou de seu lugar ao pé da escada. Sua atenção foi atraída pelo banheiro deslumbrante à sua direita. “Uau. Que melhoria. Estou impressionado.”

Eric assobiou ao se aproximar de Kirk. “Venha ver os milagres que ele fez na cozinha.”

Saul fingiu olhar para a cozinha enquanto ficava de olho em Lee. Ele não gostou de como os olhos do homem dispararam ao redor, como se procurasse uma rota de fuga.

“Com licença,” Lee murmurou enquanto se abaixava sob o braço de Eric e caminhava para o outro lado da sala de estar. “O que vocês estão fazendo aqui, afinal?”

Saul levantou uma das sacolas de comida que tinha nas mãos. “Nós trouxemos o almoço. Sou Saul, aliás. Não tivemos a chance de nos encontrar ontem.”

“Hum… Lee.” Lee hesitou por um instante, então estendeu o braço e ofereceu um aperto de mão.

Saul trocou as duas sacolas para uma das mãos e aceitou com prazer, sem ficar realmente surpreso ao sentir uma onda de eletricidade conectiva quando suas mãos se tocaram. Mas obviamente isso surpreendeu Lee, se o fato dele ter puxado a mão rápido fosse alguma indicação. Lee enxugou as mãos nas pernas da calça.

“Prazer em conhecê-lo. Por que você trouxe o almoço mesmo?” A expressão de confusão era absolutamente adorável, mas, sabiamente, Saul manteve essa observação para si mesmo. Ele não acreditava que Lee seria muito receptivo a comentários como esse.

“Bem, porque queríamos e temos uma proposta de negócio para você.”

Os olhos de Lee imediatamente ficaram cautelosos. “Que tipo de proposta de negócio?” O estômago de Lee roncou com mais raiva ainda.

“Primeiro, vamos alimentá-lo, depois falaremos sobre isso.”

“Hum... Você pode me dar dez minutos para tomar banho? Eu me sinto absolutamente sujo.”

“Claro. Sem pressa. Vamos organizar o almoço no telhado.”

O grupo voltou para cima. Com toda honestidade, era a única área que tinha assentos suficientes para todos eles. Dez minutos depois, Lee se juntou a eles. Seu cabelo ainda estava pingando um pouco, mas estava penteado e ele estava com roupas limpas.

“Ótimo! Você conseguiu. Pegue um prato e pegue o que quiser.”

Lee serviu-se e todos eles atacaram a comida. Enquanto a comida era devorada, não houve muita conversa. Saul ergueu os olhos para ver Kirk olhando para Lee com a boca aberta de espanto.

“Nossa, Lee, quando foi a última vez que você comeu?” Kirk perguntou. “Nem comi metade do meu sanduíche ainda.”

“Hum… Ontem na sua festa?”

“Isso foi há quase vinte e quatro horas.” O tom de desaprovação de Kirk fez Lee abaixar a cabeça e corar mais uma vez.

“Desculpe. A musa simplesmente assume o controle, sabe?””

“Realmente não posso dizer que entendo, não tendo uma dessas, mas desacelere um pouco ou você vai ficar doente.”

“Sim, Pai.”

Saul deu uma risadinha. “Uau, não acho que você poderia colocar mais sarcasmo nesse comentário se tentasse. Estou impressionado. Não achei que você fosse capaz disso.”

Lee compartilhou um breve olhar e um sorriso malicioso, antes de voltar sua atenção para sua comida. Saul deu um soco mental no ar ao primeiro sinal de Lee começando a relaxar em sua presença. Finalmente, todos comeram o suficiente e relaxaram com suas bebidas. As meninas brincavam com as bonecas que haviam trazido. Pelo que Saul podia ver e ouvir, a Barbie de Claire era o sargento instrutor de recrutas que fazia os bonecos do G.I. fazerem flexões e outros exercícios.

“Então, o que está acontecendo?” Lee perguntou após alguns instantes de silêncio.

“Você perdeu muito por sair cedo ontem,” Kirk respondeu.

“Perdi?”

“Sim. A parte pessoal primeiro. Depois que você foi embora, estávamos todos conversando sobre como Eric e eu precisávamos encontrar uma casa maior que nos acomodasse de maneira confortável, mas, na verdade, não queríamos deixar o bairro. Parece que os Andersons que moram descendo a rua estão querendo reduzir o tamanho, mas também não queriam deixar o bairro.”

“E os Andersons têm uma piscina!” Claire acrescentou de seu lugar no chão.

Eric deu uma risadinha. “E os Andersons têm piscina. Então, o que vai acontecer é isso... Kirk e eu vamos comprar a casa deles. Os Andersons vão comprar a casa de Kirk e vamos colocar minha casa no mercado depois de fazermos as poucas reformas que queremos fazer na casa deles antes de nos mudarmos.”

Kirk assumiu a explicação. “Bom para todos. É aí que você entra.”

“Eu entro? Como?”

Kirk estendeu a mão e deu um tapinha nas costas de Lee. “As meninas pediram um mural em sua sala de jogos, pintado por você. Elas gostariam que você pintasse na parede o reino delas que todos vocês criaram.”

Sam engatinhou e colocou a mão no joelho de Lee, olhando para ele suplicante. “Por favor, Lee. Por favor, diga que você vai fazer isso.”

Claire engatinhou e colocou a mão no outro joelho de Lee. “Sim, Lee. Por favor?”

“Vamos pagar pelo seu tempo, é claro.” Eric entrou na conversa.

“Por faaaaaavoooor?” As meninas imploraram em uníssono. Os olhos de cachorrinho realmente não eram justos.

Saul viu o momento exato em que Lee cedeu antes mesmo de abrir a boca para responder. “Ok, eu vou fazer isso. Mas eu tenho trabalho, então provavelmente vai ser lento.”

“Eba! Eba!” As meninas pularam e gritaram de alegria.

“Tudo bem. Tudo bem.” Kirk estendeu a mão e agarrou Sam em um abraço enquanto Eric fazia o mesmo com Claire. “Voltem para seu jogo. Precisamos discutir a outra parte com Lee agora.”

“Quer dizer que tem mais?” Os olhos de Lee ficaram enormes em estado de choque.

“Sim-m.” Saul arrastou a palavra certificando-se de fazer o ‘m’ estourar. Assim que tinha a atenção de Lee, ele continuou: “Precisamos de ajuda com outro mural. Gostaríamos de um para a parede posterior da nossa loja principal. O que você acha? Parece algo que você poderia fazer por nós?”

“Você sabe que não sou um profissional, certo? Apenas pinto por diversão e algumas vezes fiz alguns trabalhos de pintura em alguns projetos na oficina do meu pai. Fiz algumas aulas na faculdade comunitária, mas estou longe de ser um profissional. Muitas pessoas vão ver o mural na loja. Você tem certeza que quer que eu faça isso? Normalmente desenho em uma escala menor e não nas ideias de outra pessoa.”

“Bem, tudo o que estamos pedindo é que você tente. Pelo que vimos, achamos que você poderia fazer um ótimo trabalho nisso. Sabemos que você já está bastante ocupado com o trabalho. Kirk concordou em nos emprestar você amanhã à tarde para fazer uma visita guiada aos nossos escritórios e a loja principal. Isso lhe dará uma ideia melhor do que fazemos. Vamos, é claro, pagar pelo seu tempo por isso também.”

Lee olhou para Kirk. “Tem certeza de que você não se importa?”

“De modo algum. Acho que será uma coisa boa para todos vocês. Certamente podemos passar sem você por uma tarde. Não temos muito nos livros, sendo o dia depois do feriado e tudo.”

Lee ficou imerso em seus pensamentos por um minuto antes de levantar a cabeça e olhar para Eric. “Vou fazer isso. Parece interessante.”

“Ótimo. Então, vamos deixá-lo em paz para você aproveitar o resto do seu fim de semana prolongado. Vamos lá, meninas. Reúnam suas coisas e vamos.”

“Ah, pai. Ainda não tivemos a chance de falar com Lee sobre nossa foto.”

Lee riu. “Acho que tenho uma ideia muito boa de antes. Que tal eu desenhar algumas coisas e podemos nos encontrar em outro momento para ver se vocês aprovam.”

Os olhos de Sam se iluminaram. “Você quer dizer como uma reunião de negócios? Eric tem muitas delas.”

“Sim. Podemos chamá-lo assim, se você quiser.”

“Eba! Vamos ter uma reunião de negócios, Claire.”

“Sim!” Assumindo um tom mais sofisticado, Claire olhou para Lee, acenou com a mão e disse: “Por favor, peça ao seu pessoal para ligar para o meu pessoal e marcaremos um horário.” As meninas então se entreolharam e se dissolveram em risadinhas.

“Tudo bem, suas duas lunáticas, vamos.” Kirk murmurou baixinho para Eric: “Faça seu pessoal ligar para o meu pessoal. De onde elas inventam essas coisas?”

Eric puxou Kirk para um beijo breve nos lábios. “Não faço ideia, mas a vida certamente seria entediante sem elas.”

“Isso certamente é verdade.”

As meninas se dirigiram para a escada. “Hum, meninas, vocês podem passar pelo meu apartamento e descer a escadaria normal. Vocês não precisam usar a escada externa.”

“Ah. Onde está a diversão nisso?” Claire choramingou.

“Garotas. Escada. Agora,” Eric ordenou.

Saul teve que disfarçar sua risada com uma tosse quando Claire bufou em direção a escada. Então ele se virou e falou com Eric. “Oh, cara, quando Claire se tornar uma adolescente de verdade, vocês vão ter as mãos ocupadas.”

“E eu não sei. Pelo menos Sam estará lá também, para dissuadi-la de suas ideias mais malucas.” Eric suspirou enquanto terminava de pegar o resto da bagunça antes de se dirigir para a escada para seguir as garotas.

“As duas são ótimas,” Lee disse, então pareceu surpreso por ter dito alguma coisa. “Desculpe. É só…”

“Não. Nós sabemos,” Kirk disse, segurando seu ombro antes que ele também se dirigisse para a escada. “Temos sorte. Elas são boas crianças.”

“E vocês têm um ao outro,” Saul acrescentou. Kirk lançou um sorriso brilhante por cima do ombro, a adoração por seu noivo algo tangível.

Saul olhou para Lee, mas sabia o que viu ali. Inveja? Solidão? Bem, eu certamente posso me relacionar com essas duas coisas. Ele esperou até Kirk passar pela porta para falar com Lee.

“Lee?” Lee deu um pulo. “Você sabe que se meu ego não fosse forte, eu me sentiria mal por você ter esquecido que eu estava aqui.”

 

“Eu jamais poderia esquecer que você estava aqui.” Os olhos de Lee arregalaram ao perceber o que acabara de dizer. “Não. Quero dizer...” Lee fechou os olhos e baixou a cabeça.

“Constrangido fica bem em você.” Saul deu um passo à frente e levou a mão ao pescoço de Lee. Lee se inclinou no toque apenas por um instante antes de se afastar.

“Fico feliz que você tenha gostado. Provavelmente você verá muito disso.”

“Não. Você vai se acostumar comigo.”

“Irei?” Lee levantou a cabeça bruscamente e olhou para Saul.

“Sim. Você vai se acostumar comigo, então você vai chegar a um ponto em que não consegue se lembrar de uma época em que eu não estava presente.”

“O quê?”

“Todo mundo me disse para ir devagar com você e eu irei. Mas devagar não significa que não vou deixar minhas intenções claras. Temos uma conexão. Sei que você também sente isso. Eu gostaria de ver aonde isso nos levará.”

“Você quer? O que isso significa exatamente?” Lee lambeu os lábios enquanto esperava pela resposta de Saul.

“Encontro. Você, eu, jantar.”

“Você quer me levar para um encontro? Eu?” Lee apontou para si mesmo.

Saul não pôde deixar de rir enquanto se aproximava e mais uma vez levava a mão ao lado do pescoço de Lee. “Você vê mais alguém aqui?”

“Hum... não, mas por que você iria querer namorar comigo? Não sou ninguém. Sou apenas um mecânico.”

“Você não é ‘apenas ’nada. Eu mal o conheço, mas tudo que vi sobre você até agora diz que você é incrível.”

Lee procurou seus olhos. Saul imaginou que ele estava julgando sua sinceridade. Ele deve ter percebido que Saul estava falando sério porque o rubor aumentou e Lee tentou se afastar.

“De jeito nenhum.” Saul passou o outro braço ao redor de Lee e puxou-o mais para perto, movendo a mão do lado do seu pescoço para a parte de trás da sua cabeça. “Estou falando sério. Acho que você é incrível e um dia você também pensará assim. Por algum motivo, você parece cego ao quão maravilhoso você é. Vamos trabalhar para mudar isso.”

“Por que eu? Você poderia ter quem quiser. Quero dizer, você é Saul Valencia. O Saul Valencia, letras maiúsculas, direitos autorais e tudo.”

Saul riu dessa descrição. “Letras maiúsculas? Sério?” Ele ficou sério. “Sou apenas um homem, Lee. Sim, fui um bom jogador de futebol. Sim, ganhei muito dinheiro com isso. Mas — e este é um grande ‘mas’ — eu tive que esconder quem eu realmente era o tempo todo. Eu não poderia ser gay e jogar o jogo que amava. Não poderia sair em encontros com homens que me interessassem. Tudo se resumia a me esgueirar por aí. Não quero mais ser Saul Valencia ‘tudo em letras maiúsculas’. Não preciso ser ‘algo para todos’. Quero ser ‘Saul que é tudo para alguém’. Preciso que você pense sobre isso. Temos a reunião amanhã. Eu gostaria muito que você saísse para jantar comigo após a reunião. Só para deixar claro... em um encontro, não uma continuação da nossa reunião de negócios. Você pensa sobre isso e me avisa se acredita que estaria disposto a dar uma chance a essa coisa entre nós.”

Saul não resistiu mais à tentação e pressionou os lábios contra os de Lee. Sua intenção era mantê-lo leve, mas uma amostra e ele queria mais. Ele usou a mão na parte de trás da cabeça de Lee para pressioná-lo mais perto, empurrando a língua entre os lábios de Lee. Lee se abriu com facilidade para ele e ele empurrou a língua para fora timidamente para pressionar a de Saul. Saul gemeu de prazer.

“Ei, Saul, você vem?”

A voz de Kirk ecoando escada acima fez Saul se lembrar de onde ele estava. Ele pressionou outro beijo breve nos lábios de Lee antes de liberá-lo com relutância e dar um passo para trás. Ele pigarreou antes de gritar de volta para Kirk. “Sim, desço em um minuto.” Mais baixo, ele falou apenas com Lee. “Eu realmente não pretendia me deixar levar ali. Pense no que eu disse e me avise quando eu te ver amanhã.” Ele passou o dedo pelo queixo de Lee. “Eu realmente acho que poderíamos ter algo ótimo.”

Saul girou nos calcanhares e se obrigou a seguir para a escada. Isso foi classificado como uma das coisas mais difíceis que ele já fez. O instinto do homem das cavernas queria que ele arrastasse Lee para seu covil e o reivindicasse. Devagar. Todo mundo disse devagar. Eca.

“Saul?” A voz de Lee o deteve e ele virou a cabeça para olhar para ele.

“Sim, Lee.”

“Te vejo amanhã para a reunião,” Lee fez uma pausa para respirar fundo antes de continuar, “e para nosso encontro.”

O sorriso de Saul foi tão grande que machucou seu rosto. “Sim?”

“Sim, vamos fazer uma tentativa.”

Saul atravessou o telhado para dar um selinho em Lee. “Você não vai se arrepender.”

“Só espero que você não se arrependa. Deixe-me acompanhá-lo.”

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