Infiltrado: Uma série de suspenses do espião Agente Zero — Livro nº1

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Infiltrado: Uma série de suspenses do espião Agente Zero — Livro nº1
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I N F I L T R A D O




(Uma série de suspenses do espião Agente Zero — LIVRO 1)




J A C K M A R S




Jack Mars




Jack Mars é o autor da série best-seller LUKE STONE, que inclui sete livros (com outros a caminho). Ele também é o autor do novo livro FORGING OF LUKE STONE, e da série de suspenses do espião AGENTE ZERO.





Jack adora ouvir seus leitores, por favor, fique à vontade para visitar o site

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Direitos Autorais © 2018 por Jack Mars. Todos os direitos reservados. Exceto conforme o permitido sob as Leis Americanas de Direitos Autorais (U.S. Copyright Act, 1976), nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um sistema de banco de dados ou de recuperação, sem a prévia autorização do autor. Este e-book é licenciado apenas para seu prazer pessoal. Este e-book não pode ser revendido ou distribuído para outras pessoas. Se você gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, adquira uma cópia adicional para cada destinatário. Se você está lendo este livro e não o comprou, ou ele não foi comprado apenas para o seu uso, então, por favor, devolva o livro e compre a sua própria cópia. Obrigado por respeitar o trabalho duro deste autor. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, locais, eventos e incidentes são um produto da imaginação do autor ou são usados ​​ficticiamente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.




LIVROS DE JACK MARS




UM THRILLER DE LUKE STONE



ALERTA VERMELHO: CONFRONTO LETAL (Livro #1)



O PREÇO DA LIBERDADE (Livro #2)



GABINETE DE CRISE (Livro #3)





UMA SÉRIE DE SUSPENSES DO ESPIÃO AGENTE ZERO



INFILTRADO (Livro #1)



ALVO ZERO (Livro #2)



CAÇADOR ZERO (Livro #3)




ÍNDICE







CAPÍTULO UM







CAPÍTULO DOIS







CAPÍTULO TRÊS







CAPÍTULO QUATRO







CAPÍTULO CINCO







CAPÍTULO SEIS







CAPÍTULO SETE







CAPÍTULO OITO







CAPÍTULO NOVE







CAPÍTULO DEZ







CAPÍTULO ONZE







CAPÍTULO DOZE







CAPÍTULO TREZE







CAPÍTULO QUATORZE







CAPÍTULO QUINZE







CAPÍTULO DEZESSEIS







CAPÍTULO DEZESSETE







CAPÍTULO DEZOITO







CAPÍTULO DEZENOVE







CAPÍTULO VINTE







CAPÍTULO VINTE E UM







CAPÍTULO VINTE E DOIS







CAPÍTULO VINTE E TRÊS







CAPÍTULO VINTE E QUATRO







CAPÍTULO VINTE E CINCO







CAPÍTULO VINTE E SEIS







CAPÍTULO VINTE E SETE







CAPÍTULO VINTE E OITO







CAPÍTULO VINTE E NOVE







CAPÍTULO TRINTA







CAPÍTULO TRINTA E UM







CAPÍTULO TRINTA E DOIS







CAPÍTULO TRINTA E TRÊS







CAPÍTULO TRINTA E QUATRO







CAPÍTULO TRINTA E CINCO







CAPÍTULO TRINTA E SEIS







CAPÍTULO TRINTA E SETE







CAPÍTULO TRINTA E OITO






"A vida dos mortos está na memória dos vivos."



Marco Túlio Cícero





CAPÍTULO UM



A primeira aula do dia era sempre a mais difícil. Os estudantes entravam na sala de aula da Universidade de Columbia como zumbis cegos e desajeitados, seus sentidos entorpecidos por sessões de estudo noturnas, ressacas ou uma combinação de ambas. Eles usavam calças de moletom e T-shirts já usadas no dia anterior, seguravam copos de isopor com mocha latte de soja ou café blonde artesanal, ou qualquer outra coisa que os jovens estivessem bebendo por aqueles dias.



O trabalho do professor Reid Lawson era ensinar, mas também reconhecia a necessidade de um impulso matinal, um estimulante mental para complementar a cafeína. Lawson deu-lhes um momento para se sentarem em seus lugares confortavelmente enquanto tirava o casaco esportivo de tweed e o pendurava na cadeira.



"Bom dia", Disse em voz alta. O anúncio abalou vários estudantes que ergueram os olhos de repente como se não tivessem percebido que haviam entrado em uma sala de aula. "Hoje vamos falar sobre piratas."



Isso chamou a atenção da audiência. Olharam em frente, piscando os olhos através da névoa da privação de sono e tentando determinar se ele realmente dissera "piratas" ou não.



"Do Caribe?", Brincou um estudante de segundo ano que estava na primeira fila.



"Do Mediterrâneo, na verdade", Corrigiu Lawson. Caminhou devagar com as mãos cruzadas atrás das costas. "Quantos de vocês tiveram aulas com o professor Truitt sobre impérios antigos?" Cerca de um terço da classe levantou as mãos. "Bom. Então vocês sabem que o Império Otomano foi uma grande potência mundial durante quase seis séculos. O que vocês podem não saber é que os corsários otomanos, ou mais coloquialmente, os piratas da Berbéria, andaram pelos mares durante grande parte desse tempo desde a costa de Portugal, passando pelo Estreito de Gibraltar e grande parte do Mediterrâneo. O que vocês acham que eles estavam procurando? Alguém?"



"Dinheiro?", Perguntou uma garota na terceira fila.



"Tesouros", Disse o aluno do segundo ano sentando na frente.



"Rum!" Gritou um estudante no fundo da sala, provocando uma risada da classe. Reid também riu. Afinal, havia vida nessa multidão.



"Todas são boas suposições", Disse ele. "Mas a resposta é ‘todas as alternativas acima’. Vejam, os piratas da Berbéria preferiam principalmente navios mercantes europeus e pilhavam tudo - e eu quero dizer tudo mesmo. Sapatos, cintos, dinheiro, chapéus, mercadorias, o próprio navio... E sua tripulação. Acredita-se que no período de dois séculos entre 1580 e 1780, os piratas da Berbéria capturaram e escravizaram mais de dois milhões de pessoas. Eles levavam tudo de volta para o reino deles no norte da África. Isso durou por séculos. E o que vocês acham que as nações europeias fizeram?"



"Declararam guerra!" gritou o aluno do fundo da sala.



Uma moça tímida de óculos de aro tartaruga ergueu um pouco a mão e perguntou, "Fizeram um tratado?"



"De certa forma", respondeu Lawson. "Os governantes europeus concordaram em prestar homenagem às nações da Berbéria, na forma de enormes somas de dinheiro e bens. Estou falando de Portugal, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Suécia, Holanda... Eles estavam pagando aos piratas para ficarem longe de seus barcos. Os ricos ficaram mais ricos e os piratas recuaram - a maioria das vezes. Mas então, entre o final do século XVIII e o início do século XIX, algo aconteceu. Ocorreu um evento que seria um catalisador para o fim dos piratas da Berbéria. Alguém quer arriscar um palpite?"



Ninguém falou. À sua direita, Lawson viu um garoto rolando a tela do seu telefone.



"Sr. Lowell" Disse ele. O garoto se virou repentinamente para prestar atenção. "Algum palpite?"



"Hmm... Apareceu a América?"



Lawson sorriu. "Você está me perguntando ou me contando? Seja confiante em suas respostas e nós pensaremos que você pelo menos sabe do que está falando."



"A América apareceu", Disse novamente, com mais ênfase desta vez.

 



"Está certo! A América apareceu. Mas como você sabe, nós éramos apenas uma nação a dar os primeiros passos. A América era mais nova que a maioria de vocês. Tivemos que estabelecer rotas comerciais com a Europa para impulsionar a nossa economia, mas os piratas começaram a tomar nossos navios. Quando dissemos, "Que diabos é isso, caras?" eles exigiram uma compensação. Nós mal finanças. Nosso cofrinho estava vazio. Então, qual foi a nossa escolha? O que poderíamos fazer?"



"Declarar guerra!" Surgiu um grito familiar do fundo da sala.



"Precisamente! Não tivemos escolha a não ser declarar guerra. A Suécia já lutava contra os piratas há um ano e, juntos, entre 1801 e 1805, tomamos o porto de Trípoli e tomamos a cidade de Derne, terminando o conflito de forma eficaz." Lawson encostou-se à borda da mesa e cruzou as mãos na sua frente. "É evidente que ocultámos muitos detalhes, mas essa é uma aula de história europeia, não de história norte-americana. Se tiver a chance, leia alguma coisa sobre o tenente Stephen Decatur e o USS Philadelphia. Mas estou me desviando do assunto. Por que estamos falando de piratas?"



"Porque piratas são legais?" Disse Lowell que já havia guardado o celular.



Lawson riu. "Não posso discordar. Mas não, não é essa a questão. Estamos falando de piratas porque a Guerra Tripolitana representa algo raramente visto nos anais da história." Ele se endireitou, examinando a sala e fazendo contato visual com vários alunos. Pelo menos agora Lawson podia ver luz em seus olhos, um vislumbre de que a maioria dos estudantes estavam interessados nessa manhã, até mesmo atentos. "Durante séculos, nenhuma das potências europeias enfrentou as nações da Berbéria. Era mais fácil apenas pagar-lhes. Foi preciso que a América, na época uma piada para a maior parte do mundo desenvolvido, fizesse a mudança. Foi preciso um ato de desespero de uma nação sem armas para provocar uma mudança na dinâmica de poder da rota comercial mais valiosa do mundo na época. E é aí que reside a lição."



"Não mexam com a América?" Alguém disse.



Lawson sorriu. "Bem, sim." Ele ergueu um dedo no ar para explicar sua visão. "Mas, além disso, aquele desespero e uma total falta de escolhas viáveis levaram, historicamente, a alguns dos maiores triunfos que o mundo já viu. A história nos ensinou, repetidas vezes, que não existe um regime grande demais para tombar, não há nenhum país pequeno demais ou fraco demais para fazer a diferença." Ele piscou o olho. "Pensem nisso da próxima vez em que se sentirem pouco mais do que uma partícula minúscula neste mundo."



No final da aula, havia uma diferença marcante entre os alunos que tinham entrado cansados e a arrastar-se e o grupo que agora saía a conversar e a rir. Uma garota de cabelos cor-de-rosa parou ao lado de sua mesa ao sair sorrindo e comentando, "Ótima palestra, professor. Qual é mesmo o nome daquele tenente americano que você mencionou?"



"Ah, Stephen Decatur."



"Obrigada." Anotou a informação e apressou-se na direção do corredor.



"Professor?"



Lawson ergueu o olhar. Era o garoto do segundo ano da primeira fila. "Sim, Sr. Garner? Em que posso ajudá-lo?"



"Será que posso pedir um favor? Estou me candidatando a um estágio no Museu de História Natural e… bem, era útil ter uma carta de recomendação."



"Claro, sem problema. Mas seu curso não é de antropologia?"



"Sim. Mas achei que uma carta sua poderia ter um pouco mais de peso, sabe? E, bem..." O garoto olhou para os sapatos. "Esta é a minha aula favorita."



"Sua aula favorita até agora." Lawson sorriu. "Terei todo o prazer em fazer essa recomendação. Trarei para você amanhã. Ah, na verdade, eu tenho um compromisso importante hoje à noite a que não posso faltar. Que tal na sexta-feira?"



"Sem pressa. Sexta-feira está ótimo. Obrigado professor. Até mais!" Garner saiu na direção do corredor, deixando Lawson sozinho.



Ele olhou ao redor do auditório vazio. Essa era a sua hora favorita do dia, entre as aulas, a satisfação presente da anterior se misturava com a antecipação da próxima.



Seu telefone tocou. Era uma mensagem de texto de Maya. Em casa às 5:30?



Sim, Respondeu. Não perderia isso. O "compromisso importante" daquela noite era a noite de jogos na casa dos Lawson. Ele amava dedicar seu tempo extra às suas duas filhas.



Legal, Respondeu sua filha. Tenho novidades.



Que novidades?



Mais tarde foi a suaresposta. Ele franziu a testa perante a mensagem vaga. De repente, o dia começou a parecer muito longo.





*





Lawson arrumou sua bolsa, vestiu seu casaco de inverno e dirigiu-se para o estacionamento. O mês de fevereiro em Nova York era tipicamente frio e, ultimamente, estava ainda pior. A mais leve das brisas era absolutamente gélida. Ligou o carro e deixou o motor aquecer por alguns minutos, colocando as mãos sobre a boca e soprando a respiração quente sobre os dedos congelados. Este era seu segundo inverno em Nova York e não parecia que se estivesse a acostumar ao clima mais frio. Na Virgínia, ele considerara que cinco graus em fevereiro era frio. Pelo menos não está nevando, Pensou. Ainda bem.



O trajeto do campus de Columbia para casa era de apenas 11 quilômetros, mas o trânsito nessa hora do dia era intenso e, regra geral, quem fazia a viagem acabava por se irritar. Reid driblava isso com áudio livros, recentemente recomendados por sua filha mais velha. No momento, estava ouvindo O Nome da Rosa de Umberto Eco, embora naquele dia não se conseguisse concentrar na audição. Estava pensando na mensagem enigmática de Maya.



A casa dos Lawson era uma casa de tijolos castanhos de dois andares situada em Riverdale, no extremo norte do Bronx. Ele amava o bairro bucólico e suburbano, a proximidade da cidade e da universidade, as ruas sinuosas que se abriam em largas avenidas a sul. As garotas também adoravam e se Maya fosse aceita em Columbia, ou até mesmo na safety school da Universidade de Nova York, não teria que sair de casa.



Reid imediatamente soube que algo estava diferente quando entrou em casa. Ele podia sentir o cheiro no ar e ouviu vozes abafadas vindas da cozinha no final do corredor. Largou a bolsa e tirou silenciosamente seu casaco esportivo antes de sair sem fazer qualquer ruído do saguão.



"O que está acontecendo aqui?" Perguntou em forma de cumprimento.



"Oi, papai!" Sara, sua filha de quatorze anos, saltou na ponta dos pés enquanto observava Maya, sua irmã mais velha, realizar um ritual suspeito num prato de Pyrex. "Estamos fazendo o jantar!"



"Eu estou fazendo o jantar", Maya murmurou, sem olhar para cima. "Ela só observa."



Reid piscou os olhos surpreso. "OK. Tenho algumas perguntas." Olhou por cima do ombro de Maya enquanto ela passava algo brilhante e arroxeado em uma fileira de costeletas de porco. "A começar com... Hã?"



Maya continuava a não desviar o seu olhar de sua tarefa. "Não me olhe daquele jeito," Disse. "Já que vão manter a obrigatoriedade do curso de gestão do lar e da comunidade, darei utilidade a isso." Finalmente, ela olhou para o pai e sorriu timidamente. "E não fique mal-acostumado."



Reid levantou as mãos defensivamente. "De maneira nenhuma."



Maya tinha dezesseis anos e era perigosamente esperta. Herdara claramente o intelecto da mãe; estava no último ano letivo por ter pulado a oitava série. Tinha o cabelo escuro, um sorriso pensativo e uma tendência para dramatizar. Sara, por outro lado, tinha o aspeto físico de Kate. Quando entrou na adolescência, tornou-se doloroso para Reid olhar para o rosto dela, embora nunca o demonstrasse. Também tinha o temperamento explosivo de Kate. Na maioria das vezes, Sara era uma quertida, mas de vez em quando explodia, e as consequências tendiam a ser devastadoras.



Reid assistiu com espanto as meninas a colocarem a mesa e a servirem o jantar. "Isso parece incrível, Maya," Comentou.



"Ah, espere. Mais uma coisa." Ela pegou algo da geladeira - uma garrafa marrom. "A belga é a sua favorita, certo?"



Reid estreitou os olhos. "Como você…?"



"Não se preocupe, a tia Linda comprou ela para mim." Retirou a tampa e despejou a cerveja em um copo. "Isso. Agora podemos comer."



Reid ficou extremamente grato por ter a irmã de Kate, Linda, a poucos minutos de distância. Obter o cargo de professor associado e criar duas meninas adolescentes teria sido uma tarefa impossível sem ela. Isso fora uma das principais motivações para a mudança para Nova York, assim as garotas teriam uma influência feminina positiva por perto. (Embora tivesse que admitir que não gostou de saber que Linda comprara cerveja para a sua filha adolescente, mesmo sendo para ele beber.)



"Maya, que maravilha," Disse depois da primeira mordida.



"Obrigada. É um molho chipotle."



Ele limpou a boca, pousou o guardanapo na mesa e perguntou, "Ok, estou desconfiado. O que você fez?"



"O quê? Nada!" Ela insistiu.



"O que você quebrou?"



"Eu não quebrei nada..."



"Você foi suspensa?"



"Papai, então..."



Reid segurou melodramaticamente a mesa com as duas mãos. "Ah Deus, não me diga que você está grávida. Eu nem tenho uma espingarda."



Sara riu.



"Você pode parar?" Maya bufou. "Eu sei ser legal." Comeram em silêncio por um minuto antes de ela casualmente acrescentar, "Mas já que você falou nisso..."



"Hum. Lá vem."



Ela aclarou a garganta e disse, "Eu meio que tenho um encontro. No Dia dos Namorados."



Reid quase engasgou com a costeleta de porco.



Sara sorriu. "Eu te disse que ele agiria de um jeito estranho."



Ele se recuperou e levantou a mão. "Espere, espere. Eu não estou agindo de um jeito estranho. Eu só não pensei... Eu não sabia que você estava, ah... Você está namorando?"



"Não," Maya disse rapidamente. Então ela encolheu os ombros e olhou para o prato. "Talvez. Eu não sei ainda. Mas ele é um cara legal e quer me levar para jantar na cidade..."



"Na cidade," Repetiu Reid.



"Sim, papai, na cidade. E eu preciso de um vestido. É um lugar chique. Eu não tenho nada para vestir."



Houve muitas vezes em que Reid desejou desesperadamente que Kate estivesse ali, mas essa vez superou todas. Ele sempre presumiu que suas filhas namorariam em algum momento, mas esperava que não fosse antes dos vinte e cinco anos. Em momentos assim ele recorria ao seu acrônimo favorito para filhos, OQKD - O Que Kate Diria? Como artista, e uma pessoa de espírito decididamente livre, ela provavelmente conseguiria lidar com a situação de forma muito diferente, e ele tentava se lembrar disso.



Ele devia parecer particularmente perturbado, porque Maya riu um pouco e colocou a mão sobre a dele. "Você está bem, pai? É apenas um encontro. Nada vai acontecer. Não é nada de especial."



"Sim," Disse lentamente. "Você está certa. Claro que não é nada de especial. Podemos ver se a tia Linda pode levá-la ao shopping neste fim de semana e..."



"Eu quero que você me leve."



"Quer?"



Ela encolheu os ombros. "Quero dizer, eu não gostaria de usar algo que você não aprovasse."



Um vestido, um jantar no centro da cidade e um garoto... Isso era realmente diferente do que pensara ter que enfrentar.



"Tudo bem, então," Disse ele. "Vamos no sábado. Mas tenho uma condição - eu escolho o jogo de hoje à noite."



"Humm", Disse Maya. "Você é difícil. Deixe-me consultar a minha sócia." Maya virou-se para a irmã.



Sara assentiu. "Tudo bem. Desde que não seja Risk. "



Reid zombou. "Você não sabe do que está falando. Risk é o melhor."



Depois do jantar, Sara lavou os pratos enquanto Maya fez chocolate quente. Reid preparou um dos seus jogos favoritos, Ticket to Ride, um jogo clássico sobre a construção de rotas de trem em toda a América. Quando colocou as cartas e os vagões de trem de plástico, viu-se pensando quando as coisas se haviam alterado. Quando é que Maya crescera tão rapidamente? Nos últimos dois anos, desde que Kate falecera, ele tinha desempenhado ambos os papéis (com a valiosa ajuda da tia Linda). As duas ainda precisavam dele, ou pareciam precisar, mas não demoraria muito até que fossem para a faculdade, e depois seguiriam suas carreiras, e então...



"Papai?" Sara entrou na sala de jantar e sentou-se em frente a ele. Como se estivesse lendo sua mente, ela disse, "Não se esqueça, eu tenho um show de arte na escola na próxima quarta à noite. Você vai estar lá, certo?"



Ele sorriu. "Claro, querida. Não perderia isso." Bateu palmas. "Então! Quem está pronto para ser demolido - quero dizer, quem está pronto para jogar um amigável jogo familiar?"

 



"Pode começar, coroa," Maya anunciou da cozinha.



"Coroa?" Reid disse indignado. "Eu tenho trinta e oito anos!"



"Estou pronta." Riu Maya quando entrou na sala de jantar. "Ah, o jogo de trem." Seu sorriso se dissolveu em um sorriso ligeiro. "Este era o favorito da mamãe, não era?"



"Ah... sim." Reid franziu a testa. "Era."



"Eu sou o azul!" Sara anunciou, agarrando as peças.



"Laranja," Disse Maya. "Pai, que cor? Papai, ei?"



"Ah." Reid interrompeu seus pensamentos. "Desculpa. Verde."



Maya empurrou algumas peças para ele. Reid forçou um sorriso, embora seus pensamentos fossem tumultuosos.



*





Depois de dois jogos, ambos ganhos por Maya, as meninas foram para a cama e Reid se retirou para o escritório, uma pequena sala no primeiro andar, bem ao lado do saguão.



Riverdale não era uma área barata, mas era importante para Reid garantir que suas filhas crescessem em um ambiente seguro e feliz. Havia apenas dois quartos, então ele usava o pequeno quarto no primeiro andar como seu escritório. Todos os seus livros e objetos de coleção estavam concentrados em quase todos os centímetros disponíveis do pequeno quarto do primeiro andar. Com uma escrivaninha e uma poltrona de couro, apenas um pequeno pedaço de carpete gasto ainda era visível. Ele dormira muitas vezes naquela poltrona, depois de algumas noites tomando notas, preparando palestras e relendo biografias. Estava começando a lhe causar problemas na coluna. No entanto, para ser honesto, não era mais fácil dormir em sua própria cama. O local era diferente - ele e as meninas se mudaram para Nova York logo depois de Kate falecer - mas ele ainda tinha o colchão king-size e a cama que tinham sido deles, dele e de Kate.



Pensava que por aquela altura a dor de perder Kate já poderia ter diminuído, pelo menos um pouco. Às vezes acontecia, temporariamente, e então passava por seu restaurante favorito ou assistia um de seus filmes favoritos na TV e a dor voltava em força, tão poderosa como se tivesse acontecido ontem.



Se alguma das meninas sentia o mesmo, elas não falavam sobre isso. Na verdade, elas falavam sobre Kate abertamente, algo que Reid ainda não tinha conseguido fazer.



Havia uma foto dela em uma de suas estantes, tirada no casamento de uma amiga, uma década antes. Na maioria das noites, o quadro ficava invertido, ou ele passaria a noite toda olhando para ele.



Quão incrivelmente injusto o mundo poderia ser. Um dia, eles tinham tudo - um bom lar, filhas maravilhosas, ótimas carreiras. Moravam em McLean, Virginia; ele trabalhava como professor adjunto na próxima Universidade George Washington. Seu trabalho o fazia viajar muito, para seminários e cimeiras, e como palestrante convidado de história europeia viajava para escolas de todo o país. Kate estava no departamento de restaurações do Museu de Arte Americana Smithsonian. Suas filhas estavam fazendo seu percurso. A vida era perfeita.



Mas como Robert Frost disse, nada dura para sempre. Numa tarde de inverno, Kate desmaiou no trabalho - pelo menos foi o que seus colegas de trabalho pensaram quando ela de repente ficou mole e caiu da cadeira. Chamaram uma ambulância, mas já era tarde demais. O óbito foi declarado assim que chegou no hospital. Uma embolia, disseram. Um coágulo sanguíneo tinha ido para o cérebro e causado um acidente vascular cerebral isquêmico. Os médicos usam termos médicos pouco compreensíveis sempre que possível durante sua explicação, como se aquilo de alguma forma amenizasse o golpe.



O pior de tudo fora o fato de Reid estar fora quando aquilo aconteceu. Ele estava em um seminário de graduação em Houston, Texas, dando palestras sobre a Idade Média quando recebeu a ligação.



Foi assim que ele descobriu que sua esposa havia morrido. Um telefonema, do lado de fora de uma sala de conferências. Depois veio o voo de volta para casa, as tentativas de consolar suas filhas no meio de sua própria dor devastadora e a eventual mudança para Nova York.



Ele se levantou da cadeira e girou a foto. Não gostava de pensar sobre tudo isso, o fim e o resultado. Ele queria se lembrar dela assim, na foto, Kate no seu melhor. Fora o que escolhera recordar.



Havia algo mais, algo bem no limite de sua consciência, algum tipo de memória nebulosa tentando emergir enquanto ele olhava para a foto. Quase parecia déjà vu, mas não do momento presente. Era como se seu subconsciente estivesse tentando lembrar alguma coisa.



Uma batida repentina na porta o trouxe de volta à realidade. Reid hesitou, imaginando quem poderia ser. Era quase meia noite; as garotas estavam na cama há algumas horas. A batida forte surgiu novamente. Temendo que isso acordasse as crianças, ele se apressou em ir à porta. Afinal, ele morava em um bairro seguro e não tinha motivos para temer abrir a porta à meia-noite.



O vento rigoroso do inverno não foi o que o imobilizou. Olhou surpreso para os três homens à sua frente. Eles eram, com certeza, do Oriente Médio, todos de pele escura, com barba escura e olhos profundos, vestidos com grossas jaquetas pretas e botas. Os dois que se encontravam nos dois lados da porta eram altos e esguios; o terceiro, atrás deles, tinha ombros largos e era volumoso.



"Reid Lawson," Disse o homem alto à esquerda. "É você?" Seu sotaque parecia iraniano, mas não era denso, sugerindo que passara muito tempo nos Estados Unidos.



A garganta de Reid ficou seca quando notou que uma van cinza estava parada em frente à casa e com os faróis desligados. "Hum, me desculpe,"Disse. "Você deve ter-se enganado nacasa."



O homem alto à direita, sem tirar os olhos de Reid, levantou um celular para seus dois parceiros verem. O homem à esquerda, o que fizera a pergunta, acenou com a cabeça uma vez.



Sem avisar, o homem volumoso avançou, incrivelmente rápido tendo em conta o seu tamanho. Uma mão carnuda alcançou a garganta de Reid. Reid conseguiu escapar, vacilando para trás e quase tropeçando em seus próprios pés. Ele se recuperou, tocando com os dedos no chão de azulejo.



Quando deslizou para trás para recuperar o equilíbrio, os três homens entraram em sua casa. Ele entrou em pânico, pensando apenas nas meninas dormindo em suas camas no andar de cima. Reid se virou e correu até a cozinha. Olhou por cima do ombro - os homens começaram a perseguição. Celular, Pensou desesperadamente. Estava em sua escrivaninha no escritório e os caras bloqueavam o caminho.



Ele tinha que levá-los para longe da casa e para longe das meninas. À sua direita estava a porta do quintal. Abriu a porta e correu para o deck. Um dos homens xingou em uma língua estrangeira - árabe, imaginou - enquanto o perseguiam. Reid saltou sobre o corrimão do deck e pousou no pequeno quintal. Uma descarga de dor subiu pelo seu tornozelo por causa do impacto, mas ele a ignorou. Contornou um dos cantos da casa e se encostou na fachada de tijolos, tentando desesperadamente acalmar sua respiração irregular. O tijolo estava gelado e a leve brisa do inverno o atravessou asperamente. Os dedos dos pés já estavam dormentes - saira de casa apenas com as meias. Estava todo arrepiado.



Ele podia ouvir os homens sussurrando uns para os outros, com vozes roucas e apressadas. Contou as vozes distintas - uma, duas e depois três. Eles estavam fora da casa. Bom; isso significava que só estavam atrás dele e não das crianças. Reid precisava chegar até um telefone. Não podia voltar para casa e colocar em risco suas garotas. Também não podia bater na porta de um vizinho. E depois se lembrou - havia uma caixa amarela de chamadas de emergência montada em um poste de telefone no final do quarteirão. Se ele pudesse chegar lá...



Respirou fundo e correu pelo quintal escuro, atrevendo-se a entrar no halo de luz das lâmpadas da rua. Seu tornozelo latejava em sinal de protesto e o choque do frio provocou picadas em seus pés, mas ele se forçou a se mover o mais rápido que podia. Reid olhou por cima do ombro. Um dos homens altos o viu. Ele gritou para seus companheiros, mas não o perseguiu mais. Estranho, Reid pensou, mas não parou.



Alcançou a caixa amarela de chamadas de emergência, abriu-a e enfiou o polegar no botão vermelho que enviava um alerta para o grupo local do 911. Ele olhou por cima do ombro novamente. Não conseguia ver nenhum deles.



"Alô?" Susurrou no interfone. "Alguém pode me ouvir?" Onde estava a luz? Deve