Buch lesen: «Guerreiro Místico», Seite 3

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Capítulo Três

Jace gemeu quando as costas caíram sobre a laje. Não havia nada para amortecer seu corpo ou protegê-lo do mármore gelado. Ele estremeceu de frio e náusea. Quanto tempo levaria até ela voltar? Por falar nisso, quanto tempo havia se passado desde que ela havia saído? O tempo não significava nada para ele. Não sabia quantos dias, meses ou anos haviam se passado desde sua captura, e se esqueceu de tentar decifrar se era de dia ou de noite, inverno ou verão.

— Deusa, maldita cadela – rangeu ele.

Algemas de metal enferrujado envolviam seus pulsos e tornozelos, ligadas a correntes que o prendiam ao altar de mármore. No início, ele orava dia e noite para ser libertado da prisão, mas a esperança de qualquer resgate ou fuga desapareceu com o tempo.

A água pingava do teto até um buraco raso no solo. Pela deusa, ele estava com tanta sede, daria qualquer coisa para poder beber algo. Mas isso fazia parte de sua tortura. Negue-lhe tudo, e ofereça comida, água ou um banho em troca do que ela queria. Ele se recusava a lhe dar qualquer coisa. Não que ele pudesse lhe dar o que ela desejava. Não tinha o livro e não sabia onde estava.

Jace abriu os olhos e olhou ao redor, para as paredes de pedra ásperas. Sem janelas, sem quadros. Nada o rodeava, além de pedras sem fim. Ele mal conseguia se lembrar da cor do céu ou do cheiro do ar livre. Enquanto seu corpo estremecia, ele tentou conjurar um fogo na palma da mão. Recitou o feitiço repetidas vezes, como havia feito milhares de vezes antes, mas nada aconteceu. A coleira atenuante em volta do pescoço garantia que isso acontecesse.

Ele puxou as correntes de novo, querendo se libertar e arrancar a coleira, mas não conseguiu movê-las nem um pouco. Ela o havia tornado tão fraco quanto um humano. Cada centímetro enferrujado e mofado da prisão havia sido reforçado misticamente por um dos feitiços dela.

Seu corpo enrijeceu e a bile subiu pela garganta quando o incenso de sândalo atingiu suas narinas. Ela estava chegando. Seu pênis tentou rastejar para dentro do corpo para escapar das garras dela. Se pudesse, teria cortado a maldita coisa. A raiva que sentia por sua situação aumentou e ele lutou mais uma vez.

Odiava o que ela fazia com ele, e seu corpo odiava ainda mais. Ele afastou o desespero, o ódio e a repulsa. Mostrar-lhe qualquer emoção apenas alimentava os desejos dela e piorava as coisas. A porta rangeu quando a madeira pesada foi empurrada para o lado por um dos adoradores dela. Jace parou, preparando-se para o que viria a seguir.

Lady Angelica deslizou pela porta com seu vestido cor de esmeralda. Com um aceno de mão e uma palavra, ela acendeu as tochas que revestiam a cela. Ele poderia passar muito bem sem ter que ver as feições perfeitas dela. A pele cor de cacau brilhava com saúde e esplendor. Ela era realmente linda, com cabelos castanhos escuros caindo bem no meio das costas, mas ele nunca tinha visto nada mais asqueroso.

— Olá, querido. Tirou uma boa soneca? – sussurrou, bem próximo ao ouvido dele. Ela passou a língua pela concha da orelha dele, enquanto as unhas arranhavam o seu estômago, forçando-o a se afastar do toque dela.

Ele olhou desafiadoramente para os olhos negros como a noite, recusando-se a responder. A pupila branca sempre o enervava, antecipando a natureza maligna dela.

— Não? Bem, terei o prazer de lhe fornecer uma cama bonita e macia. – Ela fez uma pausa esperando um efeito que se encontrava perdido nele. – Diga-me onde posso encontrar o livro.

Era a mesma música e dança que vinham fazendo, só a Deusa sabia há quanto tempo. Mais uma vez, Jace utilizou sua única arma. Silêncio. Isso a deixava louca e ele gostava disso.

— Odeio machucá-lo, querido. Diga-me onde está o Grimório Místico. Nós governaremos juntos – murmurou ela, enquanto esfregava o braço dele.

Que droga, ela adorava machucá-lo. Na verdade, ele estava certo de que ela atingia o orgasmo sempre que começava a torturá-lo.

— Quantas vezes tenho que lhe dizer que não sei onde está – proferiu ele antes que pudesse se conter. Não imaginava para onde o livro havia sumido quando seu pai foi morto e, mesmo que imaginasse, nunca diria àquela desgraçada onde estava.

Sua família havia sido encarregada de manter e proteger o Grimório Místico enquanto o reino de Tehrex existisse. O livro continha todos os feitiços de magia e as profecias do reino, bem como informações sobre os feitiços de outras criaturas. Estava magicamente conectado à linha de sangue de sua família, mas o livro decidia quem poderia acessá-lo e quando.

Ele não era um dos que tinha acesso a ele. Não podia contar quantas vezes, durante a prisão ele precisou do livro, mas não foi atendido em seu chamado. Estava convencido de que estava amaldiçoado. Essa era a única explicação de por que o livro se recusava a ajudá-lo. Ele o queria mais do que ela, mas por razões diferentes. Havia feitiços contidos no livro que ele poderia usar para quebrar os encantamentos colocados nas amarras.

Lady Angelica o esbofeteou, deixando sulcos de suas unhas. O sangue pingou em seu cabelo, grudando nos anos de fuligem e sujeira.

— Agora veja o que você me obrigou a fazer. Coopere e terá uma refeição de verdade esta noite. Vai ajudá-lo a curar esse rosto lindo.

Jace cuspiu na cara dela.

— Vai se arrepender disso, escravo – gritou ela.

Seu arrependimento foi instantâneo quando as palavras em gaélico do feitiço saíram dos lábios dela e a bile subiu até sua garganta. Ele vomitou o pão mofado com o qual havia sido alimentado na noite anterior, enquanto sentia o membro se encher de sangue e enrijecer contra sua vontade. Orou à Deusa pelo fim daquele tormento.

— Não, Angelica, não faça isso. Não tenho ideia de onde está o livro. Ele não vai me atender. Juro – afirmou ele, odiando como estava fraco e indefeso. Odiava ainda mais estar implorando a uma vadia sem coração.

— Hmmm, assim é melhor – ronronou ela, alimentada pelo som de seu desespero e a visão de sua ereção crescente. Ele fechou os lábios, recusando-se a lhe proporcionar mais prazer.

Ele ficou imóvel enquanto ela corria os dedos sobre seus testículos. Qualquer movimento e ela afundaria as garras em sua carne.

— Traga-me o óleo – ordenou a um criado.

Passos arrastados ecoaram, seguidos por um líquido escaldante derramado sobre seu peito e abdômen. As mãos de Angelica brincaram com o óleo, espalhando-o em seu corpo dominado. Ele não conseguiu evitar o estremecimento quando a mão dela rodeou seu membro. Foi recompensado com unhas cravadas sobre sua ereção. Infelizmente, o feitiço dela o impedia de desinchar. Ela subiu no altar com ele, montando em seus quadris. Novamente, Jace tentou acessar seus poderes e neutralizar os feitiços. Nada.

— Você não pode me recusar. Vamos tornar isso interessante. – Ela estalou os dedos e uma bengala foi imediatamente colocada na palma da sua mão. Ela rastejou até o rosto dele e colocou o sexo sobre sua boca fechada. Esfregando-se sobre a linha de seus lábios, ela desceu a bengala em sua ereção. Jace gritou de dor e ela atingiu o clímax em seu rosto. Ela adorava causar-lhe dor e humilhação. Ele desistiu de orar à Deusa para salvá-lo daquele inferno. Nunca conseguiria escapar.

Jace se ergueu de um salto, confuso e encharcado de suor, o coração batendo forte. Era impossível afastar o medo e a ansiedade, então ele se preparou para lidar com o que Angelica o forçaria a seguir. Procurando se orientar, ele olhou ao redor do quarto e viu Cailyn dormindo, com espasmos, na cama ao lado dele.

Quando a lucidez lhe atingiu, percebeu que era apenas um sonho. Não estava de volta à câmara de tortura. Graças à Deusa. Seu alívio durou pouco, pois a náusea o dominou e ele correu para o banheiro.

Ele se curvou sobre o vaso sanitário e vomitou, esfregando a pulseira de prata que estava no pulso. A pulseira de Draiocht aliviou seus nervos e acalmou o estômago revolto.

Jace odiava os pesadelos. Em seiscentos anos, eles ainda não o haviam deixado e ele raramente tinha uma noite inteira de sono. Não foi o suficiente que seu cativeiro lhe roubasse a capacidade de ter intimidade com uma mulher. Lady Angelica havia tirado tudo dele e continuava tirando.

Mais do que tudo, Jace queria uma vida normal. O problema era que ele não fazia ideia de como assumir o controle e tornar isso realidade. Ela havia cravado as garras e deixado o veneno ali, e não importava o que acontecesse, ele não conseguia extirpá-lo de seu corpo. Ele deu a descarga e lavou as mãos e o rosto antes de voltar ao quarto para ver que Cailyn ainda dormia.

Ele bloqueou as imagens do pesadelo e se lembrou do motivo pelo qual estava em um quarto com a mulher que vinha ocupando suas fantasias por meses. Olhou para o relógio e viu que havia dormido por algumas horas. Todos haviam seguido para os seus quartos para descansar, logo depois de seu insucesso em curar Cailyn. O fracasso ainda lhe doía. Ela sofria porque ele caiu direto na armadilha da fada.

Afastando a culpa, ele mandou uma mensagem para Bhric para ter certeza de que Jessie estava protegida nas masmorras. A resposta do guerreiro foi instantânea: a mulher dormia pacificamente em uma cela. Trancar a amiga aborrecia Cailyn, mas eles não tinham escolha, com tantas incógnitas. Pelo menos Jessie ainda estava viva.

Jace inclinou a cabeça, ouvindo os outros guerreiros. A casa estava quieta àquela hora do dia, com todos dormindo. Jace havia usado sua posição como médico e insistido que fosse ele a ficar ao lado de Cailyn, enquanto Elsie podia ter seu descanso do dia.

Foi difícil arrancar Elsie do lado da irmã, mas sendo uma recente vampira, Elsie precisava descansar durante as primeiras horas da manhã. Mais uma vez verificando rapidamente a hora, Jace viu que tinha mais algum tempo para ficar sozinho com Cailyn.

Jace foi até a cama e sentou-se ao lado de Cailyn, que estava longe de ter paz em seu sono. Ele pressionou os dedos no pulso dela e notou que o ritmo ainda estava acelerado. Levantando as cobertas, viu que a tala e as ataduras estavam bem ajustadas em torno da perna quebrada. Os hematomas e o inchaço aumentavam acima da bandagem. Sua capacidade de cura não resultou em nada, a não ser desencadear o feitiço daquela maldita fada. Seu polegar percorreu o pulso dela; em seguida, um ruído fez com que ele olhasse para o rosto dela. Ela se mexeu e as pálpebras se abriram.

— Oi, linda – murmurou ele.

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* * *

— Ei – resmungou Cailyn, engolindo em seco, tentando molhar a garganta ressecada. Sentia-se muito mais velha do que seus vinte e nove anos. – Preciso de um pouco de água – gemeu, tentando se sentar e alcançar o copo na mesa de cabeceira. Jace já estava ali, ajudando assim que ela esticou o braço.

— Deixe-me pegar. Você não pode se mover muito. Aqui, vamos deixá-la mais confortável – falou, enquanto empilhava travesseiros sob as costas dela. O braço dele passou por suas costas e Cailyn se inclinou no calor do peito dele, inalando o perfume masculino. Ele tinha cheiro de uma tempestade, forte e potente.

Em vez de se encostar nos travesseiros, ela permaneceu aninhada ao lado dele. Ela o sentiu enrijecer antes de relaxar, então retirou o braço e pegou um copo d'água para ela. Ele colocou o copo nos lábios dela.

— Obrigada – sussurrou ela, entre goles.

— Não beba demais. Não quero que você passe mal. Como está se sentindo? – perguntou ele enquanto passava a mão pela cabeça e pelo braço dela. Ela gostava um pouco demais da sensação do toque dele.

— Sinto como se tivesse sido atingida por uma bola de demolição algumas dezenas de vezes. Posso tomar um pouco de ibuprofeno para essa dor de cabeça?

— Deixe-me examiná-la primeiro. Preciso ter certeza de que não causaria mais danos do que benefícios. Vou desenfaixar sua perna e isso vai doer, mas quero ter certeza de que está estável – respondeu ele, enquanto se inclinava para trás e pegava uma caneta-lanterna da mesa de cabeceira.

Ela imediatamente sentiu falta do calor dele. Estar perto dele parecia natural e certo, como se ela pertencesse àquele lugar. Aparentemente, a dor a deixara sentimental.

Ele mudou de posição para ficar totalmente de frente para ela. Uma luz brilhante cintilou em seus olhos, fazendo-a estremecer e fechá-los com força.

— Argh, isso dói como o inferno – reclamou ela enquanto sua cabeça explodia e estrelas piscavam por trás das pálpebras fechadas.

Ela entreabriu os olhos quando a luz diminuiu de intensidade e notou que as belas feições dele estavam contraídas pela concentração, enquanto ele começava a medir sua pressão arterial. Algo estava errado. Ela tentou usar a telepatia, mas doía muito.

— O que há de errado? – perguntou ela.

Ele fez uma pausa, mas não disse nada. Terminando de medir a pressão arterial, ele puxou as cobertas.

O instinto a fez agarrar o cobertor para cobrir as pernas nuas. Ela devia se lembrar de que ele era um médico e vira muitas mulheres nuas. Cailyn não vestia grande coisa, uma vez que estava apenas com uma camiseta e calcinha, mas ainda assim corou até a raiz dos cabelos.

Ele parou seus movimentos e no momento em que suas peles se tocaram, e ela sentiu a eletricidade ser enviada direto para seu abdômen. O calor aumentou e ela se esforçou para evitar que se espalhasse mais baixo. Cailyn olhou nos olhos cor de ametista e percebeu que eles brilhavam, púrpuros. Lembrou-se de Elsie dizendo que os olhos de Zander brilhavam quando ele ficava excitado.

Saber que Jace estava tão afetado quanto ela fez com que fosse mais fácil deixá-lo continuar e permitir que a examinasse. Ele levantou a camisa e sondou seu estômago. O toque dele parecia mais íntimo do que qualquer exame médico que ela já havia feito.

— Sem fazer as imagens, não posso dizer com certeza o que está acontecendo, mas algo não está certo. Como disse esta manhã, você teve uma pequena concussão junto com hematomas, e sua perna quebrada – disse ele. enquanto colocava a palma da mão quente em seu estômago.

Ele ficou com a mão assim por vários e longos minutos. Cailyn sentiu o calor aumentar e pensou que a mão dele estava tremendo. Quando ela abriu a boca para perguntar se ele estava bem, Jace a rolou para o lado, explorando a área logo abaixo de sua caixa torácica. Ela ouviu o suspiro pesado e olhou para trás para ver uma expressão furiosa no rosto dele.

— Não gosto dessa expressão. Diga-me em que está pensando.

— Como eu disse…

Ela cortou o que certamente seria mais uma das trivialidades dele. Não precisava dele para protegê-la naquele momento. Sabia que algo estava errado.

— Não esconda nada de mim. Tenho o direito de saber. Além disso, não sou tão frágil a ponto de quebrar – interrompeu Cailyn.

Ele ergueu a mão e segurou o rosto dela. Automaticamente, ela se virou para a palma da mão dele e a beijou. Havia perdido a cabeça? Pelo jeito, sim, porque não conseguia impedir suas reações àquele homem.

— Você é frágil, muito frágil. Seu ferimento na cabeça piorou, quando deveria melhorar. Não posso dizer com certeza, mas acho que você pode estar com hemorragia interna. Seu fígado está ligeiramente aumentado quando apalpado. Nada disso deveria estar acontecendo. Além da perna quebrada, seus ferimentos no acidente não foram tão graves. Acredito que seja o feitiço e não faço a menor ideia de como quebrá-lo. E o que é pior, não conheço ninguém que possa ajudar – explicou Jace, e ela viu a frustração dele quando o vinco se aprofundou em sua testa.

Ela estendeu a mão e acariciou as linhas, ignorando o próprio medo. Queria tranquilizá-lo e não sabia o motivo. Era ela quem estava sob algum feitiço nefasto.

— Mas isso não significa que não haja uma maneira. Zander disse que iria ver a rainha das fadas. Com certeza ela vai ajudar, certo? – perguntou Cailyn.

Ele fechou os olhos e se inclinou ao toque dela. A esperança se instalou nela, afirmando-lhe que talvez ele gostasse dela.

— A rainha não é tipicamente sentimental ou prestativa, a menos que beneficie seu povo. Entregar segredos das fadas vai totalmente contra os princípios deles. Pedir-lhe ajuda é um tiro no escuro, mas é nossa única opção – disse Jace, rangendo os dentes, e ela detectou amargura na voz dele.

O estômago dela se apertou com o tom dele. Estava em desacordo com o que ela vira dele até então. Isso a fez se perguntar sobre a história dele com as fadas. Ela tentou estender a mão e agarrar a dele, mas estava tão fraca que a mão caiu desajeitadamente sobre o braço dele. Estava piorando.

— Devo dizer, não me sinto otimista quanto às minhas chances aqui. E o que você mencionou esta manhã? Alguma coisa mística sombria? Você disse que gostaria que aparecesse. Poderia ajudar? – perguntou Cailyn, com voz fraca pelo esforço.

— O Grimório Místico – respondeu ele, entrelaçando os dedos nos dela.

Ela não achou que ele estivesse ciente do que estava fazendo, mas seu coração deu um salto. Tocá-lo aliviava a dor e colocava o seu coração em um ritmo mais regular. Era assustador e confuso o quanto ele a afetava.

— Grimório. É como um livro de magia ou algo assim, certo? Se ele tiver as respostas, vá buscá-lo. Ou Zander pode pegá-lo, basta lhe dizer onde está – sugeriu Cailyn.

— Isso é impossível, Cai.

Ela estremeceu ao ouvi-lo dizer seu nome assim. Apenas Elsie e Jessie a chamavam desse jeito. Ele o mencionou como quem profere uma bênção e o corpo dela reagiu. Cailyn se contraiu pelo desejo ardente entre as pernas.

— Ele desapareceu há mais de setecentos anos e nunca mais foi visto desde então. Não há como recuperá-lo.

— Como um livro desaparece? – gracejou ela, pensando que a ideia era absurda.

Jace parecia um milhão de milhas de distância, perdido em pensamentos. Distraidamente, ele estendeu a mão, torcendo uma mecha do cabelo dela em torno do dedo.

— É uma longa história. Você precisa entender mais sobre as criaturas da Deusa que compõem o reino de Tehrex. Os feiticeiros fazem parte de uma dessas raças. Usamos magia, como sabe. Bem, meu pai, chefe da família Miakoda, ocupou o cargo de Mestre da Guilda por milênios, até a Grande Guerra, que matou minha mãe e ele. Depois disso, meu primo, Evzen, foi nomeado para a posição de Mestre da Guilda para os feiticeiros, na minha ausência – disse ele, e então fez uma pausa, engolindo em seco.

Suas belas feições se contorceram de dor e ele segurou o cabelo dela com mais força. A ação enviou uma pontada de dor para a cabeça de Cailyn, mas ela sufocou o estremecimento, sentindo que ele precisava do contato.

De repente, ele percebeu o quão forte estava segurando o cabelo dela e afrouxou a mão, mas não a soltou.

— O Grimório desapareceu muitos anos antes da guerra. A Deusa dotou de poderes mágicos o livro encadernado em couro, e ele aparece e desaparece por conta própria. Meu pai sempre me disse que era a maneira de o livro proteger seu conteúdo. Está ligado à minha linhagem e só aparecerá para mim ou para Evzen, uma vez que somos tudo o que resta da minha linhagem. De qualquer forma, o livro não apenas contém feitiços e encantamentos, mas também profecias de oráculos do reino, bem como maneiras de neutralizar vários tipos de magia – explicou Jace.

Cailyn tentou se aproximar do corpo dele, precisando de mais calor. Estava ficando mais fria. Ele percebeu e aproximou mais o corpo do dela. Ela suspirou de contentamento e se concentrou no que ele lhe disse.

— É tudo tão bizarro – refletiu ela. – Posso entender por que você quer o livro. Chame-o de novo e continue chamando por ele. Até que ele responda, precisamos encontrar uma maneira de convencer a rainha das fadas a nos ajudar – pediu ela.

Encontrar a resposta não seria fácil, mas ela se recusava a desistir. E não ia deixar Jace desistir também.

Capítulo Quatro

Cailyn sobressaltou-se quando Zander e Elsie entraram no quarto. Com o susto, Jace caiu da cama, afastando-se às pressas. A reação quase arrancou um punhado do cabelo de Cailyn, o que doeu como o inferno, mas ela logo sentiu falta do contato. Droga, queria rastejar até o colo dele e ficar ali para sempre.

Cailyn desconfiava que Jace não demonstrava para os outros a vulnerabilidade que lhe mostrava. Ela via claramente a criança indefesa, perdida, quando os pais foram mortos. A intimidade daquele momento os conectava, mesmo que ela sentisse que ele lutava a cada passo.

Zander os olhou com uma questionadora sobrancelha levantada. Cailyn se virou para a irmã e balançou levemente a cabeça. Zander percebeu a comunicação silenciosa e deixou passar.

— Estou pronto para visitar Elvis e questionar Zanahia sobre o feitiço em Cailyn. Quero que venha comigo, Jace. Ou Gerrick. Preciso de alguém que conheça magia – instruiu Zander.

— Eu irei – disse Jace, ao mesmo tempo em que Elsie perguntava:

— Quem é Elvis?

A pergunta de Elsie trouxe imagens do famoso astro do rock à mente de Cailyn, com seu terno de poliéster esmaltado. Ele poderia ser um sobrenatural e ainda estar vivo? Ela riu quando imaginou os lábios curvados do cantor com presas salientes.

— É um ogro sob a ponte Fremont. Controla um dos portais para o Reino das Fadas – respondeu Zander.

Tudo bem, nada do que Cailyn esperava. Em casa, ela possuía uma foto dela e de Elsie ao lado do ogro durante sua primeira visita a Seattle. Era difícil imaginar que a grande escultura de concreto fosse uma parte viva daquele reino. As coisas estavam ficando cada vez mais estranhas.

— Você quer me dizer que a estátua enorme é um ogro de verdade e protege um portal? Já disse isso antes: você realmente precisa de um manual explicando o seu mundo. Poderia usar um lugar-comum e chamá-lo de “Reino Tehrex para Leigos” – brincou a irmã, dando tapinhas no peito de Zander.

— Sim, é Elvis. E coloquei Gerrick nessa tarefa, companheira. Você deve ter o livro em cerca de uma década. – Zander se inclinou e beijou Elsie com um sorriso indulgente no rosto.

— Vocês começaram de novo? Destravem esses lábios, temos uma crise para lidar – deixou escapar Orlando, enquanto entrava na sala, seguido por cerca de metade dos guerreiros.

Cailyn percebeu a ansiedade no tom de Orlando e soube que ele não havia superado seus sentimentos pela irmã. O guerreiro era discreto e respeitava o relacionamento de Zander, mas o shifter felino não conseguiu esconder os sentimentos da telepatia de Cailyn. Era uma mensagem confusa, mas ela entendeu a essência da paixão dele por Elsie.

Cailyn olhou para os homens na sala e, de repente, se sentiu muito nua sob as cobertas. Como se estivesse lendo sua mente, Jace se inclinou, puxou o cobertor até o pescoço dela, alisando-o, a mão se demorando sobre sua coxa.

— Mais tarde, companheira – sussurrou Zander para Elsie com expressão sonhadora e apaixonada antes de se virar para o grupo. – Orlando está certo. Precisamos descobrir a cura para sua irmã. Enquanto Jace e eu estivermos fora, quero que todos vocês, exceto Bhric, saiam em patrulha, mantendo os ouvidos abertos para qualquer conversa sobre o acidente. Se tivermos sorte, uma das escaramuças se gabará das intenções de Kadir. Bhric, permaneça por aqui e fique de olho em Jessie – ordenou Zander.

— Sem problemas, brathair, mas Kyran não está aqui agora – disse Bhric, encostando-se na parede.

Não era necessariamente algo ruim que o outro Príncipe Vampiro tivesse partido. Seu comportamento mordaz assustava Cailyn.

— Onde diabos ele está? – Era impossível não notar a raiva no tom de Zander.

— Onde mais? No Bite – respondeu Bhric.

— Ora! Vou castrá-lo quando ele voltar. Nunca está aqui quando preciso dele – rosnou Zander. – Vão patrulhar seus setores, agora. – O quarto imediatamente se esvaziou com a ordem de Zander.

Elsie se virou nos braços de Zander e Cailyn pode ver que seu sorriso era forçado.

— Quer ligar para John, enquanto os caras estão fora? Tenho certeza de que seu noivo está preocupado com você.

O coração de Cailyn se contraiu ao pensar em John. Sentia-se culpada por não ter contado à irmã que havia rompido o noivado. Não quis arruinar a cerimônia de acasalamento da irmã e manteve segredo sobre a notícia. Agora não era a hora de lhe contar também. Cailyn não desejava lidar com o aborrecimento de Elsie até que estivesse se sentindo melhor.

Ela desviou o olhar da irmã, voltando-o para Jace. Notou como ele congelou ao lado dela, e os poucos no quarto o observavam. A tensão entre os dois poderia ser cortada com uma faca, e Cailyn não tinha dúvidas de que os demais sentiam a atração que um desenvolvia pelo outro.

— Hmmm, não tenho certeza se estou pronta para conversar com ele ainda – respondeu Cailyn.

Além de não querer contar à irmã, ela não queria ter que explicar na frente de todos, especialmente de Jace, por que havia terminado o noivado. Ela mesma não entendia totalmente os motivos. O que sabia era que, desde o momento em que Jace entrou no apartamento da irmã meses antes, algo dentro dela fez sua atenção se voltar para ele, prendendo-a, como um míssil teleguiado.

O corpo sexy dele a cativou e a levou a ter fantasias com um homem diferente de seu noivo. Era algo que nunca havia vivido e foi o que acabou levando-a a romper o noivado.

Cailyn encontrou o olhar de Elsie e viu descrença e confusão, fazendo sua culpa aumentar.

— Você tem razão. Eu deveria ligar para ele – admitiu.

Cailyn não estava ansiosa pela conversa. A última vez que havia falado com John, ela o rejeitara de novo e não queria piorar a ferida ainda mais.

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* * *

A virilha de Kyran se retesou quando ele colocou um grampo de metal no mamilo da mulher. A bela ninfa mordeu a tira de couro que mantinha na boca e choramingou. Ele amava o medo e a excitação nos olhos azul-prateados dela.

E odiava como o gemido dela alimentava seus desejos pervertidos.

Perdido na luxúria, apertou o outro mamilo e deu um passo para trás para admirar a imagem diante dele. As botas pretas de cano alto dela brilhavam enquanto ele examinava seu corpo, da cabeça aos pés.

Enquanto seu olhar subia pelo corpo dela, ele notou sangue escorrendo de um dos seios. Era a razão pela qual ele usava grampos de metal em vez de plástico. Dor e prazer. A visão do sangue enrijeceu ainda mais o seu membro. Ele se inclinou e lambeu o sangue da pele úmida, sentindo o gosto de sal misturado com cobre. Gemeu quando a pré-ejaculação vazou de seu pênis.

O sangue dela o remeteu ao limite do controle. Rudemente, ele agarrou-lhe as mãos e puxou-a para um banco. Ela tropeçou e caiu sobre a madeira, de bruços. Posição perfeita. Ele prendeu os pulsos dela nas algemas de couro sob o banco. A parte superior do corpo dela estava imóvel e seu delicioso traseiro, no alto. De novo, perfeito. Ele passou a mão pelas esferas brilhantes e bateu em uma delas. Ela gemeu, mas não foi o suficiente. Ele precisava de mais força do que sua mão permitia e Kyran virou-se para ver as opções.

Pulando a enorme cama de dossel, ele pensou em prendê-la ao X de madeira ou colocá-la no balanço pendurado no teto, mas decidiu que já se encontrava no limite. Estava sobre o fio da navalha e precisava fazer sua seleção antes de perder ainda mais controle. Ao longo da parede oposta havia uma variedade de chicotes. Ele caminhou rapidamente pelo quarto, as botas com bico de aço ecoando no chão de cimento. Percorreu os dedos pelas várias bengalas de madeira. Ele as pulou e decidiu que o chicote de nove pontas se encaixaria em seu humor atual.

Com a arma na mão, caminhou de volta para a mulher que esperava. Assim que ela estava dentro do seu alcance, sua mão arqueou para trás e as cordas bateram nas costas dela, provocando-lhe um profundo gemido, assim como um dele. Ele nem mesmo havia ordenado que sua mão atacasse. Estava mais tenso do que havia percebido.

Ele se abaixou e passou a mão nos pelos entre as pernas dela e encontrou a pele feminina molhada. Afrouxou a tensão nas tiras de couro e a virou. Bateu com o couro nos seios dela, apreciando os vergões vermelhos que imediatamente se formaram. Voltando para a cômoda, ele passou pelos brinquedos e outros apetrechos para pegar uma vela preta ali em cima.

A riscada de um fósforo a fez arregalar os olhos. Ela sabia o que estava por vir e ansiava por isso. Ele se aproximou dela e acariciou os seios inchados e vermelhos enquanto pingava cera negra em seu clitóris. Ela arqueou, em um movimento para trás e gritou.

Ele afastou a tira de couro de sua boca e abaixou-se para sussurrar em seu ouvido:

— O que foi?

— Mais, me chicoteie mais. Por favor, senhor – choramingou.

Ele se levantou e sorriu. Foi por isso que havia ido até aquele clube abandonado pela Deusa. O chicote atacou a carne dela repetidas vezes, ampliando sua excitação. Suas calças de couro já estavam na altura dos joelhos e o membro nas mãos antes mesmo que ele piscasse. Ele o estimulou com movimentos rápidos e, em seguida, a virou de costas. O traseiro dela era tão macio e carnudo… O chicote atingiu as esferas aveludadas, tornando-as vermelhas de um modo muito atraente. Ele empurrou o pênis para dentro do traseiro dela e parou.

Agarrando um punhado de cabelo, ele puxou a cabeça dela em sua direção e resmungou em seu ouvido:

— Diga-me, vadia. Diga-me agora.

— Hmmm… – gemeu ela de prazer, e ele sentiu o orgasmo dela começar. Ele puxou o cabelo dela mais uma vez e agarrou-o com força quando a raiva o percorreu. Ela deixou escapar: – Por favor, não me mate…

Ouvir essas palavras foi a deixa e ele entrou em um insensato e brutal ritmo punitivo de sexo, buscando um breve alívio das vozes que ecoavam de seu passado.

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* * *

— Isso pode ser a coisa mais desagradável que já vi. Acho que minhas retinas estão queimando – comentou Jace, enquanto ele e Zander seguiam pela North 36th Street, em direção à casa de Elvis sob a ponte Fremont.

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